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O Carvalho e o Junco. O sábio se curva diante do impossível... Nem sempre!!!

Esopo - O Carvalho e o Junco - Um Asno
Hoje me vi envolvido em uma pequena discussão sobre comportamento, moral e personalidade dos indivíduos. Não faltaram exemplos pertinentes e convincentes, mas aí me veio à memória uma das fábulas de Esopo com a qual concordo em parte. Esopo foi um escritor grego a quem se atribui a criação do gênero fábula que ainda viria a se tornar parte importante da literatura. É dele, por exemplo, a fábula da Formiga e a Cigarra. Conta-se que nasceu escravo e um dia veio a se tornar um embaixador, mas suas origens e biografia são incertas. Não importa! Morreu executado, injustamente, como afirmam alguns. Em suas fábulas ou parábolas, ele reproduzia o drama existencial do homem, substituindo os personagens humanos por animais, objetos, ou coisas do reino vegetal e mineral. Sua intenção era mostrar como os seres humanos podiam agir, para o bem ou para mal.

Muito bem... Foi de uma das fábulas atribuídas a Esopo e que atualmente vem sendo adaptada das mais variadas formas e para os mais estranhos propósitos que me recordei durante o debate em que estava metido. Disse que concordo com ela em parte e vou justificar. Trata-se da fábula do Carvalho e do Castiço (ou Junco, em algumas transcrições). Vou transcrever a fábula como a vi resumida e concluo meu ponto de vista.
Um grande carvalho, ao ser arrancado do chão pela força de forte ventania, rio abaixo é arrastado pela correnteza. Desse modo, Levado pelas águas, ele cruza com alguns Juncos, e em tom de lamento exclama: "Gostaria de ser como vocês, que de tão esguios e frágeis, não são de modo algum afetados por estes fortes ventos.E Eles responderam: "Você lutou e competiu com o vento, por isso mesmo foi destruído. Nós ao contrário, nos curvamos, mesmo diante do mais leve sopro da brisa, e por esta razão permanecemos inteiros e a salvo."
Meu amigo Alcides, muito afeito aos modos mais humildes vai me esculachar, mas não posso evitar. Está no meu DNA! Desculpe meu amigo! Ora... A qualquer observador e leitor casual ocorrerá a mesma conclusão. Há que ser flexível para tornar-se bem sucedido porque de nada vale prender-se a suas raízes profundamente enterradas em suas concepções, por mais firmes que possam parecer. Não é bem assim! O vento pode ser muitas coisas e as interpretações devem ser mais abrangentes do que simplesmente decretar que o caminho para o sucesso é ser flexível! Até para a flexibilidade há que se impor limites e a posologia coerente! Se ocorre, como em muitos textos que já tive de ler, essa concepção de que ser flexível a tudo supera, não posso afirmar outra coisa, senão que se equivocam perigosamente. A flexibilidade é um componente essencial em relacionamentos, por exemplo. Ela é a referência, o patamar, o farol ao qual devemos buscar quando precisamos solucionar um conflito. Mas agora aplique-se o mesmo molde da flexibilidade ao caráter, a moral, a ética, ao comportamento desejável e civilizado que convencionamos ter. O resultado é o mesmo?

Fossem os grandes empreendedores, que nos impulsionaram de um período de trevas do pensamento para um glorioso momento onde quase tudo podemos a partir da nossa capacidade criativa, vencidos pelo que a sociedade convenciona chamar de impossível e onde estaríamos agora? Um amigo poeta de Birigui, Carlos Zani, uma vez me disse que declarava-se como um "quadrado porque possuía quatro bases e não era inconstante como as outras pessoas que se portavam como uma esfera indo de um canto a outro sem se prender a nenhum ancoradouro". Ele se referia ao consumo de drogas, mas seu ponto de vista pode muito bem ser estendido para qualquer área. Em administração, por exemplo, não se podem flexibilizar elementos fundamentais como o planejamento e a austeridade com as despesas. Fatalmente um administrador irá a falência se for flexível e tomado pelas condições adversas tornando seu planejamento maleável e sua austeridade relapsa.

A palavra mais adequada ao emprego seria adaptabilidade. Ser capaz de se adaptar as condições não é o mesmo que ser flexível. Na flexibilidade cede-se, na adaptação compreende-se! Voltemos a fábula do Carvalho e do Junco. Quantas crises e adversidades o carvalho conseguiu superar antes que suas raízes fossem retiradas do solo? Quantas vezes, além de imponente, altivo, soberbo, ele também esteve firme e sereno frente aos desafios e intempéries da existência? E quanto ao junco? Nunca enfrentou crise alguma! Apenas cedia e "curvava-se" diante do difícil esperando a crise terminar. O carvalho bem pode simbolizar nossa firmeza quando temos raízes fortes em nossos princípios. O junco pode simbolizar nossa debilidade também no trato com esses mesmos princípios. A fábula de Esopo pode ter mais de um sentido e mais de um emprego. Para certas ocasiões na vida, para o bem comum e satisfação mútua, talvez tenhamos que agir como o junco, mas, pelas mesmas razões em outras situações, teremos de ser carvalhos.

Um comentário:

  1. Nossas vidas são feitas de decisões, podemos ser como o junco e nos curvar diante de algumas coisas ou como os carvalhos e brigar contra o vento. Independente da escolha do que não podemos fugir é dos resultados das ações tomada. Hoje mesmo me vi em meio a um vendaval, e estando cansada das brigas diárias me vi disposta a entrar no fluxo do vento e me curvar a ele, não que isso fosse errado ou os resultados fossem errados, mas talvez eles seriam um pouco diferentes daquilo que venho buscando a tanto tempo, bom depois de uma breve conversa com um grande amigo me animei novamente e me fiz carvalho para bater de frente com o vendaval. Ainda estou de pé...

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