Bolsa Família: Programa contra a miséria ou de compra de votos?
Ou seja, quando o governo tucano criou os tais programas que mais tarde seriam um só, eu já não simpatizava com eles por uma razão muito simples: era só uma forma de um governo incapaz de solucionar o problema da má distribuição de renda empurrar com a barriga até as calendas os mecanismos reais de solução, ou seja, o desenvolvimento das regiões mais pobres. Claro! É muito mais barato distribuir dinheiro dos contribuintes do que aplicá-lo em infraestrutura e desenvolvimento tecnológico. Quem vai confirmar o que eu digo são os próprios moradores das regiões mais beneficiadas, mas calma! Ao final vocês verão por si mesmos. Primeiro, alguns fatos!
Fato 01: A maioria dos beneficiários do Bolsa Família passam menos tempo no emprego e, quando o perdem, levam mais tempo para encontrar nova vaga com carteira assinada. Esta constatação apareceu em pesquisa encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Fica claro que muitos vão resistir a busca por uma saída do programa abrindo mão dos benefícios mensais. "A inserção dos beneficiários do Bolsa Família no mercado formal, quando existe, é bastante precária. Menos de um ano depois da contratação, metade dos beneficiários é desligada, 30% perderão seus empregos em menos de seis meses. Fora do mercado de trabalho, menos de 25% são recontratados nos quatro anos seguintes", resume estudo de Alexandre Leichsenring, doutor em estatística e consultor do Ministério do Desenvolvimento Social. A pesquisa foi realizada durante quatro anos, de 2003 a 2007, nos registros de emprego do Ministério do Trabalho.
Fato 02: O programa difere de outros similares porque suas regras não estabelecem prazo máximo de acesso aos pagamentos. Atualmente, mais de um entre cinco brasileiros estão alistados como beneficiários do Bolsa Família. O governo gasta, por ano, mais de R$ 24 bilhões com o programa e o número de beneficiários só aumenta ano a ano. O que me parece contraditório, já que deveria servir para reduzir a pobreza, não para aumentá-la!
Fato 03: O governo administra mal o programa, não porque não tenha capacidade, mas porque o mesmo serve a intenções eleitoreiras. Recentemente, o episódio da "corrida pela esmola" deflagrado no nordeste do país, (leia aqui), mostrou que um erro ocorrido na Caixa Econômica Federal pode causar o caos. O banco antecipou a disponibilidade de rendimentos sem prévio aviso, alguém descobriu, a coisa começou a correr de boca em boca, de celular em celular e nas redes sociais (não se fazem mais pobres como antigamente!). Independente das acusações de que o infausto evento teria sido movido por conspiração dos oposicionistas, algo parecido já havia acontecido antes das eleições de 2010 e na mesma região! Naquele ano, mais R$ 11 milhões foram transferidos de forma errada para 82.595 famílias devido a um erro da CEF. Mais do que o boato do fim do Bolsa Família, o que originou a "corrida" foi a informação de que havia um bônus a mais na CEF. O que desencadeou mais "corredores" porque constatou-se que havia mesmo! Mais uma coisa! A "corrida" se deu por conta da informação de que havia mais dinheiro disponível, a encrenca do boato de que o Bolsa Família iria acabar veio no meio do tumulto!
Fato 05: Um outro vídeo, também curto, é muito mais esclarecedor! A senhora abaixo afirma que, “só ganha R$ 134 há oito anos”, o que, segundo ela, não dá nem comprar uma calça para a filha, “uma jovem de R$ 16 anos”, porque, afinal, uma calça para essa faixa etária custaria R$ 300,00! Vejam o vídeo:
Fato 07: Querem ver como o problema não é o programa e sim a gestão do governo? E os investimentos naquela região que é mais afetada, o Nordeste? O que aconteceu com as promessas de soluções para os problemas da seca? (Leiam aqui!). Com dois anos e meio de atraso, as obras da Ferrovia Transnordestina, uma das grandes promessas do governo Lula, ainda não estão nem na metade, mas o orçamento, que começou com R$ 4,5 bilhões, em 2007, não para de crescer e acaba de ser revisto para R$ 7,5 bilhões. Embora seja uma obra privada, a Transnordestina nasceu como um projeto para ser executado pelo governo federal na gestão de FHC. Sem verbas e enrolada na burocracia, a obra nunca saiu do papel e foi repassada como uma missão à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch. A estrada de ferro, iniciada no governo de FHC, terá 1.728 km e passará por 80 cidades do Piauí, Ceará e Pernambuco. Deve escoar a produção das novas fronteiras agrícolas da região e incentivar investimentos no semiárido (como exploração de ferro e gesso), via portos de Pecém (CE) e Suape (PE). A mesma coisa acontece com a usina de Belo Monte, cujo investimento começou com R$ 16 bi já está em R$ 30 bilhões.
Fato 08: Estamos muito bem na "fita"! O governo brasileiro vai cancelar ou renegociar cerca de US$ 900 milhões em dívidas de países africanos. São quase R$ 2 bilhões! Dava pra abastecer muito "pobre" com o Bolsa Família. Quem disse que teríamos bons negócios na África mesmo? Ah, mas as transações econômicas entre Brasil e África quintuplicaram na última década, chegando a mais de 26 bilhões no ano passado. Deve dar muito lucro mesmo, para se perdoar tanta grana! Mas não para por aí... A crise do governo argentino legou ao Brasil o seu custo. A Argentina está impondo perdas significativas ao nosso país por conta do seu problema econômico particular. Cristina Kirshner, a desvairada, instituiu um bloqueio aos produtos vindos do Brasil, o que levou a uma drástica redução do saldo comercial no ano passado (US$ 1,5 bilhão). Caiu 73% em relação a 2011. As consequências desse processo são relevantes porque a Argentina é o destino de 80% das exportações de bens de capital fabricados no Brasil. Essas vendas têm declinado nos últimos cinco anos, com perdas estimadas em US$ 3 bilhões anuais. Quem insiste nessa parceria mesmo?
Ah! Mas qual é a ligação dos dois últimos fatos com a crítica ao programa Bolsa Família? Como podem ver, é o governo que não sabe como gerir, planeja mal e executa pior ainda! Como poderá, o governo, abandonar sua principal bandeira que serve para garantir a reeleição, ou a sucessão, se não consegue realizar coisas que são fundamentais para o desenvolvimento do país e sua consequente amortização da miséria? Mas... Agora sim, por último e mais relevante fator, assistam, se puderem, a esse vídeo produzido pelo músico Zé Renato Rodrigues e mais dois jornalistas, Marivaldo Jardim e Paula Garcia, analisando os efeitos colaterais do Bolsa Família nos sertões da Bahia.
Muito bom o post, parabens!!
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