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O Efeito Manada, um "Rolezinho" nobre em Birigui e uma sugestão!

Rolezinho - Um Asno
Um velho adágio sentencia: "Tempo é a gente que faz". Não! Tempo a gente gerencia e gerenciamento exige prioridades. Por esta razão, tenho dedicado meu tempo mais para outras atividades laborais do que para meu próprio hobby que é escrever. Sintam-se à vontade para criticar quando vou na contramão do consenso geral, mas tem coisas que não podem passar sem uma reflexão mínima. Em tempos absurdos e de grande retrocesso na qualidade da formação da juventude contemporânea, o tal "Rolezinho" tem se tornado uma onda ridícula e a mais clara evidência de que o indivíduo está se diluindo no contexto coletivo sem mesmo compreender o quanto isto lhe custa ou lhe representa. Vou começar pelo final.

Um jovem de Birigui, Juliano Brolo, 20 anos, a quem já tive a oportunidade de conhecer e dialogar satisfatoriamente, uniu-se com mais quatro estudantes desta cidade e juntos visualizaram uma oportunidade para inovar o formato famigerado que brotou na Capital e vai promover o 1º Rolezinho Solidário com o objetivo de atrair doadores de sangue para o Hemocentro de Araçatuba. De maneira nenhuma eu poderia ser contra! O evento está agendado para o dia 15 de fevereiro, às 8h, na praça central de Birigui. Esse é o mesmo grupo que promoveu o Vem Pra Rua Birigui naquele período de onda de manifestações que explodiu pelo país. Naquela ocasião eu também havia elogiado a maneira como transcorreu o evento e até os seus desdobramentos em Birigui. Reforço o elogio novamente, mas não posso deixar de ir além de uma visão superficial do que está ocorrendo e também refletir sobre o outro lado da moeda.

Também pelo Faciobuquio me deparei com outra proposta de se promover no dia 1º de fevereiro um "Rolezinho" no Shopping de Araçatuba fiel ao molde que se popularizou em São Paulo. Esse negócio de que shopping é exclusivo para classes "A" e "B" é conversa fiada. Não conheço lugar mais democrático do que os shoppings para reunir todo tipo de gente (classe é pra militante). Aliás! Quem gosta mesmo de passear em shopping é da classe "C" e "D". Quem está inserido no que se convenciona chamar de classe "A" e "B" tem mais opções na cabeça. Além do mais, para "rever os camaradas, ver as promoções, pegar um cinema, tomar um chope e paquerar umas gatinhas... sem violência", não precisa de ação em grupo e também nunca vi ou soube de nenhuma situação onde pessoas tenham sido impedidas de entrar em shoppings, senão quando demonstraram razões para isso. E um bando caminhando a esmo com a possibilidade de ter em seu meio cavalheiros e damas nada comprometidos com a civilidade é uma baita razão para que os comerciantes dos shoppings se sintam inseguros. Mas esse ainda não é o ponto! Porque surgem tais ondas populares, sobretudo, amplificadas pelas tais redes sociais?

A primeira resposta é muito fácil! Por que a galera dedica tempo demais para essa monstruosidade chamada faciobuquio e de menos para atividades que possam conduzi-los ao melhor emprego da referida ferramenta! A segunda resposta já exige certa reflexão e o resgate de uma memória (no meu caso) distante. Alguém se lembra do livro infantil "Maria vai com as outras" de Sylvia Orthof? E da história que deu origem a expressão "Maria vai com as outras"? Mamãe sempre dizia para que eu não fosse uma "Maria vai com as outras" e o resultado é que acabei sozinho! Tá bom, não vem ao caso repetir a história que originou a expressão, mas sim a razão do emprego desta para algo mais relevante a este artigo: o Efeito Manada. Ressalto que nada tem a ver com a proposta dos jovens de Birigui, a qual apoio.

O efeito manada é que causa o fenômeno "Maria vai com as outras" que ocorre na sociedade. É quando indivíduos recebem determinados estímulos ou informações e seu cérebro lhes dá uma resposta biológica que os faz atuar em bando, como uma manada. Isso ocorre porque nossa decisão não é necessariamente uma resposta consciente. Nosso cérebro responde automaticamente ao estímulo e, quando somos passivos no processo, aderimos a uma decisão coletiva não por que não queremos ficar de fora, mas por que nos deixamos guiar por mecanismos emocionais onde poderíamos ajustar para respostas racionais. Não se trata de algo ruim, na verdade. O cérebro age assim por que essa é sua natureza: responder aos estímulos automaticamente para preservação da vida. Uma comparação fácil é observar como agem os animais em bando. Um começa a correr e logo todos o acompanham mesmo sem ter noção de qual é realmente a ameaça que pôs o primeiro em fuga. Nesse caso, seguir o bando pode fazer toda a diferença, pois aquele que demorar mais tempo para responder ao alarme acabará transformado no prato do dia.

Ah! Você é daqueles que acredita que no ser humano a resposta seja diferente? Nós só não temos ameaças do tipo acima com muita frequência, mas observem quando uma multidão corre na direção de algo, ou na oposta e verifique o que acontece com seu organismo. Um acidente, um desmoronamento, um incêndio, etc! A mesma resposta! O que o levou a criar uma conta (como todo mundo já estava fazendo) no faciobuquio mesmo? Você não tinha uma conta no Orkut antes? o que o levou até lá? E aqueles compartilhamentos toscos que nem nos tocamos porque os compartilhamos na realidade? Porque se colocam risos ao final daquelas piadas sem graça dos programas de humor? Porque será que todo mundo acha que todo político não presta, mesmo sem nunca nem ter se informado acerca de um único caso de corrupção?

É bem verdade que somos mais evoluídos que a maioria dos animais (sacou a sacanagem!) Somos, sim, dotados de maiores manifestações conscientes e podemos controlar nossos instintos ou mesmo questionar opiniões e ver os dois lados da moeda antes de tomar uma atitude. Nossas habilidades cognitivas são mais elaboradas que nos outros animais e é justamente por essa razão que o efeito manada ocorre a nós mesmo quando não estamos em perigo! Como o efeito manada nada mais é do que um mecanismo cognitivo de reação passiva ao grupo, não podemos concluir que se trata de uma evolução do comportamento, mas sim de uma herança das estruturas cognitivas que influenciam nas adaptações do nosso comportamento. Essa herança funciona em módulos durante nossa interação com o ambiente dentro de cada contexto cultural. Por isso nem sempre dá certo!

Como não ser cativado pelo efeito manada? Evitando a passividade, questionando cada atitude e pesando os prós e contras, conseguiremos nos livrar dos efeitos negativos do efeito manada. A vida não tem piloto automático e correções de rumo são necessárias a cada momento. Até que ponto o uso de celular e da internet é saudável e proveitoso? Observem que as atividades recreativas como jogar futebol, jogar bolinha de gude, brincar na rua com amigos tem se tornado algo bem incomum entre crianças e adolescentes contemporâneos. As relações dos jovens estão muito mais baseadas no virtual do que no real. Nem tudo é negativo, mas algumas questões devem ser levadas à sério. Quem ainda está buscando pela sua identidade passa por algumas crises que estão cada vez mais explícitas no uso das tecnologias atuais. O que é um Fake (falso), senão o resultado destes conflitos internos. Estamos ficando viciados e dependentes dessas "virtualidades".

Concluindo...
Temos de tomar cuidados urgentes para não permitir danos ainda maiores a como nosso organismo responde as emoções. Reflita um pouco! Como foi o último encontro real com os amigos?  Como estava o seu humor ou como expressava suas emoções? É a mesma coisa que na tela do computador? Ficar de frente para a tela tem se tornado cada vez mais um ato de dar as costas para a realidade. Não sou contra a tecnologia, nem tampouco contra a interação que se colhe através dela, mas há o perigo por trás do excesso.

Sou absolutamente favorável a iniciativa dos garotos que pretendem promover o mutirão para auxiliar o Hemocentro e espero que outras iniciativas como essa se multipliquem. Reitero que compreendo a iniciativa deles como uma bela sacada ao perceber a onda e capturar seu conceito para uma utilidade maior. Me parece que nossa cidade vem demonstrando certa evolução em relação ao resto do país, mas ainda tenho sérias precauções quanto a propostas de mobilizações da massa, por mais nobres que possam parecer seus objetivos. Muitas coisas ruins brotaram assim. Apenas sugiro cautela e análise quanto ao uso das redes sociais.

Uma última provocação
Queria mesmo era ver a galera promovendo um "rolezinho" nas bibliotecas municipais!

3 comentários:

  1. se voce acha o facebook tão ruim assim porque não faz um favor a si mesmo e esclui seu perfil e desaparece de vez da net

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    1. Nossa Anônimo! Você é fiel! Estou quase no meu segundo ano on line e você não deixa de me acompanhar! Não sei o que você pode ter entendido do texto, mas vou fazer um favor a mim mesmo: siga seu próprio conselho e vá acompanhar o site do Big Brother.

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    2. Eis aí um típico facebooketeiro que acha que a Internet é o feicibuqui e mais nada. Consegue-se perceber um facebooketeiro pelo seu grau de alfabetização.

      Por que que gente como nós continuamos no feicibuqui mesmo sabendo que quase nada lá presta? Para ver como os animais se portam naquele zoológico.

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