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Recriação da Secretaria de Cultura em Birigui precisa de uma análise mais profunda! Solo fértil para oportunistas!

Dra. Osterlaine Henrique Alves - Fonte: Jornal de Birigui
Dra. Osterlaine Henrique Alves - Foto: Jornal de Birigui
Sei que para muitas pessoas um antagonista é um inimigo que deve ser odiado. Não é assim que vejo e também alguns (pouquíssimos), amigos que ainda tenho. Somos contraditórios na maneira de pensar, às vezes, mas não somos inimigos! Na última sexta-feira estive conversando com meu "amigo comunista" sobre um assunto que me interessa muito: a recriação da Secretaria de Cultura em Birigui! Tanto me interessa que foi a principal razão de eu ter entrado de cabeça durante a campanha de eleição para prefeito em 2012. Foi uma bandeira que eu defendi o tempo todo. Quando o executivo municipal, na figura do prefeito Pedro Bernabé, enviou o projeto para ser votado na Câmara Municipal, considerei-o uma vitória particular. Mas... algo não me consola!

A discussão começou com a proposta de um substitutivo apresentado pela vereadora Dra. Osterlaine Henrique Alves (PMDB), que sugere, além da aprovação da recriação da Secretaria de Cultura, a inclusão do Fundo Municipal de Cultura e o Conselho Municipal de Cultura (com caráter deliberativo), afim de formar um Sistema Municipal de Cultura que tornasse possível a captação de verbas oficiais do Estado e da União para garantir maior dignidade ao produtor e agente cultural. O objetivo do fundo seria a fomentação do desenvolvimento artístico local porque atualmente a verba para isso é nula. É claro que a proposta da Dra. Osterlaine é justíssima, mas, sem que seja essa a sua intenção, carrega uma sementinha do mal.

Tá legal! Eu confesso, sou um ogro difícil de agradar! O projeto da vereadora Dra. Osterlaine tem minha total atenção e apoio, mas acho que a coisa precisa de um olhar mais crítico. Não há dúvidas de que financiar a cultura e a arte é um bom negócio que movimenta todas as outras áreas do município, principalmente a hotelaria e a gastronomia locais. Mas, existe um questionamento quanto ao número excessivo de cargos gerados pela criação desse sistema todo. Durante o último Fórum Municipal de Cultura realizado na sede da ACB (Associação Cultural de Birigui), nesta semana, estes assuntos foram debatidos por vários representantes da cultura na cidade. Acho que a maior preocupação seria com a loteamento desses cargos gerados. Prática corrente em todos os orifícios gerados em uma administração pública.

Me desculpem! Mas não sou otimista quando o trem envolve a criação de muitos cargos. Claro que as carências na promoção da cultura em Birigui são uma piada desde os tempos da saudosa Terezinha Lot Zin, mas a verba gerenciada por uma secretaria de cultura é imensa e a capacidade para geri-la (entre a maioria dos artistas) é precária. Não vejo porque criar cargos para núcleos de intermediação entre os artistas separando-os em classes. Basta que exista um núcleo que esteja aberto ao diálogo para suas variadas demandas. Também não vejo porque remunerar possíveis interessados no processo para criar a referida ponte entre os artistas e o poder público (se são mesmo interessados). Em Birigui tem muita gente habilitada a fazer parte da tal secretaria, mas sem nenhuma afinidade com a produção cultural em si. Calma que eu dou massa aos meus pensamentos!

Por exemplo! Nesta cidade existem centenas de artesãos; não vi ninguém promover uma feira de artesanato decente que envolvesse todos os interessados. Existem boas companhias de teatro; vi uma puta de uma iniciativa dessa galera em 2004 (se não me falha a memória). Iniciativa esta que obrigou a cidade a ter um teatro público (mesmo que seja o do Sesi). Existem excelentes músicos de uma qualidade superior a muitos espalhados pelo país; não vejo um festival de música na cidade desde 1994 (outra vez, se não me falha a memória!). Existem artistas visuais (até um curso superior neste sentido) na cidade que nunca foram representados com a devida reverência. Existem poetas e escritores diversos que nunca tiveram a oportunidade de participar de um certame ou concurso literário local; o que é um absurdo, pois nossa vizinha, Araçatuba, tem os dois todos os anos. Enfim, poderia preencher uns quatro artigos só me referindo ao que existe de cultura na cidade e o que não existe de realizações promotoras dessa cultura, mas agora vem o "pulo do gato"!

A maioria dos artistas (em geral), não são muito engajados na causa própria. Se o fossem, não seriam artistas, seriam políticos! E tem muita gente oportunista aguardando na linha para (em nome deles), se autopromover e levar uns cobres facilmente. Não tenham dúvidas de que sou um guerreiro à postos para lutar pela secretaria de cultura nesta cidade, mas não quero ver sua criação se transformando na arte circense (a dos mágicos), de sumir com os recursos sem dar a devida reverência aos nossos artistas locais. Eu mesmo tenho um projeto cultural que para uma exposição da cidade em patamar nacional que abraçaria a maioria das atividades culturais desta cidade sem depender (se for o caso) de verbas públicas. Este projeto está na gaveta já tem dois anos. Não sai de lá por uma razão não muito nobre: colecionei adversários demais na cidade e nas minhas mãos o projeto não iria adiante. Por outro lado, não confio nas pessoas que acreditam que um projeto dessa envergadura só poderia acontecer se o estado o abençoasse com seu derrame de verbas.

Tá na hora de as pessoas que se dizem realmente incomodadas com a falta de promoção da cultura na cidade pararem de agir de maneira tão obtusa e parasita com relação ao estado e realizarem um Fórum verdadeiro para coletar ideias sólidas de realização sem esperar que a cultura se torne uma justificativa para ser a mãe de todos os gastos. Para este singelo escriba odiado pelos mamadores profissionais, o estado tem a obrigação de retribuir a população com serviços públicos de qualidade, mas... Em contrapartida, nós, a população, temos a obrigação de promover nossa cultura e artes sem esperar que seja o estado a única fonte provedora.

A recriação da referida secretaria é um marco histórico e acompanharei de muito perto todo esse processo. Tem gente muito bem intencionada no meio de tudo isso, mas nem sempre boas intenções garantem o perfeito funcionamento de uma ideia. Sei que a vereadora Dra. Osterlaine está visando um futuro cultural em Birigui que apagará todo o descaso sofrido nas últimas décadas, mas rogo para que ela não se descuide das rapinas que pretendem se aproveitar de sua boa intenção.

8 comentários:

  1. Mesmo assim fico muito feliz com a noticia, dessa proposta: recriação da Secretaria de Cultura. Se bem direcionada teremos muito a ganhar.

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  2. Exponho aqui a mesma questão que expus no último fórum de cultura: Doerá mais na cultura municipal correr o risco de termos de lutar contra oportunistas ou ficar ao relente por mais um longo tempo?

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  3. Boa tarde, caro Deniman! Obrigado por sua participação. Não creio que o problema seja o temor por conta de oportunistas, isso é garantido e presente em tudo. O problema real é lotear a tal secretaria com pessoas que acreditam que a cultura só poderia ser fomentada por intermédio de verbas oficiais. Tá ai o maior erro! Deixamos de fazer muitas coisas para fomentar nossa cultura local justificando a impossibilidade devido a inexistência de uma secretaria exclusiva para isso. Provo que poderíamos ter realizado inúmeras e grandiosas coisas se para tanto houvéssemos realmente nos disposto a realizá-las. Claro que sou favorável a existência e a presença efetiva da tal secretaria, mas volto a repetir, o risco de muita grana acabar gerando muito pouco é grande. Quanto a dor: preferiria que o tal fórum fosse realizado para somar ideias de como realizar eventos culturais em Birigui, mesmo que a tal secretaria não viesse a existir. Isso é possível! Me ajude...

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    1. Os movimentos participantes do Fórum (Bons Selvagens, + Cultura, ACB, OSCEA e mais alguns) já vêm procurando maneiras de movimentar a cidade e como foi discutido, não é especificamente o bem material que trará o bem cultural a Birigui, mas sim a base ao artista em sua fase inicial. Cursos, oficinas, oportunidades e espaço para se apresentar farão com que os artistas locais cresçam e possam andar com suas próprias pernas sem depender da verba da secretaria de cultura. Em todo o caso, estamos procurando maneiras de contornarmos a possível rejeição da secretaria. Fica aqui o convite para que participe da próxima reunião do Fórum de Cultura a ser realizado nesta quinta, dia 25/07 às 20h. Abraço.

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  4. A Secretatia não será loteada, será dantes um exemplo para as outras, tanto no que tange o combate ao nepotismo, quanto ao cumprimento do que dispõem o Art. 37 da Constituição Federal.
    A Secretaria será gerida de uma forma horizontal e as decisões, mesmo sendo prerrogativas do Executivo terão que com esse serem discutidas...
    Mas, exigiremos como munícipes que as outras secretarias pautem-se por essas bandeiras, não apenas a de Cultura... A Secretaria será um órgão fomentador e apresentará políticas públicas para a cultura, não será uma Secretaria que dará esmolas ou seguirá um paternalismo hediondo e aborrecido...

    Renato Gomes dos Reis

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  5. Devo salientar a minha contrariedade quando do fechamento da Secretaria de Cultura, que foi de fato um retrocesso...
    Foi uma decisão unilateral equivocada e danosa...
    Birigui necessita não só de uma Secretaria Muncipal de Cultura, mas uma de Juventude pela própria peculiaridade local, temos uma riqueza histórica infindável que está relegada ao esquecimento...
    A Secretaria tem essa função histórica e seguirá triunfante iluminando o caminho...

    Renato Gomes dos Reis

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  6. Não é o Executivo que está propondo uma Secretaria, mas o movimento cultural, não é uma decisão vertical, mas dantes horizontal...

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  7. Com a SECULT, poderemos reformular e ampliar os ganhos com a cultura, gerando empregos, avançando na Infra-estrutura e na Superestrutura...

    Renato Gomes dos Reis

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