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Programa "Mais Médicos" enfrenta seu segundo desafio: a desistência! Como se a gente não soubesse...

Médicos Cubanos no Brasil - Um Asno

Ah, mas tem sua graça! Escrevi aqui, não faz muito tempo que não sou contra a importação de médicos estrangeiros (até acho que sejam poucos), para suprir as necessidades do imenso Brasil no que diz respeito ao baixo volume de profissionais disponíveis para cada mil brasileiros. Sou contrário, sim, ao regime de contratação com os cubanos e já escrevi críticas ao Programa Mais Médicos porque, no meu ponto de vista, o que precisamos mesmo é de melhor estrutura e dignidade para o exercício da medicina. E não é que da forma como vão as coisas o programa não vai demorar para necessitar de... mais médicos! Do jeito que as coisas estão se apresentando apenas os médicos cubanos, que diga-se de passagem, não poderão desistir, é que irão se submeter as condições precárias que condenamos nossos médicos a trabalhar. Afinal... Para quem ganha pouco mais de R$ 82,00 por mês naquela ilha maravilhosa dos nossos pensadores ideológicos, faturar perto de R$ 2 mil no Brasil não é assim tão ruim, mesmo comparando as condições de trabalho. Para eles aqui não é mesmo melhor do que Cuba neste quesito. Ontem li o seguinte trecho publicado na Folha de S. Paulo com matéria assinada pelos jornalistas Daniel Carvalho e Nelson Barros Neto:

A carreira de Nailton Galdino de Oliveira, 34, no programa Mais Médicos, bandeira de Dilma Rousseff (PT) para levar atendimento de saúde ao interior e às periferias, durou menos de 48 horas e exatos 55 atendimentos. Alegando estar impressionado com a estrutura precária da unidade em Camaragibe (região metropolitana do Recife), onde atuou por dois dias, pediu desligamento. “É uma aberração: teto caindo, muito mofo e infiltração, uma parede que dá choque, sem ventilação no consultório, sala de vacina em local inapropriado, falta de medicamentos”, afirmou.

Casos de desistência como esse frustraram parte dos municípios que deveriam receber anteontem 1.096 médicos brasileiros da primeira etapa do programa (os estrangeiros só vão começar depois). A Folha encontrou exemplos espalhados pelo país, com justificativas variadas alegadas pelos profissionais – incluindo falta de infraestrutura, planos profissionais e pessoais e desconhecimento de algumas condições. Na prática, as desistências de brasileiros devem reforçar a dependência do programa por profissionais estrangeiros.
Um balanço da segunda rodada do Mais Médicos mostra baixa adesão de novos interessados na bolsa de R$ 10 mil por mês. Houve só 3.016 inscrições — mais de metade de formados no exterior. Enquanto isso, a demanda por médicos ultrapassou 16 mil — menos de 10% foi suprida na primeira etapa. O ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse que, após a nova fase, deve pensar “outras estratégias” para atrair mais médicos. Ele comparou as baixas às dificuldades cotidianas de contratação.
(…)
Em Vitória da Conquista (BA), dos cinco médicos que deveriam ter começado, três já desistiram. Na região metropolitana de Campinas, dos 13 selecionados, 5 pediram para sair. Na capital paulista, 1 de 6 voltou atrás. Em Salvador, 5 dos 32 convocados já abandonaram, assim como 11 dos 26 profissionais previstos em Fortaleza. No Recife, 2 desistências foram confirmadas de um total de 12 médicos selecionados.

Minha vez...
Então a baixa adesão ao programa se deve às "dificuldades cotidianas de contratação"?Será que o governo não esta informado de que a situação nos municípios deixa tanto a desejar? Quando se pensa em saúde, basta lembrar a um médico quanto ao seu juramento a Hipócrates, sem nos comprometer a oferecer-lhe ao menos o básico para que trabalhe sem o temor de um processo por negligência? A um médico não é permitido falhar em hipótese alguma! Mas o estado pode ser negligente quanto a estrutura com a qual ele deve trabalhar? É só lembrarem-se da última visita que fizeram ao dotô e os comentários que proferiram após o encontro... Médico é um profissional que não nos esforçamos nem um pouco para compreender. Contudo, qual de nós tem coragem para encarar uma jornada semelhante a deles, trabalhar com pouco provimento de recursos adequados e ainda ter de atender centenas de pessoas por dia (grande parte apenas atrás de atenção), emburradas por causa do atendimento lento. Pior! Mais emburradas ficam quando o médico lhes atende muito rápido, mesmo ele diagnosticando corretamente!

O programa Mais Médicos, da forma como está, é uma feitiçaria sem tamanho! Querem que, como por encanto, os problemas com a saúde sejam amenizados, mas nada fazem de concreto pela estrutura do atendimento aos necessitados. Talvez seja por isso que tenham lutado tanto para trazer os médicos cubanos. Estes já estão acostumados com situações tão precárias quanto as que encontrarão por aqui. Ainda tem o agravante de que não poderão se rebelar contra estas condições! Não poderão construir uma carreira em solo brasileiro, pois estão separados de suas famílias, não terão direito a reivindicar absolutamente nada, já que não poderão participar de nenhuma associação ou órgão de classe, o visto que receberam não lhes permite exercer outra profissão fora da que está estabelecida em contrato com o governo cubano e não poderão "desertar" sob risco de serem deportados de volta para a ilha paradisíaca. Afinal, aqui só temos simpatia por terroristas como Césare Batisti, cubanos infelizes, nós os devolvemos como os atletas durante os Jogos Panamericanos do Rio!

Encerro desejando que os médicos cubanos encontrem em solo brasileiro, ao menos o respeito a sua condição por parte de meus compatriotas, já que respeito a sua profissão, nem mesmo o nosso governo demonstra ter.

2 comentários:

  1. sou médica do SUS, 12 horas dia e adorei seu post. Pena que os médicos cubanos aceitem trabalhar em um país rico que tem medicina rica para ricos e paupérrima para pobres, eles não devem ser comunistas aceitando e compactuando com esta diferença de tratamento social. Nós médicos nos revoltamos, denunciamos e estamos sendo retalhados pelo governo que colocou a opinião pública contra nós.

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    1. Senhora TaniaCPM, eu tenho convenio que esta entre um dos quatro melhores, não enfrento fila, faço os exames que preciso, mas tenho um péssimo atendimento por parte dos médicos Paulistas. Não sabem conversar, tem o rei na barriga e pouco conhecimento técnico ja que nem um exame sabem olhar e explicar ao cliente. Um deles chegou a dizer que vitamina D não faz diferença para o corpo, quando qualquer imbecil sabe que é um hormônio e capta calcio para depositar nos ossos. Outro que um entupimento registrado em tomografia na aorta ilíaca; estenose se preferir, nada significava.
      Imagine senhora o que acontece na periferia, falar mal de Cubanmos e tentar defender os médicos do Brasil não cola mais com os Brasileiros, principalmente os sofridos. Eu vou a outro pais para resolver meu problema, mas e os que tem entupimentos na periferia como ficam???????

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