Governo sacará dinheiro que não tem para fechar as contas de 2013

Bem... Eu fui um dos que mais criticou a fantasia mística transformada em discurso de economista pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Satirizei sua previsão super exagerada quanto ao crescimento de 2012 e errei por um ponto percentual. O resultado foi menor do que eu havia chutado! Neste ano fiz a mesma coisa, não porque sou pessimista, mas porque vejo as manobras que o governo se obriga a fazer para fechar suas contas. Se precisa delas, não sabe o que está fazendo no plano econômico! Eis mais uma! Uma medida provisória publicada nesta segunda-feira no ‘Diário Oficial’ da União deu ao governo o direito de usar antecipadamente receitas da Usina de Itaipu que deveriam entrar nos cofres da União até 2023. É mais uma manobra para ajudar o Tesouro Nacional a fechar as contas, em especial a meta de economia para pagamento de juros da dívida, conhecida como superávit primário. Ainda me lembro da palestra que assisti, quando Aluízio Mercadante atacava agressivamente o superávit. Na ocasião, o PT ainda era oposição e eu já não era mais petista.

Atualmente, os créditos de Itaipu somam cerca de US$ 15 bilhões. Com essa medida, o Tesouro poderá emitir no mercado títulos públicos até o limite deste valor, sem aumentar a dívida. Isso porque o governo vende um papel com base no que tem a receber da usina. Pregunto: sacar o dinheiro agora, ainda sem as mudanças necessárias no molde econômico atual, não poderá nos prejudicar, já que ficaremos sem essa receita nos próximos anos? Pregunto di novo: O governo estaria, com essa atitude, contando com sua permanência até 2023?

Aquilo que todo mundo com bom senso vem sentindo falta nas atitudes do governo, permanece sem uma resposta tranquilizante, ou seja, infraestrutura e tecnologia que é bom, necas! A América Latina teve um forte crescimento entre 2002 e 2012 que dependeu em grande parte da super valoração das commodities. Mas, só neste ano, o preço da prata caiu 23%, o do cobre, 12%, e do ouro, 17%. Já a cotação do minério de ferro caiu pela metade, o barril de petróleo se mantém abaixo dos US$ 100 e a soja já esteve melhor. Ninguém mais, além do Planalto, aposta no crescimento de 3,5% para 2013. Fala-se em 2,5%! Acredito que o crescimento não será maior do que 3% mesmo (se romper a barreira dos 2%!!).

Já com a inflação, a expectativa vai piorando. Começou o ano com projeção de 5,47% e ontem estava em 5,8%. O jornal britânico Financial Times, em seu editorial na edição desta segunda-feira, chegou a afirmar que o otimismo dos brasileiros com relação à economia é “de fachada”. O conceituado periódico destaca que a economia brasileira cresce menos do que o Japão neste ano, após um pífio 1% no ano passado. Recorda, ainda, que a inflação alta tem corroído a confiança dos consumidores. “Mais investimentos é exatamente o que o Brasil precisa para manter os empregos e tornar-se a potência global que ele quer ser”, acrescenta, citando que os investimentos representam 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, contra 24% da América Latina e 30% das potências asiáticas.

Na opinião do jornal, a culpa pela desaceleração de investimentos é de Brasília, uma vez que o modelo econômico extravagante, cujo motor é o consumo, firmado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está esgotado, enquanto o modelo de Dilma, mais centralizador, acaba tornando lentas as decisões econômicas. “O Brasil precisa desesperadamente de mais investimentos. O baixo nível da poupança nacional significa que o dinheiro terá de vir de fora. Hoje o capital está barato, mas não estará para sempre. Brasil tem uma boa janela de oportunidades e a senhora Rousseff e seu governo precisam fazer as coisas acontecerem enquanto ela ainda está aberta”, finaliza o texto.

Sim!! Dependemos como nunca do capital estrangeiro! Mas, no momento, importante para o governo mesmo é garantir a reeleição em 2014. Vejo, reeditado, o mesmo erro que Fernando Henrique Cardoso cometeu quando desejou um segundo mandato e, após, a sucessão de seu governo...