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CRISE DOS TRANSPORTES: Sem Caminhoneiro o Brasil Avança!

Sem Caminhoneiro o Brasil Avança - Blog do Asno
Calma! Acompanhe o raciocínio até o final antes de disparar as ameaças e ofensas! É óbvio que, assim como mais de 90% da população, eu apoio a greve dos caminhoneiros, mas precisamos entender como chegamos até essa tragédia das paralisações porque fatalmente estaremos condenados a mais episódios como este nas próximas décadas. Acompanho atentamente desde o início o movimento e endosso a postura, sobretudo dos motoristas do Paraná que iniciaram a paralisação já no domingo sem constranger aos outros motoristas e sem obstruir as rodovias com barricadas que impedem o acesso aos demais veículos. Conversei com 132 pessoas alheias ao movimento e 100% delas apoiaram a decisão dos caminhoneiros e isso confirma o clima de consenso de que a única saída que restou a estes cidadãos foi a atitude de desligar os motores e expor sua resistência ao aumento dos preços dos combustíveis.

Primeiro, há que se fazer uma correção ao que toda a mídia tem informado nos últimos dias. Esta não é uma paralisação orquestrada por companhias ou empresas de transporte e, muito menos, por sindicatos e associações. A iniciativa é dos caminhoneiros e há entidades querendo faturar por trás dos bastidores. Segundo, esta era uma crise facilmente identificável meses antes quando os EUA admitiram que iriam aumentar sua taxa de juros, o que viria a elevar o valor do Dólar e que, consequentemente, seria agregada ao clima de incerteza política do Brasil agregando um agravo maior a este aumento. A resposta do Congresso quando a bomba explodiu foi a de que irão se reunir em 30 de maio para deliberar sobre a crise. Ou seja, continuamos reagindo aos problemas sem nunca criar uma atmosfera favorável a prevenção destes. Em terceiro plano e mais complicado é entender que a crise no aumento dos preços de combustíveis só ocorreu por conta da política populista dos governos que estiveram no poder nos últimos anos.

Nosso petróleo não é bom e por conta disso dependemos muito de refinarias que o processam e nos vendem em Dólar. O Brasil não é autossuficiente em petróleo como cantaram alguns líderes da seita do partido que governou o país nos últimos treze anos. Dependemos da importação de petróleo, EM DÓLAR, para suprir nossas necessidades de abastecimento e isso nos torna vulneráveis às políticas externas com relação a esta commodity. Acrescente-se a isso a irresponsabilidade da prefidenta louca que nos governou de 2010 a 2016 e que de maneira criminosa regulava a inflação fazendo com que nossa principal empresa de petróleo, a Petrobrás, tivesse que pagar pela diferença no preço do óleo acumulando prejuízos bilionários muito maiores do que o rombo causado pela corrupção naquela estatal. A corrupção aumentou justamente por que se acreditava no falso milagre do Pré Sal e que os cofres da companhia estariam sempre cheios para terem seu conteúdo surrupiado freneticamente. Essa não é uma crise deste atual governo, é a soma de irresponsabilidade de sucessivos governos. Não que eu esteja isentando o atual presidente desta responsabilidade, afinal, ele estava lá quando a maluca arrebentou com a Petrobrás e também ferrou com as empresas de abastecimento de energia elétrica. Fora outros absurdos como o perdão ilegal de empréstimos realizados pelo seu antecessor a países que nunca nos pagariam, entre outras coisas. A única coisa que Michel Temer fez foi ficar sobrevoando aguardando que o cadáver entrasse em estado de putrefação para então assumir o posto de presidente. Tão irresponsável quanto!

Aí vem a irresponsabilidade maior de todos os governos que, somada aos argumentos anteriores, causa a tempestade perfeita. Sempre foi cômodo e favorável aos cofres públicos que mantivéssemos a logística do país dependente do tráfego rodoviário, pois, com a carga tributária incidente nos combustíveis beirando os 50%, a arrecadação da União e dos estados estaria sempre garantida. Não se investiu em ferrovias e hidrovias no país, o que torna o transporte mais barato e reduz o valor das mercadorias transportadas, por serem investimentos altos, em princípio, e por não agregarem uma tributação tão atraente quanto a dos caminhões rodando pelas rodovias. Vejam o quadro completo: são volumes paquidérmicos de dinheiro que vão para pedágios, IPVA, seguros, entidades de classe, empresas intermediárias, enfim, uma cadeia inteira de favorecimento a alguns segmentos da nossa sociedade. Quem iria querer mexer num troço desse? Resposta: alguém com responsabilidade e amor pelo país!

Se algum governo, petista ou não, tivesse investido nessa área teríamos ainda a necessidade de caminhoneiros realizando transportes, mas o impacto disso seria reduzido drasticamente e seu resultado seria percebido até mesmo na queda de preços dos pedágios por que seria reduzida a grande necessidade de manutenção das rodovias. Outra vez o problema é de gestão e outra vez a culpa é da própria população que faz suas escolhas erradas sem a menor análise sobre os escolhidos para lhe representar. Novamente teremos eleições neste ano e confesso que estou ainda mais pessimista considerando que o Congresso não terá a renovação esperada e, tão pouco, o executivo será ocupado por alguém com o necessária visão sobre o estadismo de que precisamos. Serão mais quatro anos de reclamações e críticas compartilhadas nas redes sociais e continuaremos presos ao velho ciclo vicioso de escolher errado e padecer sob as decisões erradas das lideranças que escolhemos para governar nossas vidas.

O título deste artigo é apenas uma provocação contra a frase de que "Sem caminhoneiros, o Brasil para". Fatalmente, esta paralisação também serve como um alerta para que a política de transportes no país seja alterada e, com isso, os caminhoneiros podem ter atirado contra o próprio pé acelerando o processo para que o país não dependa mais unicamente do transporte rodoviário para escoar sua produção. Isso conduziria a uma redução na disponibilidade de fretes e muitos acabariam sendo forçados a aposentarem seus caminhões. Passou da hora de dedicarem tempo para analisar essa situação e nem todo o lobby por trás disso será capaz de impedir que um dia o país volte a investir nas ferrovias e hidrovias. Caminhões ainda serão empregados, mas bem menos e com distâncias bem menores para percorrer. Quanto a legitimidade do movimento dos caminhoneiros, se fere ou não a Constituição do país, o movimento ganhou legitimidade a partir do momento que os sucessivos governos ignoraram essa categoria e sufocaram diariamente esses trabalhadores. Sim! Estamos com eles e os apoiaremos, mas não somos inocentes e sabemos que isso não para por aqui. Continuem firmes no seu propósito, mas não sejam ingênuos! Também estão operando para a própria extinção.

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