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Reforma Administrativa: Um Debate Ilusionista

Reforma Administrativa - Blog do Asno

Dentre as mais significativas palavras da nossa língua está o verbo "servir". É uma palavra riquíssima em sentido e definição tanto para designar uma adequação, assistência, importância ou até mesmo obediência. Infelizmente, para alguns, o sentido é exatamente o oposto! 
 
Servidor Público é o nome que recebe todo aquele que mantém um vínculo empregatício com entidades públicas e as suas instituições e o seu pagamento provém da arrecadação pública de impostos.
 
Ou seja, nós pagamos para sermos servidos por eles naquilo que, com nosso duríssimo labor e vergonhosa omissão, financiamos o Estado para realizar por nós as tarefas que deixamos em sua responsabilidade. Longe de mim desqualificar ou depreciar o serviço público. Até por que, como sabemos, ele é essencial.
 
O problema é que a estabilidade que é prevista na constituição atribuída ao servidor por ter conquistado a vaga deveria servir para garantir mais oportunidades de qualificação e evolução na carreira e não apenas para engordar os rendimentos através de benefícios e recompensas imerecidas.
 
A estabilidade é justificada, uma vez que o cidadão estaria assegurado para poder cumprir suas tarefas sem sofrer retaliações, caso o seu empregador, a entidade pública, estivesse, por turno, sob a direção de um imbecil (como agora o temos no comando do país).
 
Há grandes distorções absurdas nos salários dos servidores federais e estaduais, mas onde mais percebemos a presença ou ausência do funcionalismo público? Ora! Na esfera municipal, é claro! É aí que a piada nos choca. Tomemos como exemplo a Prefeitura Municipal de Birigui.
 
No mês de maio houve um pagamento bruto para despesas com mão de obra no valor de R$ 12.214.946,48. A prefeitura possui 3.350 funcionários e 685, ou 20,44% do contingente, são responsáveis pelo gasto de R$ 5.075.816,53, ou seja, 41,55% da despesa.
 
Não sendo isso o suficiente, há 16 servidores que ganham salários acima do rendimento do prefeito municipal, Leandro Maffeis Milani, cujo vencimento é R$ 16.827,21. Curiosamente procurando pelo sobrenome do prefeito encontrei doze "Milanis" que juntos recebem mais de R$ 72 mil dos cofres públicos mensalmente.
 
Muito longe de estar levantando uma hipótese de que se trataria de nepotismo. É apenas o caso de um sobrenome presente na administração pública e isso nem chega perto de ser uma obrigatoriedade de parentesco... Só achei curioso mesmo.
 
Contudo, o problema não está no salário do prefeito que eu mesmo considero justo, afinal ele é o administrador do município! Os dezesseis servidores que recebem mais do que o chefe maior da administração municipal consomem mais de R$ 323 mil por mês do nosso suado dinheirinho. Isso é mais de R$ 4 milhões por ano apenas com 16 indivíduos!
 
Considerando o tipo de serviço prestado e comparando aos resultados realmente sentidos pela população há algo de surreal nessa medida. E aqui ainda estou descartando os exemplos sofríveis de servidores que são muito bem pagos e que não correspondem em serviços a milésima fração do que recebem.
 
Agora espia só! Os 940 servidores que recebem menos de R$ 2 mil por mês e que correspondem a 10% da despesa com mão de obra no município, geralmente são os que propriamente prestam os serviços diretos que nos servem de algum modo!
 
Esses, os peões, é que sofrem calados os horrores de serem conduzidos por líderes medíocres e injustamente reconhecidos e com os nomes até honrados em programas de rádio locais.
 
O grande bolo restante e posto acima desses heróis em grande parte é composto por burocratas e zérruelas sem a menor qualificação para operar um mimeógrafo em convenção da Microsoft ou Apple (tamanha inutilidade).
 
É, em sua maioria, gente que facilita a vida de certos agentes políticos e por isso são elevados a categoria de "chefe" de gente que não precisa de chefe e sim líderes capazes ao menos de elaborar uma escala decente de trabalho.
 
Não é de hoje que o funcionalismo público se tornou sinônimo de acomodação por parte de muitos desprovidos da coragem para evoluir profissionalmente. Entretanto, por infelicidade dos pagadores de impostos (e do servidor decente), há dezenas de servidores excepcionais na esfera pública do município.
 
Há servidores que agregam valor ao trabalho, inspiram e contribuem com ideias em todas as áreas, porém, sequer são mencionados ou reconhecidos. Afinal, falta-lhes o engajamento político que poderia lhes colocar numa posição melhor. Quem sabe, em um cargo de "chefe".
 
Não acredito em mudanças efetivas quanto a esse caso, não confio na "sabedoria" do eleitorado brasileiro e duvido com todas as forças que esse atual governo tenha um mínimo de coragem para ao menos mencionar a possibilidade de uma Reforma Administrativa séria.
 
Quanto a população... Nem sabe como checar o que fazem com o dinheiro que saqueiam dela! Para o povo, tudo é desviado em corrupção! Não entenderam ainda que a corrupção tem raízes robustas na incompetência, no despreparo, no charlatanismo, na desqualificação, na popularidade e na burrice. Todos estes, adjetivos imprescindíveis para que um brasileiro escolha um representante.

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