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Médicos cubanos hostilizados no Ceará. A quem isso beneficia?

Foto do site Brasil247
Primeiro, quero deixar bem claro que sou contra o modelo de contratação dos médicos cubanos e não a sua vinda para nosso país. Acho até que 4 mil é pouco! Inclusive já houveram contratações de médicos cubanos no passado e não ocorreu dessa maneira exótica onde nosso país desembolsará R$ 10 mil por profissional, mas o mesmo ficará com aproximadamente um quarto ou um quinto desse valor. Não me manifestei antes porque considero que esse problema (da remuneração injusta) pertence aos médicos cubanos. Se eles estão satisfeitos... Mas agora, o que aconteceu no Ceará onde os profissionais cubanos foram agredidos (não existe outra palavra mais adequada) por profissionais da saúde brasileiros não encontra uma única justificativa. A foto acima, retirada do site Brasil247 mostra o momento em que um dos médicos cubanos foi hostilizado por profissionais da saúde em Fortaleza. Os brasileiros tem todo o direito de se manifestar, mas contra o regime de contratação, não contra os contratados!

Só que o mais curioso de tudo isso foi a reação de alguns veículos de informação e a fala do ministro e do seu secretário. Alexandre Padilha, o próximo poste que Lula tentará eleger para governador do estado de São Paulo declarou: "Lamento veementemente a postura de alguns profissionais, porque eu acho que é um grupo isolado, de ter atitudes truculentas. Incitam o preconceito, a xenofobia. Participaram de um verdadeiro corredor polonês da xenofobia, atacando médicos que vieram de outros países para atender a nossa população apenas naqueles municípios onde nenhum profissional quis ir atender a nossa população”. O problema está no emprego da palavra "xenofobia". Mesmo que a manifestação tenha sido um espetáculo do horror não se trata de preconceito ou xenofobia. Ninguém empregou a palavra "escravo" referindo-se a cor dos cubanos e sim ao regime de contratação ao qual foram incluídos. Não há desculpas! Isto não justifica o ataque aos médicos cubanos! Também acho exagero chamar o episódio de xenófobo. Não é o caso dos brasileiros. A única aversão a estrangeiros que ainda vejo sendo alimentada neste país é contra os americanos... E esta aversão é patrocinada, inclusive, pelo partido do ministro.

Acredito mesmo que para muitos médicos cubanos esta é uma alternativa muito melhor do que a oferecida em seu próprio país de origem. Sem demagogia! Ninguém vem aqui por puro altruísmo! Eles buscam sim, melhores condições do que as que têm... Estes médicos não estão realmente tirando a oportunidade de ninguém, então, que culpa pode cair sobre eles? Se estão na bronca, protestem, mas contra o modelo de contratação e não contra os contratados. Afinal de contas, ninguém quis preencher as vagas que eles aceitaram! E o que disse o secretário de Gestão Estratégica da Saúde, Luiz Odorico Monteiro de Andrade, referindo-se a uma suposta agressão que teria sofrido? "O que a gente presenciou foi um ato de truculência, violência, xenofobia, racismo e preconceito. Os médicos brasileiros presentes no ato agrediram verbalmente os médicos cubanos, chamando-os de escravos, de incompetentes e mandando eles voltarem para suas senzalas. Quando os médicos saíram, eu fui agredido com murros, empurrões, tapas, e um ovo acertou a minha camisa.

Então... Concordo que o ato foi extremamente truculento e violento e deve ser repudiado com veemência. Mas... Daí, neste caso teremos dois pesos e uma única medida! Quando isso aconteceu com Yoani Sánchez (leia aqui), comprei a briga pela moça porque achei um absurdo sem tamanho o que fizeram com ela. Só que segundo a mesma mídia que agora endossa as palavras do ministro Alexandre Padilha e seu auxiliar não trataram aquele episódio como sendo violento, truculento, xenófobo e racista! Pelo contrário! O que fizeram foi a todo custo desqualificar a visitante e incitar a hostilização. Ora bolas! Ninguém deve ser alvo deste tipo de reação primata! Para mim, os médicos cubanos são muito bem vindos, tal como qualquer visitante daquela ilha ou de qualquer espaço do globo. Nenhum merece ser hostilizado de forma nenhuma. Pilantra mesmo é o governo que me representa que realiza uma manobra como esta apenas para dar um "reforço" nos cofres da família Castro! Trata-se de uma prestação de serviço terceirizada, coisa que até bem pouco tempo, meus colegas do PT eram totalmente contrários, sobretudo se se verificasse uma tamanha injustiça no repasse do dinheiro. Afinal o Brasil pagará R$ 10 mil, mas o profissional não receberá mais do que R$ 2,5 mil. Repito! Se eles estão satisfeitos, não serei eu a promover a destruição do programa Mais Médicos.

Não concordo com nenhum tipo de protesto onde se hostilizem pessoas, sobretudo profissionais que se submetem a situações que nossos próprios profissionais não se atreveriam. Mas acho que o foco aqui está errado. O problema é estrutural! Médicos brasileiros não estão errados em não aceitar certas condições e também não devem ser demonizados por isso. Se o governo quer melhorar a saúde, não o conseguirá apenas importando, sejam 4 mil, ou 400 mil médicos. Se ele quer melhorar a saúde que comece pela estrutura e as condições básicas para qualquer profissional exercer sua profissão com dignidade.

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