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A Conferência Municipal de Cultura e a falta de interesse da População

Conferência Municipal de Cultura em Birigui - Um Asno
Ontem à noite estive na 3ª Conferência Municipal de Cultura realizada em Birigui na minha querida escola municipal (antes era estadual) Profª Geni Leite da Silva. Muito eu teria pra comentar, mas o encontro mais relevante da noite ocorreu quando acabei trocando algumas palavras com o assessor Marcelo de Souza. A verdade é que iniciamos um diálogo amistoso e muito aproveitável, mas os compromissos do assessor do nosso ex-presidente da câmara (agora prefeito interino) Paulo Bearari, interromperam nossa discussão e eu não tive a chance de concluir meu raciocínio. Bom, foi um comentário que meu antigo colega de bandeira (trabalhei para o irmão dele, Mauro de Souza, na campanha de 1996) sobre o desinteresse e a ausência da população durante este evento e, sobretudo, no anterior que se tratou da Saúde, o mais requisitado dos elementos que afetam as vidas dos biriguienses, que me conduziu a esse artigo. É claro que Souza tem razão ao criticar a ausência da população em eventos tão relevantes para ela própria, mas eu tenho outro ponto de vista. Serei direto, mas explicarei meu argumento: PORQUE É MUITO CHATO!
 
Concordo parcialmente com a fala de Bearari quando este se referiu aos avanços que foram promovidos nos últimos anos em seu discurso de abertura. Não sou burro! Tenho que admitir que algumas coisas avançaram, outras ficam só no discurso mesmo. Elogio o que acredito ser elogiável e critico o que merece ser analisado. Mas, seguindo nossa aula de anatomia, vamos por partes! Da gestão Fernando Henrique Cardoso, passando pela era do divino Lula, até a nossa atual "prefidenta" Dilma Rousseff são, grosso modo, quase duas décadas em que a Educação é um assunto prioritário do Executivo federal. Pode-se inferir que o tema passou a ser uma preocupação de Estado, certo? Houveram picos com maior ênfase quando, no governo FHC, buscou-se a universalização da matrícula no ciclo fundamental, e, a partir de Lula, principalmente no segundo governo, o trabalho essencial na melhoria da qualidade do ensino público básico. Aceitemos a ideia de que matriculado o maior número possível de crianças, a sequência natural seria o aprimoramento na transmissão de conhecimentos, némessm?
 
Os resultados pífios da educação brasileira reforçam claramente a minha opinião de que não é apenas com mais dinheiro que a Educação dará o salto de que a sociedade necessita. Já escrevi sobre isso aqui! E a Cultura? Essa sim, nunca esteve tão estimulada! Nunca esteve tão estimulada a produzir tanta coisa inútil como atualmente! Antes que pensem que enlouqueci e me distanciei do foco, adianto que essas considerações são necessárias ao meu argumento. Particularmente, eu mesmo não fiquei sabendo da Conferência Municipal de Saúde realizada no ano passado em Birigui. Ainda... Eu mesmo tenho problemas com horários e agendas para participar de tudo o que eu gostaria realmente. E conheço muitas, mas muitas, pessoas com as mesmas dificuldades. Por exemplo: tenho um conhecido que é um dos agentes da cultura local que não pode comparecer ao evento ontem porque estava trabalhando. Aliás, muitas pessoas que se interessariam em estar presentes ontem e hoje ao evento não o podem por razões ligadas ao trabalho e obrigações pessoais. Não somos todos sapateiros (ainda bem!).
 
Mas por que as pessoas que teriam disponibilidade não se interessam em participar destes eventos? Ora, pela razão que já expus acima: PORQUE É MUITO CHATO! E além do mais, as pessoas que precisavam comparecer estavam muito bem representadas pela ACB (Associação Cultural de Birigui) e os representantes de cada núcleo interessado. Então, por que eventos assim são considerados chatos pela maioria das pessoas? A aparente resposta óbvia para esta questão seria a ausência de atrações populares como os "lek, lek" da vida, mas não! Não se trata disso. É por insuficiência de conteúdo mesmo! Nestes eventos sempre estarão presentes os políticos e aqueles que se sentem necessitados de estarem perto destes políticos. É um processo aborrecido, cheio de "pretocolors" e uma pompa que é desagradável a maioria das pessoas que se sentem distanciadas desse processo. Em outras palavras, os eventos não são realizados para o povo, afinal. Agora sim, eis aí a razão de eu ter incluído o fator educação neste argumento. Não somos educados para a participação efetiva em nada que nos afete. Essa é a verdade!
 
Nós, os do povo, odiamos carreiristas e pessoas que só têm um pensamento na cabeça: como permanecer na Política? Odiamos pessoas que não fazem da política uma vocação ou um instrumento real de melhoria. Odiamos pessoas que não conseguem se afastar dessa viúva de colo macio e generoso, sempre disposta a acolhe-los. A verdade é que não nos sentimos a vontade participando de um evento, aparentemente, promovido para nós, só que por pessoas completamente distante de nós. Eu mesmo não participaria da Conferência se o assunto não tivesse tamanha importância para mim e não tivesse esbarrado na notícia de que o mesmo ocorreria. Quanto a vasta divulgação do evento... O que queriam? Não podemos criticar a população por não ler jornais locais porque não possuímos um só veículo decente na cidade. Não podemos criticar aqueles que não ouvem os noticiários em rádio porque não temos uma única emissora que se digne a audiência (devíamos, sim, criticar, quem ouve!). Não podemos criticar quem não fica informado das últimas fofocas através do Facebook (eu sou um deles), pois é uma péssima fonte de informação. Resta-nos o que?? Muita gente não compareceu ao evento pela mesma razão que não foram ao último sobre a saúde: não sabiam!
 
Ademais, se o assunto de ontem e hoje é a cultura, as pessoas devem estar se questionando o porquê dessas mesmas pessoas que coordenaram o evento não terem efetivamente agido em prol da cultura real em nossa cidade nos últimos vinte anos. Nada contra a excelência que cada um tem sobre suas virtudes como músicos, etc. Por exemplo, reconheço a qualidade e a virtude dos músicos que compõem nossa banda marcial. São músicos excelentes, não há dúvidas! Mas, tive o desgosto de levar minha filha menor para assisti-los apenas por duas vezes! Por que? Por que a qualidade é ótima, mas o repertório é de doer! Ainda tocam He-Mam!!! Me admira que a banda ainda exista! Marcos Tinarelli, ainda como exemplo, é um ótimo instrumentista e um excelente condutor de coral, mas como coordenador da cultura é uma lástima! Deveria continuar tocando em casamentos. Era mais divertido. Música é uma parte integrante da cultura, não é ela a cultura em si! Vou poupar o Nicola, a Lela e o Lino desta vez, mas continuem reclamando que a população de Birigui não se interessa por cultura e continuarão perdendo, cada vez mais, seus potenciais agentes culturais. Muitos já vazaram daqui e foram para Sorocaba, São Paulo, Araraquara, enfim, para qualquer lugar onde possam efetivamente batalhar para expor sua arte! Até o SESI tem arrefecido na qualidade das atrações. Vez por outra ainda vale a pena se deslocar por seis quilômetros para assistir a alguma peça ou atração musical. Mas que a qualidade caiu, caiu!
 
Nós, os do povo... Aqueles que não vivem das graças daquela viúva generosa, a política, precisamos de razões maiores para deixarmos nossos lares, protelarmos nossas obrigações, ignorarmos nossos filhos e compromissos. Precisamos ter a certeza de que o trabalho adiado, o livro encostado, a pesquisa protelada e até os entretenimentos mundanos da sala de estar sejam para que alguma coisa realmente mude para melhor. Não apenas para preencher cadeiras e valorizar o trabalho da coordenação do evento. Eu, da minha parte, acredito, e muito, que a cultura em Birigui sofrerá mudanças e terá sensíveis melhorias, mas estou convicto de que vai demorar bragarai para que ela chegue ao ideal que a população almeja. Os agentes ainda serão os mesmos por um bom tempo. Resultado: mais do mesmo, por um bom tempo! Nós, os do povo, não somos todos agentes da cultura, mas queremos que os agentes tenham condições de expressar sua arte para que possamos aprecia-los. Nós os apoiamos e sabemos que os que tem interesse estavam presentes e representam muito bem a cultura local. Não vi nada no evento que justificasse a presença em massa da população. Era isso que eu gostaria de ter concluído no meu diálogo com Marcelo de Souza. Por que eu deveria ter ido?

P.S.: Esqueci de mencionar que não deu tempo de eu esclarecer ao assessor de Paulo Bearari que foram os seus comentários e de mais um valente da legenda no Facebook quanto a minha pessoa que me fizeram apresentar a denúncia de propaganda antecipada contra o PT de Birigui (recordem aqui, aqui e aqui).

Um comentário:

  1. Qualquer que seja a sua leitura e pensamento relação ao que eu digo ou me expressa...só me resta dizer-lhes o seguinte: - Feliz por você estar aqui. Forte abraço. (Como não tenho as contas sugeridas vai anônimo mesmo sabendo que sou eu mesmo...rsrsrsrs...)

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