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Repúdio ao racismo - De novo, as Cotas!

Então... Sou negro (não interessa se me minha pele é parda, tenho sangue negro como quase todo mundo no país!), ou pelo menos poderia dizer que sou sem infringir a lei! Sou pobre e sempre estudei em escola pública, bem como minhas filhas, e venci cinco vestibulares. Levanto oficialmente às 4h30 da manhã (às vezes nem durmo), desde que comecei a trabalhar com oito anos (meus pais sempre foram da filosofia de que quanto mais cedo se inicia a vida laboral, menos vadios nos tornamos). Não tive tempo para brinquedos e folguedos justamente devido a condição financeira de meus pais. Na realidade, considero um bem que meus pais me fizeram, pois assim, aprendi a me virar muito cedo.

Não sou beneficiado pela política de cotas e, tampouco minhas filhas que são mais claras do que eu. De qualquer forma, jamais admitiria sê-lo. Minha mãe é branca de origem, tal como meu pai, como se fosse possível permanecer branco com o Sol assando sua carne durante o duro trabalho nas roças. Trabalho de escravo? Era o que sobrava para quem não possuía instrução! Tive uma avó paterna mulata, neta de uma índia capturada e "domesticada"... Tive um avô materno negro, filho de um colono branco. Tenho, ainda, um avô paterno ruivo dos olhos azuis, mas é baiano autêntico, sem nenhum traço próximo da Europa! Tenho uma avó paraibana morena, sabe-se Deus de qual origem (ela não lembra!). Sou o quê??

O pessoal que organizou o vídeo acima foi infeliz. Primeiro porque não representa (Graças a Deus!) a opinião da maioria dos que se denominam negros com orgulho. Segundo porque multiplica uma visão ignorante de que no Brasil só negros passam por situações vexaminosas e constrangedoras no mercado de trabalho e de que eles deteriam o monopólio da pobreza e da obrigação de levantar cedo, utilizar transporte público ruim, ter escolas horríveis, empregos muito próximos do escravagismo e discriminação em várias situações tais como: abordagem policial, preconceito ao aderir a um crediário em uma loja, humilhação durante um pedido de empréstimo e por ai vai...

Em terceiro e, agora sim, muito perigoso, porque é extremamente racista! Pretendem, os produtores do vídeo, separar "eles" dos outros, como se todos que não se beneficiam das cotas sejam filhinhos de papai ou consumidores compulsivos de caviar (ignorando que uma minoria muito insignificante tem essas características em nosso país). Esse é o meu pânico! A confusão que se abriu com a aprovação das políticas de cotas em nosso país cria, na cabeça de alguns, um paradigma perigoso que abre as portas para um racismo institucionalizado. Hoje, a cor "errada" é o branco! Muita coisa deve ser refletida em nossa sociedade, inclusive que a compensação histórica, se fosse legítima, se daria aos que foram injustiçados e esses já não estão entre nós. Para os atuais que ainda sentem o peso da discriminação (eu nunca neguei que ela existisse), existe a constituição e os tribunais, coisa que faltou aos nossos antepassados.

Para encerrar, por acaso teremos de entender por igualdade a atribuição de privilégios? E os negros ricos de nossa nação? Terão de abrir mão de suas conquistas verdadeiras para privilegiar os brancos que vierem a se sentir lesados por essa política "compensatória"? Se ainda existe injustiça racial no Brasil, a culpa não é de quem possui a pele branca, é de quem elegemos como representantes populares. A intenção do vídeo é claramente o estímulo ao ódio racial, portanto, creio eu, inverso a mensagem que, talvez, o grupo desejava divulgar.


Temos de ficar atentos para não fazer da lei uma causa separatista, racista e discriminatória e daí parar de produzir respostas e mensagens com cunho provocativo como o vídeo acima. Mais uma vez recomendo os 58 segundos de Morgan Freeman e a entrevista de Ayn Rand. Ainda não conseguiram provar se a cor do cérebro influencia no desempenho intelectual de cada um.

Um comentário:

  1. Meu Deus ainda existe vida inteligente no planeta, parabéns pela postura................

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