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Um país inteiro na UTI. De quem é a culpa?

Dom Quixote - Blog do Asno
"Infeliz a nação que precisa de heróis", dizia Bertolt Brecht. No nosso caso, nem heróis de verdade existiram ou existem em nossa história. Fomos sempre doutrinados para reconhecer nas ações de certos indivíduos um heroísmo quase messiânico, quando na realidade não passavam de soluços de pessoas medíocres que nada agregaram aos nossos anais. Nossos heróis de verdade são anônimos toda a vida. São os médicos que salvam vidas, professores que edificam existências, policiais que protegem e outros tantos que agem sem justa remuneração. No Brasil louvam-se vários nomes e pretende-se canonizar outros e sempre no campo da política. Porém, quantos realmente produziram efeito suficiente para impedir que o país chegasse ao horizonte em que nos encontramos. Também é do Brecht outra frase suprema no seu poema Sobre a violência, "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem". O que causa o fluxo anormal do metafórico "rio" de Brecht? As margens, disse ele! Aquilo que dá a forma ao rio. O que torna o nosso país em um eterno esculacho em todas as suas fronteiras? Não são suas "margens", mas sim, quem determina a maneira como ele deve se organizar. E quem representa o papel de tão asquerosa vilania? Esse tirano caliginoso encontra-se condensado na parcela do povo que escolhe seus heróis com base na confiança injustificada de uma suposta superioridade e também na outra parcela daqueles que se omitem nessa escolha. Quem está ausente nunca terá razão sobre nada e omitir-se no processo eleitoral não extingue a culpa por estarmos todos no limite da barbárie.

O Brasil está perigosamente posicionado no umbral que nos conduz a um colapso geral. Já conhecemos as crises decanas e infinitas nos setores de saúde, economia, educação e segurança pública. Começamos a experimentar a turvação de uma crise política que só irá piorar se considerarmos que o próprio eleitorado que conduziu ao poder os agentes de nosso calvário irá reconduzi-los aos mesmos postos novamente em 2018. Que bases tenho para afirmar isso com tanta convicção? Primeiro as eleições de 2016 que demonstraram um breve suspiro na renovação de parte dos políticos que agora ocupam o poder executivo dos municípios, mas que foram escolhidos porcamente seguindo os mesmos critérios que sempre colocava os ineptos para governar. Segundo, nessas mesmas eleições, o resultado calamitoso das eleições legislativas que demonstram o quanto regredimos nos últimos anos. Em alguns municípios, menos da metade do eleitorado contribuiu com seu voto abrindo brecha para que os parasitas garantissem seu lugar ao Sol. Houve até político preso assumindo mandato devido a irresponsabilidade dos eleitores. Na última eleição, de uma avaliação de setenta candidatos, conheci vinte indivíduos perfeitos para assumirem o cargo de vereador da cidade, porém nenhum deles conseguiu mais do que duzentos votos e não foram eleitos. Os imbecis que preferiram não votar argumentavam que "ninguém prestava". Essa tolice repetida a cada pleito custa muito caro para nossa sociedade e ocorre por uma única razão: somos todos IDIOTAS!

Somos idiotas por natureza, mas esse é um defeito muito fácil de ser corrigido. Basta não limitarmos nossa fonte de informações a uma única raiz, não descuidarmos do que é justo e comum a todos e, principalmente não esquecermos que vivemos em sociedade que sofre influências por tudo o que pensamos e fazemos. Minhas escolhas ou não escolhas afetam a todas as pessoas que convivem na mesma comunidade que eu. Se eu negligencio essa sentença irei recolher o impacto das escolhas ou não escolhas dos demais. Simples assim! Cabe apenas aos eleitores a tarefa de mudar o Sistema Eleitoral Brasileiro. De outro modo não será possível, pois partido algum abrirá mão do poder que acreditam pertencer a eles. Há caminho para isso definido em nossa Constituição Federal e que já sofreu tentativas de ataques por parte dos parlamentares que, por escolha ou omissão, permitimos nos conduzir. Trata-se da Iniciativa Popular que carece de líderes, ou "heróis", com coragem e determinação para se dispor a esclarecer aos outros quais caminhos devemos trilhar para a boa convivência em sociedade. Essa revolução não ocorrerá nas escolas, os professores são, em sua maioria, doutrinados demais. Não ocorrerá na política convencional, os políticos são tão idiotas quanto nós e não abrirão mão do poder facilmente. Também não ocorrerá nos jornais, na TV e, tampouco, nas redes sociais. A geração que consome informação miojo não terá capacidade de contribuir para a fundação de uma república que jamais aconteceu em nosso país.

Infelizmente... Ainda precisamos de heróis... Quem se oferece ao sacrifício?

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