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A Cassação de Glauber Braga e a Seletividade do Conselho de Ética | Blog do Asno

Glauber Braga | Blog do Asno

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, por 13 votos a 5, o pedido de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), acusado de agredir e expulsar um membro do MBL do Congresso em abril de 2024. O caso, amplamente divulgado, mostra um parlamentar perdendo a compostura diante de provocações, reagindo com violência física – algo inaceitável para um representante público.

A Conduta de Glauber Merece Punição? Sim!!
Não há dúvidas de que um deputado federal, figura pública que deve zelar pelo diálogo e pela institucionalidade, não pode recorrer a chutes e empurrões para resolver conflitos. Glauber alega que o ativista do MBL, Gabriel Costenaro, o provocou repetidamente e ofendeu sua mãe, mas a violência não pode ser justificada como resposta. Se o plenário da Câmara confirmar a cassação, estará reforçando que agressões físicas são incompatíveis com o decoro parlamentar e isso está absolutamente correto!

Mas, e a Coerência do Conselho de Ética? Essa é a Grande Questão.
Enquanto o caso de Glauber avança rapidamente, outros parlamentares com acusações gravíssimas seguem impunes, evidenciando uma seletividade política inegável:

  • Domingos Brazão (sem partido) está preso, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Mesmo assim, seu caso sequer foi levado ao Conselho de Ética.

  • Nicolas Ferreira (PL-MG) protagonizou cenas lamentáveis, como usar a tribuna para imitar um macaco e atacar a ministra dos Direitos Humanos, Sílvia Almeida. Nenhuma punição.

  • Carla Zambelli (PL-SP) perseguiu um homem armada em plena via pública, em um caso que irá render-lhe condenação criminal. O Conselho de Ética não moveu uma palha.

  • Gilvan da Federal (PL-DF) declarou publicamente que desejava a morte do presidente Lula. Nenhuma repreensão.

Por Que Só Glauber Está Sendo Julgado?
A resposta parece clara: há um viés político nas punições. Enquanto deputados de partidos alinhados ao centrão ou à direita bolsonarista cometem infrações graves e seguem impunes, um parlamentar do PSOL é rapidamente alvo de cassação por um ato de violência – condenável, mas menos grave do que mandar matar uma vereadora ou ameaçar o presidente da República.

Conclusão: Justiça Sim, Mas Para Todos
Glauber Braga errou e deve ser punido, mas a Câmara não pode fingir que seu caso é isolado. Se o critério for ético, então que se investiguem todos os envolvidos em crimes graves – não apenas os que são politicamente inconvenientes. Enquanto o Conselho de Ética agir com dois pesos e uma medida, sua credibilidade continuará sendo questionada, e a cassação de Glauber parecerá mais uma peça de um jogo político do que uma verdadeira defesa da moralidade pública.

O debate não é sobre defender Glauber, mas sobre exigir que a ética valha para todos – não apenas para alguns.

Consideração Final: Aversão Pessoal e a Degeneração da Política

Não me iludo sobre quem é Glauber Braga. Tenho completa aversão às suas atuações na Câmara, aos seus posicionamentos e ao seu projeto político. Na minha avaliação, ele nem deveria ter sido eleito, e agora colhe os frutos de uma conduta que, em diversos momentos, mostrou-se agressiva e desequilibrada. Se dependesse apenas do mérito político, seu mandato já estaria em xeque há muito tempo.

Porém, como eleitor atento, não posso ignorar a perversidade em curso. O que estamos vendo não é apenas a cassação de um deputado problemático, mas a consolidação de um sistema seletivo de punições, onde alguns são crucificados por erros reais, enquanto outros, muito piores, são protegidos por conveniências partidárias e interesses escusos.

A degeneração da política brasileira nunca esteve tão clara. Parlamentares acusados de crimes brutais seguem impunes, enquanto o Conselho de Ética age apenas quando convém. Se querem punir Glauber, que o façam – mas que também cassem Brazão, Ferreira, Zambelli e Gilvan. Caso contrário, essa cassação será apenas mais um capítulo na hipocrisia que domina o Congresso, onde a ética é um instrumento político e não um princípio.

O problema não é apenas Glauber perder o mandato. O problema é que, nesse ritmo, quem realmente deveria ser expulso da política continua lá, rindo da cara da Justiça, sobretudo, parlamentares que logo estarão na mesma condição e outros que já deveriam ter sido cassados. E isso é inaceitável.

Fontes:

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