BASTA! NON DUCOR, DUCO!
Ontem, 15 de novembro de 2014, dia em que se comemorou os 125 anos da Proclamação da República, acordei inspirado pelo lema de São Paulo: "Não sou conduzido, conduzo!". Realizei minhas básicas atividades domésticas, me dirigi até a Praça 8 de Dezembro, aguardei o ônibus da Linha 253 que me levou ao Metrô Penha. De lá fui até o Metrô Carrão onde encontrei meu amigo que seguiu junto comigo até a estação República. Tomamos o metrô da Linha Amarela e de lá seguimos para a Linha Verde até chegar ao MASP. Um percurso digno de um legítimo representante da "Elite Branca" paulistana. Ali, na Avenida Paulista, coluna vertebral do centro financeiro de São Paulo, sob a sombra do MASP, nos juntamos a outros abastados integrantes da tal elite que Lula ensinou a odiar. A polícia informou que éramos 10 mil... A impressão que tínhamos era muito maior, mas o que importa? Seria menos importante se fôssemos apenas 100? Parece que para a maioria dos jornais não seria importante ainda que fôssemos 51 milhões!
Eu e meu amigo caminhamos através da multidão e vimos todo tipo de manifestante legítimo, cada um ostentando as cores verdadeiras dessa nação. Compúnhamos uma massa formada pela elite branca, parda, amarela e afrodescendentezinha com seus milhares de pais, mães, professores, aposentados, cadeirantes, profissionais da saúde, segurança, etc... Enfim, trabalhadores cansados de uma dura jornada semanal agarrados a um sentimento de "Basta!". Encontrei pessoas de São Bernardo do Campo, Sorocaba e até do meu querido estado de Santa Catarina. Desta vez discordarei do músico Lobão e do jornalista Reinaldo Azevedo que fizeram duras críticas a presença de um grupo pequeno de pessoas que ali estavam para pedir pela intervenção militar. Embora eu discorde da demanda, não posso deixar de reconhecer que eles tinham tanto direito de estar ali quanto qualquer um de nós. Até os militantes vermelhinhos teriam o mesmo direito. E olha que eles encontraram maneiras de estarem presentes também! Em um regime democrático verdadeiro é assim que as coisas devem funcionar!
Estive lá pela minha demanda pessoal: a garantia da manutenção das liberdades do indivíduo, o reforço da livre iniciativa e a reconquista dos valores do indivíduo contra sua desintegração dentro de coletivos. Claro que discordo de algumas posturas e também acredito que nisso somos bem inferiores aos militantes de consciência alugada ou não. Militantes são orquestrados e marcham sempre por uma única causa: a supressão do indivíduo para benefício de uma legenda ou ideologia. Neste caso, uma facção criminosa chamada de partido político! O movimento de ontem era organizado por pelo menos quatro grupos diferentes que, embora com demandas similares, se atrapalhavam mutuamente para conseguir espaço e falar para a multidão. Algo que incomodava muita gente! Poucos ali estiveram também para manifestar apoio ao candidato derrotado na última eleição, Aécio Neves, mas não conseguiam a adesão de franca maioria que transitava por ali e empunhavam seus próprios cartazes, segundo sua compreensão do que era mais relevante para exigir.
Não acredito que todos os organizadores que estiveram ali não possuíam mesmo alguma ligação ou interesse partidário, mas o que importava de fato é que a maioria das pessoas presentes não estavam nem um pouco interessadas nisso! O resumo de tudo é que o movimento tende a crescer muito ao sabor dos fatos que ainda estão se desenrolando, sobretudo no que diz respeito a Operação Lava Jato deflagrada pela Polícia Federal. O que merece maior destaque em tudo é que a manifestação foi ordeira, sem vandalismos e sem tumultos, uma verdadeira lição de civismo. O juiz Sérgio Moro que foi macho o suficiente para dar seriedade a operação da PF também foi elogiado e aplaudido durante toda a passeata. Tive grande orgulho de estar rodeado de fato por pessoas que se importam com o país e não o querem seguindo na direção de regimes como os exemplos do argentino, cubano e venezuelano. Tive a grata surpresa em encontrar pessoas seguras de si e com a mente sadia no que diz respeito ao sentido de democracia. Essas mesmas pessoas marchavam diante de uns poucos que ostentavam cartazes com dizeres como "Bando de alienados!".
É o que venho escrevendo há tempos! Antes o inimigo do povo era o Estado e sua sanha em controlar, dominar e conduzir a vontade desse mesmo povo. Atualmente, após mais de trinta anos de aparelhamento, loteamento e ocupação de espaços, um partido chega ao poder e consegue o mesmo êxito venezuelano: jogar o povo contra o si mesmo! Somos trabalhadores em marcha e com o dedo em riste contra outros trabalhadores. É claro que alguns sempre se sentem mais beneficiados com esse ou aquele governo e esta é a razão para que alguns também achem a via da intervenção militar um bom negócio. Acontece que não há lado certo nessa disputa. O fracionamento de ideias e posições só interessa mesmo ao Estado e não ao povo! De novo! É a velha estratégia do dividir para conquistar! Estamos divididos e sem uma liderança responsável.
Estou feliz por ter participado da marcha do dia 15 de Novembro de 2014, mas para ficar ainda melhor em futuras manifestações, basta que todos tenham consciência de que podem cuidar do próprio lixo e não deixem espalhadas as garrafas plásticas e papeis pelo centro da cidade! Alguns não parecem ter noção plena do que é cidadania ainda. Há que se salientar também que, completamente oposto as manifestações de 2013, a presença da polícia foi bem vinda e aplaudida durante todo o percurso que saiu da sombra do MASP até a majestosa Catedral da Sé. Um evento marcado por muito significado, sobretudo no dia de ontem e nos lugares por onde a multidão passou. Terminado meu ato cívico, partimos eu e meu velho amigo da estação Sé e seguimos de volta para nossas suntuosas residências. Ele desceu na estação Belém e eu segui direto para a Penha de onde peguei uma lotação que me deixou de volta na Praça 8 de Dezembro. Um sábado recreativo para um membro feliz da elite branca paulistana!
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