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Zé Dirceu aplaude derrota do Voto Facultativo na Câmara! E eu com isso? Tudo...

Voto Facultativo - Um Asno
Na última quarta-feira a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado rejeitou, por 17 votos a 6, uma PEC de autoria do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), com voto favorável do relator, Pedro Taques (PDT-MT), que instituía o voto facultativo no Brasil. Na verdade a única falha grave no regime ao qual denominamos democrático no Brasil reside no fato de que o voto ainda seja obrigatório. Curiosos mesmo são os argumentos que são empregados para justificar isso. Particularmente, considero uma aberração do raciocínio de sociopatas tratar o voto como um "direito do cidadão" tornando a obediência a esse "direito" obrigatória. Nem dei bola para o fato porque já sabia de antemão qual seria o resultado. Não me surpreendeu nem um pouco quando li no Blog do Zé Dirceu um texto asqueroso intitulado "Pelo voto obrigatório e contra a adoção do voto facultativo no Brasil", aplaudindo o resultado da votação (leia aqui).

Não me surpreende que uma criatura paternalista consumida por uma patológica visão de si mesmo como um dos sábios tutores a quem devemos nos submeter a sua tutela, por sermos ainda incapazes e negligentes com nossas escolhas, chegue a essa conclusão. Surpreendeu-me, sim, foram os votos contrários dos senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Pedro Simon (PMDB-RS). Suas argumentações apenas corroboram a visão que a maioria dos políticos tem dos eleitores. Para eles todos somos infantis demais pra lidarmos com os assuntos sérios. A explicação de Simon ainda foi mais frágil. O senador veio com o papo de que se o voto facultativo fosse implantado no país, as eleições seriam facilmente manipuladas com aquele famoso jeitinho que os políticos sempre dão para convencer seus eleitores. Ora! Por acaso com a obrigatoriedade isso é diferente? Ainda não persiste nesta democracia o famigerado comércio de votos?

Como disse o senador Pedro Taques (PDT-MT): “Ou nós chegamos à conclusão de que o cidadão brasileiro está preparado para fazer opções ou vamos continuar numa atitude paternalista de que o cidadão precisa ser tutelado por aquele que é mais inteligente”. Na mosca! Mas nem de longe é o voto obrigatório ou facultativo que determina a qualidade de uma democracia. Ou tratamos o direito como direito ou aceitamos definitivamente que ele seja tratado apenas como obrigação! Fingir liberdades não nos alça ao nível legítimo da acepção da palavra. Se se trata de uma imposição, então não estamos falando de direito e ponto! Para "democratas" que lutaram por uma ditadura socialista no Brasil, ou seja, que enxergam o estado como um grande paizão que deve cuidar de todos os interesses de sua população, como José Dirceu isso é mais do que natural. Não me admira em nada que ele e grande fração do seu partido estejam alinhados a continuidade do voto obrigatório. Sua defesa é que denuncia suas intenções tirânicas.

Não há dúvidas de que a questão seja cultural e deva ser mais debatida, sobretudo no contexto de uma reforma política. Nisso não discordo de Dirceu. Discordo, sim, é de como ele acha que deveria ser proposta tal reforma! Estou convicto de que no momento em que o voto seja uma opção facultada à população, promoveremos um amadurecimento e uma melhoraria na qualidade da representação política. Não tenho dúvidas de que seria um caos no princípio, afinal, ainda não nos acostumamos a realmente ter o direito, ou não, de escolher. Rejeito completamente o argumento da senadora Ana Rita (PT-ES), onde reitera sua convicção de que trata-se de uma questão cultural afirmando: “A democracia brasileira está em processo de construção. Os cidadãos brasileiros (ainda) não tem a plena consciência do que significa o voto na hora de escolher os seus representantes. O voto facultativo precisa ser analisado, mas mais à frente. É uma questão cultural, até porque nós temos uma democracia muito jovem”. Rejeito também o argumento do senador Aloysio Nunes que afirmou que o fim do voto obrigatório contribuiria para a elitização da política brasileira.

Então a nossa infante democracia ainda está num processo de formação? Achei que fosse o contrário! Que os nossos políticos é que ainda estavam em franco processo de aprendizado do real significado da palavra representação. Sim! O povo brasileiro ainda não está preparado para votar de forma madura (e nunca estará, enquanto for "obrigado a exercer esse direito"). Não! Não cabe ao povo o ônus de provar que está preparado para ser livre na escolha. São os políticos que precisam, urgentemente, mudarem suas visões paternalistas e assumirem sua função verdadeira de subordinados aos interesses da nação e não apenas aos seus interesses corporativistas. Deem o direito ao voto facultativo aos eleitores e serão os políticos que terão de mudar seu comportamento frente ao eleitorado. Por isso gente muito fã da democracia tutelada como os sociopatas como José Dirceu temem que o cidadão seja livre para escolher votar, ou não, no seu projeto de poder.

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