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Declínio da Petrobrás e Investimento em Porto Uruguaio

Porto em Rocha no Uruguai - Um Asno
Caminhando para o final. Este é o último artigo que escrevo antes da despedida definitiva. Recentemente escrevi as razões que me levam a ser favorável a construção do Porto de Mariel em Cuba (aqui). Bom... As mesmas razões me levam a ser favorável ao investimento de cerca de US$ 1 bilhão oriundos do BNDES, recursos do nosso Orçamento, na construção do porto uruguaio. O empreendimento, se aprovado, será construído em Rocha no Uruguai, cidade a 288 quilômetros de um dos mais importantes portos brasileiros em Rio Grande (RS). O projeto do porto uruguaio é superior a qualquer porto brasileiro, o que fatalmente sugaria as cargas da região com maior oferta de frequências marítimas, fretes mais baratos, tempo de deslocamento menor e, principalmente, possibilidade de alcance do mercado asiático pelo Estreito de Magalhães em condições de concorrência com o Canal do Panamá. O objetivo do nosso governo é o mesmo: participação estratégica. A polêmica é que, nesse caso estaríamos condenando nossos portos a uma concorrência com um porto mais moderno, mais capacitado, menos burocrático e mais barato que os nacionais. Aí é barra!

O porto deverá se consolidar como parte das grandes rotas intercontinentais, deixando os terminais brasileiros de fora. O próprio governo uruguaio publica em sua página na internet algumas estimativas sobre o novo porto, que em 2025 deve movimentar 87,5 milhões de toneladas, mais do que a soma dos terminais de Paranaguá (no Paraná, com 44,7 milhões de toneladas em 2013) e de Rio Grande (com 33,2 milhões de toneladas em 2013) juntos. O preço será competitivo no porto uruguaio. Nas rotas para China, Japão e Sudeste Asiático, a tonelada transportada pode ficar entre US$ 12,50 e US$ 22,50 mais barata, enquanto para a Europa a redução de custos pode chegar a US$ 3,50 por tonelada.

O BNDES afirma que o projeto não chegou à instituição, mas fontes, segundo o jornal O Globo, revelam que há tratativas e que o banco apoiaria o projeto. O financiamento não seria à obra do país vizinho, mas se enquadraria na rubrica de exportações de serviços brasileiros, caso uma empreiteira verde-amarela faça as obras de Rocha, como é esperado. É o mesmo modelo do adotado pelo banco para financiar em o porto de Mariel, em Cuba, reformado pela Odebrecht. A fase atual é apenas de conversas. O governo brasileiro se colocou à disposição para cooperar na estruturação financeira e técnica do projeto, que está em fase de elaboração. Para nossos exportadores pouco importa onde está o porto, desde que seja possível escoar suas exportações, mas seria no mínimo engraçado acabarmos escoando nossas cargas através do país vizinho. Temos problemas com nossas exportações e já roemos duros prejuízos nos últimos anos com as perdas por não termos capacidade de escoar nossa produção agrícola com eficiência.

Com os loteamentos que temos em órgãos estratégicos do estado não é demais prestar atenção a essas negociações. O que deve nos preocupar, a exemplo dos escândalos que envolvem a Petrobras, é a quem entregamos nosso país e essas entidades para serem gerenciados. Todos certamente se lembram do uso eleitoral que Lula fez da Petrobras durante a sua campanha de 1998, inventando que o adversário iria privatizá-la. O adversário ganhou as eleições e não a privatizou, mas Lula e sua galera, quando chegaram ao governo, usaram-na politicamente, levando-a a prejuízos sucessivos e arrastando à situação crítica em que se encontra atualmente. Até que ao obrigar a empresa a vender seus produtos por um preço inferior ao que ela paga para importá-los é um abuso que se limita a prejudicar apenas o seu desempenho, mas o negócio é que não fica apenas nisso. De novo estamos em período pré-eleitoral e novamente vem o uso da Petrobrás em argumentação eleitoreira tanto do governo quanto de seus adversários. Mas, vejamos... Todos discutem se a compra da refinaria de Pasadena, por exemplo, foi ou não um bom negócio. É lógico que acabou se verificando como um baita de um fiasco. Porém... E se o resultado houvesse sido o sucesso?

Está se criando um clima de olho gordo em cada tipo de negócio realizado pelo Brasil, mas o foco está errado. Não são os empreendimentos ou investimentos a causa dos fracassos e sim o modelo de planejamento e negociações adotado. As justificativas, os argumentos, o discurso só serve para alimentar páginas e páginas de discussão infrutífera. O problema é de competências e de avaliação dessas competências. A competência é da esfera de quem escolhemos para gerenciar o país. Já a avaliação não! Esta compete a nós! Lembram-se da iniciativa de Lula quando decidiu construir em Pernambuco uma refinaria em parceria com o, então presidente venezuelano, Hugo Chavez? Previu-se que a refinaria Abreu e Lima custaria aos dois países US$ 2,5 bilhões. Já está na casa dos US$ 18 bilhões, ainda não funciona e a Venezuela não entrou com um tostão na parada.

Desde abril de 2006 a Petrobrás já amargou um rombo de 53,3 bilhões de dólares de déficit no que se extrai da exportação menos a importação. Foi justamente há 8 anos que Lula fez a população inteira celebrar a autossuficiência na produção de petróleo e ainda assim, importamos mais do que exportamos! E ainda temos de ouvir um desaforo como o que a ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou tentando convencer que "a finalidade da Petrobras é melhorar a vida do brasileiro pobre e não dar lucro, pois isso só interessa aos acionistas". Ora bolas! Como uma empresa pode melhorar a vida de alguém falindo?

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