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É Carnaval!! Cadê o Movimento Passe Livre?

Carta de Princípios do Movimento Passe Livre - Um Asno
Essa foto é de 2013, quando o MPL, "Movimento Passe Livre", obteve sucesso durante suas manifestações e fizeram as prefeituras recuarem no reajuste das passagens, os famosos R$ 0,20! Porque estou escrevendo sobre eles agora? Ora! Até a semana passada eles estavam perturbando a vida dos trabalhadores paulistanos com seus protestos sempre realizados nas terças e quintas-feiras! Para onde foram as manifestações dessa terça-feira? Ah, esqueci! É Carnaval! Feriado também para os manifestantes! Protesto hoje não rola, pois não tem ninguém trabalhando para ter seu direito de ir e vir cerceado. Povoam pela internet os mais variados textos sobre o que ocorreu no Brasil desde que o MPL abriu as manifestações de 2013. Há que ser muito criterioso e garimpar bastante entre as ideias. É claro que eu discordo de alguns princípios do tal Movimento e discordo também do combustível que o anima. Mas eu sou um reacionário nojento, porco capitalista e manipulado pelo sistema (ao menos é o que pensam os que me detestam), o que se poderia esperar de mim, némessm

Pode até ser que eu seja demasiado conservador para os padrões aceitos pela juventude atualmente, mas pelo menos eu aceito compartilhar o mundo com os bonzinhos progressistas. Eles é que não parecem admitir que o mundo seja compartilhado com bestas como eu! Há muitos escritores, jornalistas, sociólogos e professores que são responsáveis pelo nascimento de movimentos como o MPL e os incentivam abertamente. Embora eu debata em lado oposto nessa discussão, há valor no que eles produzem, mas há que se aparar vários equívocos. Eu não discordo de tudo o que escrevem, o seu questionamento é muito importante para a construção democrática. Mas, é difícil imaginar como eles tocariam a nação quando todo o conforto e mordomias que eles estão acostumados deixassem de existir. Afinal, é a iniciativa privada a principal responsável por todo avanço tecnológico do mundo e ela é sempre motivada pelo consumo geral. Sendo assim, não é o Capitalismo o monstro que deve ser combatido. Ele facilmente se adequaria se o comportamento coletivo fosse outro mais nobre. Publico e comento a tal "Carta de Princípios" do MPL disponível em seu próprio site (link aqui). Acompanhem e verão que as manifestações foram mantidas, em sua maioria, por graves equívocos. Meus comentários seguirão em destaque apenas para alimentar o debate.

Carta de princípios do Movimento Passe Livre
"A Carta de Princípios é o documento que estabelece os pontos de unidade dos coletivos federados nacionalmente ao MPL. Ela foi redigida e aprovada na Plenária Nacional pelo Passe Livre, no V Fórum Social Mundial, em 28 de janeiro de 2005; posteriormente alterada no 3º Encontro Nacional do Movimento Passe Livre, no dia 30 de julho de 2007. Atualmente o MPL Nacional já não levanta mais a bandeira do passe livre estudantil, mas a do passe livre irrestrito"
Ok! O que vai acima trata-se de uma iniciativa democrática e completamente legítima! A nossa Constituição prevê e garante esse direito. Trata-se de um ato de cidadania e, como afirmou a escritora e socióloga, Marília Moschkovich, no seu blog Medium (aqui): "Cidadania não tem nada de individual. Individual é direito do consumidor. Cidadania é necessariamente coletivo". Ela é favorável ao MPL e eu não sou contrário a sua existência! Portanto, para mim, tem valor o seu texto em alguns aspectos.

“Princípios organizativos do Movimento Passe Livre Nacional
O Movimento Passe Livre é um movimento horizontal, autônomo, independente e apartidário, mas não antipartidário. A independência do MPL se faz não somente em relação a partidos, mas também a ONGs, instituições religiosas, financeiras etc.
Nada mais lindo e civicamente legítimo! Se fosse verdade...

Nossa disposição é de Frente Única, mas com os setores reconhecidamente dispostos à luta pelo Passe-Livre estudantil e pelas nossas perspectivas estratégicas. Os documentos assinados pelo Movimento devem conter o nome Movimento Passe Livre, evitando, assim, as disputas de projeção de partidos, entidades e organizações.
Bacana! Aqui está explícito qual é a pauta do movimento e sua devida organização! Em acordo com a Constituição! Eu sou contra qualquer tipo de Passe Livre ou Meia Entrada atribuída apenas por categoria ou classe. Considero que existam exceções que devem ser respeitadas, porém acho uma filadaputice um indivíduo pagar, através de mais impostos e taxas, para que outro camarada que poderia pagar a conta possa obter esse benefício, sobretudo estudantes. Porque? Espia só! Quanto custa a moda que os jovens usam agora? Quanto eles estão dispostos a pagar por um Smartphone? E não dão conta de pagar por uma passagem? Por que aquele que trabalha e não tem tempo e dinheiro para ter acesso ao entretenimento deve pagar mais caro para que esses garotos tenham esse privilégio? Governos não geram receita, senão por conta dos impostos que são pagos pelo trabalhador. Shows, cinema, eventos em geral poderiam ser muito mais baratos se os organizadores não se vissem obrigados a repassar o preço das meias entradas e cortesias aos pagantes. O raciocínio para o transporte é o mesmo!

A via parlamentar não deve ser o sustentáculo do MPL, ao contrário, a força deve vir das ruas.
Os princípios constitutivos do MPL serão definidos somente pelo método do consenso. Nas deliberações não referentes a princípios, deve-se buscar propostas consensuais, na impossibilidade, deve-se ter previsto o recurso à votação.
Primeira confusão! É claro que não chega a ser um crime, mas bem que as intenções do movimento poderiam ser as de pressionar os representantes legitimamente escolhidos pelo povo. Afinal, esta é uma democracia e o consenso deveria ser representado na forma do voto geral. A via parlamentar é a escolhida pela sociedade em geral. Impor-se a força não vai derrubar esse regime. Não é do caos promovido nas ruas que irão extrair força, apenas irritação da sociedade contra a proposta legítima do grupo. Só irá evoluir até o inevitável banho de sangue. Eu não me esqueci das mortes em virtude das manifestações em 2013 e não foi só a do jornalista da Band! Temos muito a evoluir na questão eleitoral? Não há dúvida e aí está um pessoal que poderia contribuir bragarai na solidificação de nossa democracia. Como? Fazendo valer aquilo que a população escolher como pauta a ser votada nos pleitos. Quer mais? Ajudando a construir um país de verdade com um debate profícuo através dos recursos que eles já aprenderam a dominar bem: as ruas e as redes. 

Perspectivas Estratégicas
O MPL não tem fim em si mesmo, deve ser um meio para a construção de uma outra sociedade. Da mesma forma, a luta pelo passe-livre estudantil não tem um fim em si mesma. Ela é o instrumento inicial de debate sobre a transformação da atual concepção de transporte coletivo urbano, rechaçando a concepção mercadológica de transporte e abrindo a luta por um transporte público, gratuito e de qualidade, como direito para o conjunto da sociedade; por um transporte coletivo fora da iniciativa privada, sob controle público (dos trabalhadores e usuários).
Como é? Construir "uma outra" sociedade? Já perguntaram ao resto da sociedade se ele está de acordo com a nova que vocês propõem? Rechaçar a concepção de mercado? E como esperam que o transporte público se torne efetivamente de graça, se alguém vai ter de assumir a conta no final? De qualidade até eu e os malucos do manicômio concordamos. Afinal, somos loucos, mas não burros! E que negócio é esse de não ter "um fim em si mesmo"? Não sabem para onde ir, é isso? Como acham que os celulares que utilizam obsessivamente foram trazidos para a realidade atual? Manifestação espontânea sem a presença do mercado? Onde foi que arrumaram essa ideia de que o transporte será melhor se for administrado por trabalhadores e usuários? De onde sairá o dinheiro para financiar essa mordomia? Taxando grandes fortunas??? Haja inocência!

O MPL deve ter como perspectiva a mobilização dos jovens e trabalhadores pela expropriação do transporte coletivo, retirando-o da iniciativa privada, sem indenização, colocando-o sob o controle dos trabalhadores e da população. Assim, deve-se construir o MPL com reivindicações que ultrapassem os limites do capitalismo, vindo a se somar a movimentos revolucionários que contestam a ordem vigente. Portanto, deve-se participar de espaços que possibilitem a articulação com outros movimentos, sempre analisando o que é possível fazer de acordo com a conjuntura local.
Aqui começa a baixaria! São os salmos pétreos e sagrados de um sistema que jamais prosperou ou prosperará no mundo moderno: o socialismo (ou comunismo, ou ainda, qualquer "ismo" que preferirem). Expropriação sem indenização! Será que eles concordam que eu exproprie algumas pequenas mercearias e comércios em geral que seus pais construíram com tanto esforço e sacrifício? Que tal expropriar os apartamentos de João Pedro Stédile e Guilherme Boulos, respectivamente líderes do MST e MTST, movimentos "revolucionários que contestam a ordem vigente". A análise da conjuntura atual só cabe aos possíveis espaços cedidos a esse tipo de movimento? Que bronca é essa contra a iniciativa privada? Isso não é só delinquência (ou demência), é preguiça de agir produtivamente na sociedade.

Os projetos reivindicados para a implementação do passe livre para uma categoria não devem implicar em aumento das tarifas para os demais usuários.
KKKKKKK! Sei! E o custo será diluído onde? Ah, mas é só os políticos gastarem menos com a corrupção, com os cargos de cabide, as negociatas e os privilégios das autoridades que sobra dinheiro para subsidiar o transporte público. Ora pois! Então era mais fácil e produtivo criar o "Movimento Brasil Sem Pilantras"!

O MPL deve fomentar a discussão sobre aspectos urbanos como crescimento desordenado das metrópoles, relação cidade e meio ambiente, especulação imobiliária e a relação entre drogas, violência e desigualdade social.
Essa é boa! Mas, boa mesmo!! Não há uma só proposta digna de resolver esses problemas no horizonte. Discussões já existem aos quilos e a melhor saída ainda é a distribuição do conhecimento. Quanto a especulação imobiliária só tem um jeito: inibir a demanda. Mas como? Impedindo o indivíduo de desejar e inibir seu instinto de consumo? Isso iria ficar meio estranho, afinal é muito autoritário... Além do mais, gente que não é capaz de organizar a agenda do celular e nem de arrumar o próprio quarto quer se meter a solucionar os problemas do mundo? Sei!

O MPL deve lutar pela defesa da liberdade de manifestação, contra a repressão e criminalização dos movimentos sociais. Nesse sentido, lutar contra a própria repressão e criminalização de que tem sido alvo.
Quanto a isso ninguém lúcido se oporia! Aliás, foi exatamente porque vocês foram reprimidos que a população resolveu aderir em massa. Mas... Espia! Vocês escolhem a maneira mais provocativa para se manifestar. Não poderia ser de outro modo, senão não conseguiriam chamar a atenção para suas ideias, némess? Tem um problema ai! Suas ideias deveriam entusiasmar e cativar as pessoas, mas suas ações irritam até aqueles que simpatizam com elas. A estratégia de vocês já está manjada e já esgotou quase toda a tolerância da população afetada por ela.

Organização e constituição
O apoio mútuo deve ser a base que garante a existência do movimento em nível movimento nacional. O MPL se constitui através de um pacto federativo, isto é, uma aliança em que as partes obrigam-se recíproca e igualmente e na qual os movimentos nas cidades mantêm a sua autonomia diante do movimento em nível federal, ou seja, um pacto no qual é respeitada a autonomia local de organização.
Tá certo! Mas deve existir alguma diretriz, correto? É preciso ter uma coluna dorsal que sustente a existência linear do movimento, não acham? Independência, sim, mas com um elo que sempre os resgate da difusão, como vimos anteriormente. Só que o negócio é outro... Vocês nunca entenderam o sentido de hierarquia ou liderança, não sabem como fazer e por isso pregam essa independência. Pura retórica.

As unidades locais devem seguir os princípios federais do movimento. Ressalta-se que o princípio da Frente Única deve ser respeitado, estando acima de questões ideológicas. O MPL em nível federal é formado por representantes dos movimentos nas cidades, que constituem um Grupo de Trabalho (GT). O GT é formado por pelo menos 1 e no máximo 3 membros referendados pelas delegações presentes no Encontro. Os grupos locais de luta não presentes devem ter o aval dos movimentos que fizerem parte do GT. Deve-se garantir a rotatividade dentro do GT de acordo com as decisões do MPL local.
Então há uma liderança! Existe um corpo responsável por tudo o que deriva das decisões do movimento! E quem são esses especiais? Que pretensões, qualificações e soluções possuem? Quais bases foram utilizadas como referência? Que segurança garantem para a sociedade, caso seja efetivo o seu intento? O sistema eleitoral é uma bosta, mas eu tenho condições e recursos para avaliar as pessoas que se candidatam para se tornarem meus carrascos. Sem essa possibilidade já é um jogo injusto!

(...)

Encerro
Para concluir, gostaria de ter algumas perguntas respondidas pelo Movimento e que não são esclarecidas em nenhum dos sites e blogs que utilizam. Também não consegui ouvir nenhum dos especialistas que os defendem com um argumento plausível. São Elas:

  1. Já que o movimento não aceita depender de doações de empresas, ONGs, partidos políticos e outras organizações e, ainda sim, determina como devem ser administrados os recursos financeiros através de sua "auto-gestão", de onde vem o dinheiro que mantém o movimento e, se possível, qual foi o seu último resultado financeiro? A resposta que tenho não é suficiente, pois doações dos membros parece mais com extorsão.
  2. Já que são independentes e suas ações locais devem seguir e respeitar os princípios organizativos nacionais, porque permitiram e aceitaram se beneficiar do contágio de outras pautas, levando para as mesas de negociação apenas a questão do aumento da tarifa dos transportes em 2013?
  3. Já que se definem como um movimento horizontal onde todos são líderes (o que parece ser uma forma de tirar o cu da reta dos verdadeiros cabeças), como pretendem conduzir o movimento, caso outros manifestantes que exigiam outras pautas se sintam insatisfeitos com os resultados e pretendam se opor a diretriz atual do movimento?
  4. Já fizeram as autoridades recuarem quanto ao aumento uma vez. Quando conseguirem colocar de joelhos todas as autoridades, o que pretendem fazer com a sociedade contrária a seus objetivos, já que arcariam com o ônus?
  5. Como pretendem mudar, ou melhorar, o regime político atual? Quais são suas sugestões?
  6. Caso a resposta a última pergunta seja a de que o movimento é algo "dinâmico e que irá comportar as soluções conforme elas forem contribuídas em consenso", o que significaria que realmente não sabem o que querem, como irão lidar com os grupos que discordarem do consenso conquistado pelo movimento e resolverem sair as ruas protestando contra vocês?
  7. Agora uma curiosidade pessoal! Como se sentiriam ou reagiriam se um pastor aparecesse empunhando uma bíblia e impondo palavras de ordem contra o vosso comportamento e as músicas que ouvem durante uma das festas que vocês promovem e participam? Se o exemplo do pastor não servir, eu substituo por um cidadão qualquer que simplesmente não aprecia os seus costumes, seu comportamento obsessivo por celulares, os seus cortes de cabelo e os seus trajes. Por que é assim que as pessoas que vocês prejudicam se sentem...
  8. Todos nós deveremos estudar somente Ciências Humanas e aderir aos gostos exóticos por moda e música apreciados pelo movimento?
  9. Por fim, como esperam conquistar seus objetivos sendo respeitados pela população se ainda não aprenderam a respeitar e conviver com ideias e costumes diferentes?

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