O caso dos Snoopys do Instituto Royal
Obviamente, a esta altura, já está claro para quem tem o costume de acompanhar o que escrevo que não o faço por renda e sim por mero exercício mental como jogar xadrez, ler e estudar música. Sempre escrevo, embora nem sempre no blog. Outras ocupações também requerem minha atenção e acabo deixando muitos assuntos sem o devido registro. A bola da vez é o caso do ataque ao Instituto Royal de São Roque onde foram roubados 178 Beagles sob a alegação de que estariam sendo torturados e abusados em experimentos científicos para fins banais (segundo o faciobuquio), como o desenvolvimento de cosméticos. Sim! Os verbos estão corretos! O Instituto foi ATACADO e os cães foram ROUBADOS. Aguardei até que aparecessem as tais evidências de que o laboratório estaria realmente promovendo alguma irregularidade frente a nossa legislação. Nada foi apresentado, senão o alarido do deputado Fernando Capez (PSDB) e os depoimentos de sumidades intelectuais de nossa mídia brasileira. Opinião de cientista que é bom, só apareceram as favoráveis ao laboratório.
“Art. 22. As instituições que criem ou utilizem animais para ensino ou pesquisa existentes no País antes da data de vigência desta Lei deverão:I – criar a CEUA, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, após a regulamentação referida no art. 25 desta Lei;II – compatibilizar suas instalações físicas, no prazo máximo de 5 (cinco) anos, a partir da entrada em vigor das normas estabelecidas pelo CONCEA, com base no inciso V do caput do art. 5o desta Lei.”
"Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Vejam agora o vídeo com a doutora Silvia Ortiz esclarecendo quanto ao funcionamento do Instituto Royal:
Só para recordar aos que sabem e informar aos que ignoram, em 6 de junho de 1885 um jovem chamado Joseph Meister foi utilizado em uma experimentação científica pelo ilustríssimo senhor Louis Pasteur. O caso serviu para a descoberta da vacina contra a raiva (hidrofobia). Isso rendeu a Pasteur uma notoriedade e respeito histórico, mas muitos ignoram que para que sua descoberta fosse provada ele teve de injetar sua vacina e depois uma dose cavalar do vírus ativo no menino para ter a confirmação de que sua vacina funcionaria. Não foi um caso de salvação! Ele arriscou a vida do menino para garantir que sua invenção funcionava. Talvez seja esse o modelo de cientista que queremos para esse momento de nossa história.
Sou favorável a proteção aos animais de possíveis abusos, porém prefiro contribuir de modo que novos e seguros meios de produzirmos medicamentos sem o emprego deles sejam descobertos e estimulados. Sou contra a mera e vazia agressão sem que uma sugestão plausível seja proposta. Então, neste caso, estou do lado dos cientistas que lutam pelo alívio dos suplícios humanos e seguem a lei que regulamenta o tratamento para com os animais e estou contra os ativistas que nada de melhor têm a oferecer como opção.
Boa tarde Nilson.
ResponderExcluirGosto muito do que você escreve.
Mas no caso em questão, NÃO concordo com o uso de animais em cosméticos ou produtos de limpeza.
Estar corretamente dentro das Leis, "no caso do Instituto", não significa estar respaldado em atrocidades, mesmo porque animais não usam cosméticos. Animais nem sequer tem tipo sangue. Então são diferentes de nós. Eles são mais evoluídos, muito melhores que nós.
Não estava lá por questões de distancia, mas esta "bagunça" generalizada que se formou após o ocorrido são pessoas que não estão comprometidas com a vida dos bichos, pois queriam cães de raça simplesmente, mas não tiveram coragem de brigar por eles, então estão soltando os animais nas ruas. Pela segunda vez estes animais estão desprotegidos.
Quanto o que a Sra Ortiz fala, apenas diz o que as pessoas querem ouvir, não acredito em nada no seu discurso.
Pesquisas deveriam ser feitas para salvar vidas, não só de humanos, mas animais também. Mas o que ocorre é que através das chamadas pesquisas para a humanidade, o ego, a ganancia, o status falam mais alto.
Devo salientar também sobre os abatedouros de bovinos, existem cada coisa.....
E na minha opinião os seres humanos estão tão cruéis que não merecem sacrifício algum.
Se querem fazer pesquisas que façam com estupradores, psicopatas e afins. Temos muitos exemplares.
Abraços
Boa tarde e muito obrigado por sua contribuição. É claro que achei sua última sugestão tentadora! Quase pensei em promover tal ideia, mas fiquei com medo. Afinal ideias boas também são distorcidas e acabam virando causa para criminosos. Mas, voltando ao início, desde que retomei meus estudos e refiz a minha escolha para as ciências biológicas, sei que primeiro, testes para cosméticos e produtos de limpeza não precisam da participação de seres vivos. São realizados in vitro há muito tempo. Se ainda existe no mundo alguma caverna que realiza esse tipo de atrocidade lá deveriam estar os ativistas. Segundo, os próprios animais também dependem do que é realizado em laboratórios como o Instituto Royal. Conheço pessoas que lidam com cavalos, por exemplo, e gastam uma fortuna mensal com veterinários para manter seus companheiros livres de enfermidades. Também conheço uma pessoa que possui dos cães da raça Pug que não podem soluçar e já são assistidos por profissionais. O caso é que nenhum desses animais estaria protegido de fato se não houvesse sido desenvolvidas drogas adequadas a eles. O mecanismo é o mesmo e a prática nem é o recurso que a maioria das pessoas acredita. Animais como os cães só entram na dança quando todos os testes possíveis já foram realizados e sua segurança é garantida. Antes deles, numa escala menos segura, vêm os camundongos. Quando se chega ao estágio de um beagle por exemplo, já está quase que completo o ciclo de desenvolvimento da droga e não é raro o caso de cientistas que aplicam em si mesmos a droga para obterem uma constatação ainda mais precisa. Também não gosto que se abuse dos bichinhos, mas prefiro o caminho do menor dano e reconheço que o que vem sendo feito está em acordo com a legislação. Contudo, gosto menos ainda de pessoas que se dizem preocupados com os animais e o que fazem é expô-los a maiores danos como a interrupção dos teste. Ora! Quem garante que dali não foram tirados cães que estavam em processo de avaliação e que precisariam tomar antídotos para possíveis testes que pudessem ter sido realizados com eles? Mas, valeu! Continuo achando sua sugestão muito tentadora...
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