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A Cigarra e a Formiga - O que é a Verdade e a Fé?

Manifestação na Praça da Sé - Um Asno
Como é complicada a vida de integrantes de uma certa linha de produção de textos pró governo! Quando eu era moleque e me encantei com a obra de Voltaire, "Cândido ou o Otimismo", já havia conhecido os axiomas de Edward Murphy bem antes de conhecer a filosofia de Pangloss. Tratava-se de uma crítica necessária ao otimismo edênico pretendido por Leibniz. Percebo que além de Voltaire falta peroba suficiente para lustrar a cara de pau de muitos jornalistas da religião a que se convencionou alcunhar de imprensa progressista. Por minha formação, forço-me a ler o que é publicado sob diversas óticas para decompor e confrontar contradições, mas, véi, na boa... Admito, é de doer!!! Sou sistemático com relação a um elemento que é sempre ignorado em textos de apoio ao governo, sobretudo por quem opta por uma visão "intelectual artística" do mundo real. Tal elemento exige, sobretudo, a honestidade e o reconhecimento daquilo que é essencial para se produzir qualquer opinião: Fatos e Dados! Gostaria mesmo de, ao menos, viver próximo do melhor dos mundos possíveis que alguns ilustres tentam reproduzir em letras que sustentam envergonhadas os parágrafos que eles escrevem.

Celebra-se atualmente uma divisão, ilusória, de razões em nosso país. Segundo alguns, o país está rachado ao meio... Tolice! Poderia aceitar que ele esteve sempre fragmentado em milhares de pedaços ideológicos! Ao meio, jamais! Isso é recorrer a argumentos que sirvam para reforçar a bronca que essas pessoas mantém contra a imprensa e o ódio que alimentam contra os que não pensam como eles. O jogo da política nem sempre permite que os fatos estejam ancorados em dados visíveis ou reconhecíveis. É uma habilidade fabulosa que alguns de nossos representantes acabaram desenvolvendo na carreira que escolheram. Toda verdade precisa ser escamoteada e blindada por mentiras diversas. Assim minimizam-se os conflitos que teriam de administrar quando se torna evidente que eles, os representantes, não têm a menor ideia do que fazer para administrar o país que os elegeu. Para isso, muita gente passa a ser recrutada para proteger a verdade de si mesma!! Afinal, se reconhecermos que até agora o governo apenas errou em todas as escolhas que fez devido a um entendimento vesgo dos princípios de administração que foram distorcidos por uma moral fantasiosa que a tudo acrescenta o sufixo de "social", como este conseguiria limpar a própria sujeira e corrigir a rota? É aí que entra a fé das pessoas!

A fé é um ativo inestimável para qualquer governo e deve ser patrocinada a qualquer custo! Quando se tem uma facção ideológica no poder, então... Fé é prioridade! Mas o que define a verdade e, por consequência, o que vem a ser a fé que valida essa verdade? A Filosofia nos lega uma herança não muito animadora sobre a Verdade... As correntes que convencionaram a definição do que é verdadeiro são bem menos precisas do que gostaríamos de pensar que fossem. Vou sintetizar ao máximo dentro de minha capacidade! Numa primeira concepção, a grega, Aletheia associa-se a percepção e verdadeiro é aquilo que vemos e percebemos na realidade manifestada. Nesta concepção é verdade por que o objeto de minha avaliação se manifesta aos meus olhos e passa pelo juízo do meu espírito! Verdadeiro é aquilo que eu considero oposto ao falso, (pseudos), que é o encoberto, o escondido, o dissimulado, o que parece ser e não é como parece. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão e neste caso, a marca do conhecimento verdadeiro é a evidência, isto é, a visão intelectual e racional da realidade tal como é em si mesma e alcançada pelas operações de nossa razão ou de nosso intelecto.

Fudeu!! Quem pode definir a realidade que passa pelo filtro de nossos sentidos enganadores? Sinais elétricos interpretados por um cérebro programado segundo paradigmas vigentes não é o melhor recurso para julgar o que é verdadeiro! Tem muita gente que quer resumir a Verdade a apenas esse modo de vista. Acontece que o nosso intelecto é uma merda para julgar o que é verdadeiro e passamos quase todo o tempo sendo enganados por nosso cérebro econômico! Somos contaminados por preconceitos e medíocres para formar qualquer juízo com profundidade. Mesmo juristas dedicam uma vida inteira para treinarem sua percepção a fim de melhor julgarem e o resultado muitas vezes é porco! Daí que apenas percepção não fornece o melhor juízo. Outra corrente, a latina, está associada a ação de afirmar com precisão para que algo seja verdadeiro. Muitos são familiarizados com a palavra: Veritas! Neste caso, se há rigor e exatidão em um relato, se é feito com detalhes, pormenores e fidelidade ao que aconteceu, assume-se o patamar de verdadeiro. Eis que oradores se tornam famosos ao dominarem essa arte! Mas, ser fiel enquanto se narra fatos acontecidos também está subordinado a paradigmas de nossa formação intelectual! A Verdade, neste caso, depende de um lado da veracidade, da memória e da acuidade mental de quem fala e, de outro, de que o enunciado corresponda aos fatos acontecidos. Apenas mais uma exigência quanto as habilidades necessárias a um bom enganador!

Chegamos a uma terceira concepção, a hebraica, onde Verdade associa-se a palavra Emunah que, lógico! repousa seu significado na confiança. É verdadeiro quando alguém cumpre o que prometeu, é fiel a palavra dada ou a um pacto feito. Enfim, é verdadeiro quem não trai a confiança! Emunah e Amem têm a mesma origem e significam: assim seja. Nesse sentido, a Verdade é uma crença alicerçada na esperança e na confiança. Quando a Verdade predominante se embasa na concepção de emunah, considera-se que a verdade depende de um acordo ou de um pacto de confiança entre os interessados. São estes que definem um conjunto de convenções universais sobre o conhecimento verdadeiro e que devem sempre ser respeitadas por todos. A verdade se funda, portanto, no consenso e na confiança recíproca entre os membros de uma comunidade de indivíduos que concordam entre si! 

Existe, ainda, mais uma concepção quanto a Verdade! Uma teoria pragmática que define o conhecimento verdadeiro por meio de um critério prático, por seus resultados e suas aplicações, sendo possível verificar através da experimentação. A marca do verdadeiro é a verificabilidade dos resultados. Aqui são os resultados que recebem a denominação de verdadeiros ou falsos. Na realidade existem muitas outras correntes que tentam definir o que é a Verdade e nem os grandes mestres como o próprio Jesus ousaram tanta arrogância para responder a essa questão. Mas, um fato é claro o suficiente e todos concordariam: Verdade, em resumo, vem a ser apenas uma convenção. É da mesma matéria da prosperidade, felicidade e pensamento. Intangível! Quando mais de uma pessoa crê num determinado conceito ele passa a ser real e, por consequência, eleva-se a categoria de verdadeiro (ainda que não seja!).

Por tabela, Fé, que originariamente estaria mais inclinada a certeza implícita em uma verdade reconhecida, revela-se, muitas vezes, inócua. Isto por que a convicção, a certeza plena deixou de ser subordinada a conclusão provada há muito tempo! Basta que alguém seja eloquente o suficiente (não precisa nem ser fiel a matemática!), basta que ao afirmar, seja muito convincente, inspirador, persuasivo e, não raro, acompanhado por títulos pomposos e até de certa popularidade! Temos a Verdade fabricada que deixaria rubro até a um corrupto dos tempos de Sêneca! Mas, retorno ao início do registro e a razão dessas considerações sobre a verdade...

Há, atualmente, um esforço descomunal para suprimir todas as verdades e assim privilegiar apenas a verdade que o governo espera que todos aceitem. Muitos são regiamente recompensados para fazer esse trabalho e outro volume maior é composto por gente que apenas tem fé no que é dito pelos primeiros! Existem dois lados reivindicando para si o status de vítima de uma campanha de ódio durante o pleito eleitoral de 2014. Sabem qual grupo está com a verdade? Ambos! Os dois lados se agrediram, se atacaram (e ainda o fazem) e com isso afastaram de suas vistas o verdadeiro adversário: o Estado! Ver gente como Jandira Feghali, representante de um partido que devotou sua existência a um discurso em favor do povo, defendendo as ações do atual governo em nome de uma fantasiosa melhora que só é perceptível na vida daqueles que vivem as custas desse mesmo povo que os alimenta com seus tributos é uma abominação. É surreal! Ah, mas o povo está voando em aviões comerciais, estão comprando televisões de 80 polegadas e celulares de dois salários mínimos!

Putaqueopariu! Não sei qual é o termômetro desse pessoal que no discurso fala em educação, saúde de qualidade, emprego decente, segurança, etc. e depois aparece com esse papo furado de consumo! A candidata vitoriosa demonizou durante toda sua campanha o ajuste fiscal, o corte nos gastos, o compromisso com o superávit primário, o aumento dos juros para conter a inflação e agora é obrigada a recorrer as práticas que outrora atacou. Lógico! Não lhe restaria alternativa mesmo, já que seu modelo foi um fiasco e agora é necessário limpar a merda que fizeram durante os quatro anos anteriores. A verdade que imperou durante o seu primeiro governo será espancada pela verdade do seu segundo mandato! Ah, mas os muito bem recompensados para proteger a "verdade" do estado logo surgem com argumentações para validar as atitudes da prefidenta! Nem se parecem com eles mesmos em outros textos que escreveram não faz muito tempo! Quem apanha mesmo, ao final, somos sempre nós, os súditos leais da verdade de turno.

Ah, mas você vai ser arrogante o bastante para negar os avanços que ocorreram nos últimos 12 anos?? Com certeza! Aliás, avanços que devem ser atribuídos, em verdade, ao único acerto eficaz do governo Lula, o reconhecimento da China como mercado, o que favoreceu muito ao Brasil no período que se deu o boom daquele país. Infelizmente, o Brasil estava nas mãos de gente preguiçosa e que tem horror a produtividade humana. Gente que nunca foi amante do trabalho de fato e que na primeira oportunidade de se tornar um proxeneta, entrou para a diretoria de algum sindicato para viver às custas e auspícios alheios. Demos o país para a cigarra administrar e colocamos as formigas para sustentarem ela. Logo aconteceu o inevitável... Os ventos pararam de soprar como era evidente para qualquer possuidor de mais de dois neurônios e o país conheceu o que é má gestão pública. Agora o governo vem de novo justificar suas ações de péssimo administrador como sendo para proteger o povo do arrocho, do desemprego, etc.! Quem cai nessa conversa? Daí, como esses argumentos não se sustentam, recorrem a crise mundial para justificar sua vesguice gerencial. Hum... Então se outros países também tiveram governantes que foram uma merda na condução dos mandatos que os povos lhes outorgaram, isso justifica a mediocridade dos nossos? Espia! Tem cabimento um negócio desse?

Há pouco mais de uma década a verdade era que um governo progressista nos levaria ao Elísio e o que constatamos é que o Elísio é o mesmo inferno de sempre! Governo algum tem compromisso, senão consigo mesmo e com seus submissos. O povo... Ora, o povo que se contente com as migalhas e agradeça ao governo por ser tão generoso e lhe favorecer com um Bolsa Vote em Mim! A Verdade é que a verdade do povo é bem distante da verdade do governo e de seus defensores. Nós, as formigas, estamos muito mal acostumadas com resultados medíocres. Sempre foi assim! Hoje ainda está melhor! Isso também é uma verdade... Difícil é aceitar que essa verdade permanecerá ainda por muitas décadas, já que à formiga não compete o questionamento e a rebeldia, apenas lhe é legado o destino de Sísifo... Não acreditem nisso não, senhores e senhoras regiamente recompensados para manter as formigas iludidas!! Em volume e em determinação, nós formigas, somos muito maiores! Cuidado, o tempo de servirmos vocês, cigarras, está terminando!

Um comentário:

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