Marcha da Família: Combate entre famílias!

Não temos fascismo no Brasil. Ao menos, não um que tenha expressão entre as massas. Mas temos componentes dessa ideologia marcantemente representados nas atitudes daqueles que tem saído recentemente às ruas. Quando afirmo que não temos fascismo é simplesmente por que faltam elementos significativos para que se determine que tal ou qual comportamento é fascista. O que vejo são muitas famílias, com reivindicações convergentes em vários pontos e discordantes em outros, entrando em combate acusando-se mutuamente como se o outro representasse melhor o conceito de fascista. Parece-me que as pessoas esqueceram, ou ignoram mesmo, o que realmente significa ser fascista ou nazista. Esqueceram-se também que em certo momento de nossa história as pessoas acreditavam que eram esses os modelos que melhor os representavam... Assim como atualmente! Daqueles que estão nas ruas e nas redes sociais atualmente, quem realmente é fascista? Isso é relativo... Melhor que cada um de nós faça uma breve reflexão sobre cada atitude. Vou dar uma forcinha!

A palavra fascio tem um sentido de criação de "aliança" para alguma coisa e desde que o fascismo foi apresentado como partido político em 1921, o termo "fascista" é usado para ilustrar uma doutrina política com tendências autoritárias e que defende a exclusiva autossuficiência de um ente supremo como o Estado, ou um partido. Nesse "modo de vista" a tal entidade, como um coletivo, está acima dos valores do indivíduo e suas razões e normalmente consegue movimentar massas e criar forças social-revolucionárias. Não se pode afirmar que este seja um modelo ditatorial por que o seu poder está fundamentado em organizações de massas, mesmo que a autoridade emane de uma entidade única tal como o estado, ou partido! No fascismo original os principais membros eram na sua grande maioria provenientes da classe operária e da pequena burguesia rural e urbana, ou seja, por aqueles se sentiam ameaçados pelas grandes forças intervenientes do Capital. Algo familiar até aqui?

O fascismo tem componentes conservadores e esse é o motivo para aqueles que se autointitulam progressistas recorrerem contra as marchas por resgate de valores abandonados nos últimos tempos. Retrógrados ou não, aqueles que marcham como conservadores também têm o direito legítimo de reivindicarem! A isso daríamos o nome de democracia! Vejam que na alma do fascismo está a veneração a uma entidade superior (seja o estado ou o coletivo), a devoção a um ídolo com carisma e força política e a ênfase em táticas de ocupação de espaço, sejam elas estrategicamente militares, ou não. O fascismo nasceu tomando emprestado teorias e terminologias do socialismo, mas legou a luta de classes a um segundo plano. Coisas assim acontecem mesmo! Sempre haverá alguém para interpretar a seu modo e sugerir um melhor caminho para doutrinas fanáticas. Os fascistas originais se autoproclamavam entre o capitalismo e o socialismo marxista e surgiram influenciados justamente pelo sindicalismo nacional combinando elementos da política de esquerda com a política de direita.

Vejam bem! Antes de verbalizarem por aí como monges hipnotizados a palavra fascista, revejam alguns elementos que são essenciais para que um indivíduo se comporte como tal. Sou tão pouco simpático a forma que se organizou a Marcha da Família, quanto as manifestações do ano passado. Não vejo sentido algum no modelo que as pessoas têm escolhido para criar movimento e ilusão de democracia. Não há democracia quando um grupo (seja qual for) deseja falar e outro grupo age para calá-lo. Infelizmente não é contra a ineficiência do estado que temos lutado ultimamente. A arena é outra! Temos famílias contra famílias, pais contra pais, estudantes contra estudantes, etc, etc, etc. O jogo nefasto do poder da mediocridade venceu. Colocamo-nos uns contra os outros e deixamos de lado os verdadeiros opressores que continuarão agindo endossados por nossos votos.