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Câmara de Birigui aprova novo salário para 2017

Vereador Paquinha de Birigui - Blog do Asno
Mesmo de longe ainda consigo me indignar com as manobras em Birigui... Um quarto da população brasileira, ou seja, mais de 50 milhões de pessoas, recebe o Bolsa Família. Isso significa que existem 14 milhões de famílias em meu país que recebem até R$ 77,00 per capita por mês. Considerando uma família de quatro pessoas, seria uma renda de R$ 308,00 para que todos sobrevivam durante trinta dias. O Salário mínimo em julho de 1994 era R$ 64,79 e, segundo o Dieese, para uma família média suprir suas necessidades básicas naquela época seria necessário que esse salário fosse de R$ 590,33, ou seja, mais de 9 vezes o valor estipulado. Atualmente o salário mínimo é de R$ 880,00 e o Dieese aponta que o valor necessário para as mesmas necessidades seria de R$ 3.795,24, ou seja, mais de 4 vezes o valor determinado pelo governo. Então há o que se comemorar? Afinal, houve ganho real no salário mínimo! Espia só... Passaram-se 3.896 dias desde que se estabeleceu o valor de R$ 64,79 como salário mínimo e de lá para cá e o melhor que conseguimos foi isso? Um salário de 220 dólares contra 100 em 1994? Os brasileiros esperaram quase 20 anos para obter apenas isso?

Como, em nome do bom senso, ainda há mais de 50 milhões de pessoas necessitando de Bolsa Família depois desse tempo todo?? Que porra de serviço nossos representantes estão nos prestando? Que argumento pobre é esse de que os resultados da economia só não são melhores por que há uma "elite" que não deseja que os pobres ascendam a camadas mais privilegiadas? Os políticos não sabem o que e como fazer e aí colocam a culpa numa entidade intangível! Que eu saiba, ricos são as pessoas que produzem os bens de consumo e para eles é muito mais interessante que todas as pessoas tenham cada vez mais condições para consumirem os seus produtos! Que rico idiota fabricante de ar condicionado, por exemplo, vai querer que apenas os ricos comprem seu produto? A maior crítica não é justamente de que a concentração da renda está nas mãos de apenas 2% da população. Esses dois por cento vão consumir todos os bens produzidos no país? Como vai melhorar a distribuição da renda sem investir em tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e formação especial de mentes capazes de transformar informação em soluções?

O Estado brasileiro só conhece uma maneira de atuar... Cobrando e aumentando impostos! É de dar medo! Até quando seremos tão irresponsáveis na escolha de nossos representantes? Até quando seremos guiados por nossa fé cega no herói mítico que irá nos salvar. Para nossos eleitos não há dificuldades nunca. São eles por exemplo, que determinam o próprio salário que está bem longe de ser mínimo. Tomo como exemplo a cidade de Birigui, no noroeste do estado de São Paulo. É uma cidade comum com pouco mais de 110 mil habitantes. Sua renda per capita é pouco maior que um salário mínimo devido ao baio valor agregado de seu principal produto: o calçado infantil. Nenhum prefeito teve pinto para diversificar a planta industrial dessa cidade e quando teve, foi barrado pelos vereadores do turno. A cidade possui uma arrecadação medíocre, seus serviços aos cidadãos são medíocres, o desenvolvimento e a produção intelectual são medíocres e, consequentemente, até as programações culturais do município seguem o mesmo padrão. A única coisa que não é medíocre nesse município são os salários dos senhores políticos que, aliás, teve reajuste para a próxima legislatura aprovado nessa semana!

Não me importa se desde 2004 não havia reajuste. O que importa é que 16 vereadores passarão a receber R$ 7.768,60 e o presidente receberá R$ 10.345,16. Dei uma olhada na produção da casa em 2015... Não me impressionou! Se a população biriguiense está satisfeita com os serviços prestados por esses senhores, então não deve reclamar de pagar a eles R$ 134.642,76 por mês, fora os benefícios e mais aos seus assessores por que, afinal, eles trabalham muito pela cidade. Seis vereadores votaram contrário ao reajuste, mas nem menciono seus nomes por que considero pura hipocrisia. Se o sistema funcionasse de forma que os contrários, sendo eleitos para a próxima legislatura, não fossem beneficiados pelo aumento e, ainda assim, esses senhores votassem contra, daí eu os elogiaria e faria franca defesa de seus mandatos. Não! Não considero a função de um vereador superior a de um professor do Ciclo I. Não concordo com a ideia de tratar aos representantes eleitos como especiais com privilégios acima daqueles que representam. Salário alto na Câmara apenas atrai vagabundos, psicopatas, parasitas e gente que não seria capaz de oferecer um mínimo de conforto para suas famílias de outra maneira.

Considero que em todos os pleitos eleitorais existam pessoas decentes com capacidade e dedicação suficientes para representar aos eleitores. Contudo, essas pessoas decentes não têm a menor chance contra indivíduos idolatrados por uma multidão de bestas que se impressionam facilmente com o palavrório vocalizado com entonação, mas... Vazio! Enquanto mais de 50 milhões de pessoas ainda precisam de um Bolsa Família, enquanto a maioria ainda briga com a calculadora para sobreviver com a mixaria que recebe, todos os municípios vergonhosamente sustentam uma classe de seres especiais indiferentes ao que todo o restante passa. Vem eleição aí!! Sabe o que vai acontecer? Vamos eleger todos eles novamente e continuar reclamando! Alguns, que dobram a espinha e caminham de joelhos na sombra desses especiais vão continuar amealhando as migalhas deixadas por eles. Isso os conforma e os faz lutar com convicção para defender seus senhores... Não é nos políticos que perdi a fé... Confio cada vez menos nos eleitores.

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