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Diário de um ex-viciado...

Viciado - Um Asno
As correntes do vício são muito leves para serem sentidas até que se tornem muito pesadas para serem quebradas - Warren Buffet

O que é um hábito segundo a tradição? É uma maneira usual de ser, fazer, sentir, individual ou coletivamente. Pode ser um costume, regra, modo, maneira permanente ou frequente, regular ou esperada de agir, sentir, comportar-se, mania, ação ou uso repetido que leva a um conhecimento ou prática. O que vem a ser um Vício? É um defeito ou imperfeição grave de uma pessoa ou coisa, uma disposição natural para o desvio e a ação contra uma moral; depravação. Tendência específica para (algo indecoroso ou nocivo) ou qualquer ato ou conduta por essa tendência motivada.

O vício, a princípio, vem a ser o céu: o fumo tranquiliza; o álcool desinibe; as drogas produzem euforia; etc. Mas tudo isso é artificial, precário, que nos leva invariavelmente ao inferno da dependência. Logo o corpo cobra por novas doses submetendo o viciado a angústia e a tensões terríveis. Existem outras categorias de vícios. Fofocar, por exemplo, que é um prazer mórbido que as pessoas sentem em comentar aspectos negativos do comportamento alheio. Ao invés de se valorizarem pelo que são, pretendem faze-lo depreciando os outros. Também existe o indivíduo que gosta de esbravejar, resolvendo tudo no grito, impondo medo sem conquistar o respeito e a estima.

Porém, o mais perigoso dos vícios é o de sentir-se mal. O ser humano tem uma inclinação maior a se sentir insatisfeito. Ele manifesta isso nas suas palavras. Exterioriza algo que está em desequilíbrio internamente. Funciona assim: achamos que estamos com um problema qualquer, por exemplo, obesidade, daí enviamos uma mensagem de insatisfação ao nosso cérebro. No cérebro existe um órgão chamado hipotálamo, cuja função é especificamente produzir enzimas que são enviadas para todo o nosso corpo. Detalhe: essas enzimas proteicas são produzidas segundo nosso padrão emocional que é ditado pela nossa forma de pensar.

As enzimas, chamadas de peptídeos alimentam nossas células como uma informação programadora e se estamos focados no fato de sermos obesos, mandamos mais dessa impressão a todas as nossas células. Pior é o que vem a seguir. As enzimas saturam as células impedindo que elas venham a se nutrir com as proteínas necessárias a sua manutenção, recebendo somente aquela “informação” da obesidade. Acabamos engordando mais e mais, ainda que executemos as mais variadas dietas. Isso vale para qualquer sentimento de inadequação pelo qual estejamos passando. Nossas células acabam se viciando nesse tipo de proteína e bloqueiam as outras. Com isso acabamos tendo mais daquilo que não desejamos.

A pessoa que se acha desastrada, acaba produzindo mais situações para corroborar seu vício. O que se acha tímido, acaba manifestando mais circunstâncias onde se vê passando por situações constrangedoras. Em resumo, o vício é um processo neuroquímico, tanto quanto qualquer comportamento humano. É um ato voluntário de se autoescravizar-se.

Para os que não são familiarizados com o termo, Adicto, conforme a definição do Projeto Vida Nova, "é simplesmente aquela pessoa cuja vida é controlada pelas drogas. Sua vida e seus pensamentos são centrados nas drogas, de uma forma ou de outra, vivem para obter, usar e procuram todas as maneiras e meios de conseguir mais. O adicto usa para viver e vive para usar. O adicto sofre da inabilidade de aceitar responsabilidades pessoais, sendo incapaz de encarar a vida tal como ela é. O adicto continua usando, mesmo quando as drogas cessaram de lhe fazer sentir bem. É alérgico a drogas mas mesmo assim continua sentindo-se atraído por elas. O que caracteriza um adicto é a sua realidade nas drogas (comportamento), e não a quantidade que usa. A negação é um aspecto preponderante da doença da adicção. A negação impede o adicto de enxergar sua própria realidade e a realidade de sua doença. Romper com a negação não permite ao adicto uma visão clara para, então procurar soluções para seus problemas. O adicto é impotente perante sua adicção. Aqueles que se descobriram adictos descobriram serem portadores de uma doença da qual não se conhece cura, uma doença progressiva, e potencialmente fatal. Ao contrário de antigas crenças a adicção é uma doença do corpo, da mente e do espírito, passível não de cura mas sim de estabilização. A recuperação se inicia quando o adicto pára de usar todas as drogas, trocando-as pelo companheirismo de pessoas ativamente engajadas na recuperação. É possível então ao adicto ver um pouco de si mesmo em cada um dos outros e assim se permitir ser ajudado e ao mesmo tempo engajar-se na ajuda de outros".

De madrugada li o artigo de Artur Rodrigues do Estadão sobre a utilização da internet como ferramenta de apoio para dependentes em recuperação e parentes que foram afetados por adictos. O artigo refere-se a blogs que estas pessoas utilizam como diários e que os permite expressar-se e assim aliviar a pressão que o processo de recuperação impõe. Visitando os blogs citados na matéria para conferir os resultados, percebi que é uma excelente saída, sobretudo para pessoas que não se sentem confortáveis nas sessões em grupo por timidez, ou outra coisa que o valha. A iniciativa também ajuda os codependentes, ou seja, os familiares que são obrigados a viver em função dos viciados. Gostei do que vi! Segue abaixo os respectivos links dos blogs citados na matéria para que possam servir de guia aos que se recuperam, mas se encontram desolados, com medo e perdidos:

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