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O macabro destino dos justos

Cyonil Borges - Um Asno
Há alguns dias, o professor Cyonil da Cunha Borges de Farias Júnior tornou-se celebridade devido a queda de vários funcionários de órgãos estratégicos do governo causada pelas suas denúncias que deram início a Operação Porto Seguro da Polícia Federal. Humm... Vamos ver os próximos dias... Esse não é o melhor dos mundos e a humanidade já demonstrou várias vezes que não idolatra os que agem de maneira justa e correta, ao contrário, persegue-os. Não vai demorar muito para a imagem desse senhor ser atacada, violentada e desmoralizada sem pudor. Na década de 90, Jeffrey Wigand, um Phd em Bioquímica, ex-CEO da extinta Brow & Williansom, cedeu as pressões da imprensa e quebrou seu acordo de sigilo denunciando os esforços da indústria tabagista em enganar seus consumidores. Ganhou o quê com isso? Perdeu a família, perdeu o emprego e teve de voltar a lecionar porque ninguém mais o contrataria. Sua história pode ser vista no filme O Informante, dirigido por Michel Mann e estrelado por Russell Crowe.
Ah! Mas estamos no Brasil! Verdade... Aqui as coisas ainda são piores. Temos uma súcia poderosa e bem articulada para construir e denegrir imagens, dedicada a monitorar tudo o que aparece na mídia. Se for positivo aos seus interesses, tudo bem, senão, o bicho pega. Enquanto, parlamentares e autoridades se unem para amenizar ou impedir prejuízos aos criminosos de colarinho branco condenados pela justiça, outro grupo se mobiliza para disseminar argumentos completamente fantasiosos para denunciar um suposto golpe dazelites. O professor Cyonil não sairá ileso deste episódio. Foi assim com a publicitária Danevita Magalhães que não ajudou a desviar recursos públicos, não fraudou empréstimos bancários e nem sacou dinheiro na boca do caixa, mas foi demitida do seu cargo de Gerente do Núcleo de Mídia do Banco do Brasil por se recusar a assinar os documentos que dariam autenticidade a fraude constatada no Supremo Tribunal Federal no processo da Ação Penal 470 (vulgo: Mensalão!).

Danevita Magalhães - Um Asno
Foi Danevita a responsável pelo depoimento mais contundente do processo do Mensalão. Seu depoimento destruiu a tese da defesa de que não haveria dinheiro público no esquema. Agiu da maneira justa e correta e foi honrosamente homenageada por nossa sociedade: sua carreira foi destruída, perdeu um padrão de vida razoável com um salário de R$ 15 mil, passou a sofrer ameaças de morte, vive da caridade de alguns amigos e mora na casa da filha.
Danevita comandou o setor do Banco do Brasil responsável pelo pagamento das agências de publicidade que fazem a propaganda da instituição. Ela se negou a autorizar uma ordem de pagamento de 60 milhões de reais à DNA Propaganda, do empresário Marcos Valério, porque o serviço não foi e nem seria realizado. Além do mais, o dinheiro, antes de ser oficialmente liberado, já estava nas contas da DNA, o que contrariava o procedimento do banco. 
Há muitos casos assim no Brasil e se procurarmos um pouco, encontraremos histórias semelhantes bem próximas de nós. Alguém que lê esse texto, em dado momento da vida, já pode ter passado por isso, considerando que nosso país tem essa cultura medíocre de manter a corrupção e a Lei de Gerson como princípios fundamentais.
Joel Santos Filho - Um AsnoJoel Santos Filho foi o autor da gravação do vídeo no qual o ex-diretor dos Correios Maurício Marinho aparece recebendo propina e contando como funcionava o esquema de arrecadação do PTB. Foi a partir do vídeo, fonte da matéria da Revista Veja, que levou o então presidente do PTB, ex-deputado Roberto Jefferson, a revelar a existência do mensalão. Joel foi chamado por um amigo empresário, que tinha os interesses comerciais prejudicados nos Correios, para colher provas de que lá funcionava um esquema de extorsão. Pelo trabalho de filmagem, não ganhou nada e ainda perdeu o que tinha. Durante as investigações do mensalão, Joel teve documentos e computadores apreendidos — e nunca devolvidos. Apesar de não ter sido acusado de nada, foi preso por cinco dias e ameaçado na cadeia: “Fui abordado por outro preso, que disse saber onde minha família morava e minhas filhas estudavam. Ele me alertou: ‘Pense no que vai falar, você pode ter problemas lá fora”. Joel sustenta sua família hoje por meio de bicos. “Fiquei marcado de uma forma muito negativa”, lamenta.
Nossa cultura da mediocridade é assim... Se alguém encontra uma mala cheia de dinheiro e a devolve (a coisa justa e correta a se fazer), alguns aplaudem e elogiam (porque não são capazes de fazer o mesmo), outros bradam tonitruantes: "TROUXA!" (porque são incapazes de fazer o mesmo!). Os valores do heroísmo foram reduzidos aos corpos malhados nos reality shows! As qualidades de um herói foram deformadas e reduzidas aos efeitos do Photoshop e da máscara macabra da ilusão por trás das telas. Honestidade é risco! A massa popular e sua opinião de machê cansa-se muito rápido das pessoas honestas. Duvidam com muita força quando alguém demonstra qualidades que a maioria não possui. O professor poderá assistir sua imagem sendo distorcida nas redes sociais. Muitos hão de protestar: "Ah, tem coisa aí...", "Devolveu o dinheiro nada! Embolsou uma parte!", "Denunciou porque não recebeu o valor que queria!". Heroísmo para os tempos modernos... só no Big Brother!

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