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Vá em paz João Osvaldo Zago!

João Osvaldo Zago - Um Asno
Ando refletindo... Para alguém que não gosta de aparecer em velórios, tenho comparecido a muitos ultimamente! Hoje me despedi de mais um pai de um amigo da velha guarda. Estamos envelhecendo... Todas as partidas, de certa forma, mexem conosco porque nos conduzem ao reflexo de nossa existência. Qual foi a qualidade dos anos que vivemos de fato? A primeira lembrança do senhor João Osvaldo Zago de que me lembro foi quando lhe encomendei um cupim defumado que foi, de longe, o melhor investimento que já fiz em um pedaço de carne. Naquela altura ele ainda residia no bairro Santo Antônio. A última memória dele ainda vivo foi quando mostrou seu talento declamando poemas para que eu os avaliasse no pátio do SISEP, o Sindicato dos Servidores Públicos de Birigui. Um talento que passou despercebido para a grande maioria da população biriguiense. Lembro-me de que na ocasião falei com toda a franqueza de que dispunha que sou uma pessoa muito exigente com relação a produção literária, sobretudo a poesia. Acho mesmo uma ofensa perante Drummond e Quintana o que alguns pensam produzir chamando de poesia. Mas com Zago o negócio foi diferente. Ele próprio era poesia e vida! Tão fanfarrão e hilário quanto o filho Edilson e o neto, Rafael, que vieram a se tornar meus amigos.

Já é a segunda vez que tenho de escrever que um valente humano perdeu sua batalha contra um inimigo que já superei uma vez, o Câncer. Acho mesmo que terei de abandonar meu cachimbo! Ouras coisas me conduzem a reflexão de mim mesmo. É a segunda vez que um amigo dos tempos antigos me adverte que precisamos parar de nos encontrarmos apenas em velórios! Tenho sido um péssimo amigo, reconheço... Nunca deixei claro aos meus amigos o quanto devo a cada um deles, sobretudo, por nossas diferenças, caso elas tenham existido de fato. Nunca os agradeci pelo que cada interação nossa contribuiu para minha formação particular. Ora, se sou hoje uma criatura indesejável para alguns é porque posso ter permitido a desconstrução de uma rede de amigos, mas construí em mim mesmo um forte laço de afeição e gratidão pelo que cada um representou em cada etapa da minha vida. Despedir-me de Osvaldo Zago hoje me obrigou a retornar quatorze anos atrás quando tive que me despedir de meu próprio pai. Sinto que a turma está ficando menor, não porque estivemos afastados tanto tempo, mas porque cada um trazia para dentro do círculo da amizade a sua família e esta está em franca redução.

Não havia como sermos amigos sem termos a referência de cada pai e cada mãe presentes em nossas vivências. Não dá para pensar em um amigo sem recordar a figura paterna ou materna que também nos avaliava e permitia nossa aproximação. Zelo de pais atentos as companhias dos filhos! Cada memória que tenho de minha aborrescência traz também a impressão que carrego da Dona Mariquinha, da Dona Sônia, da Dona Nena, da Dona Maria, do Seu Osvaldo, do Robertão, do Seu Dorival, do Seu Francisco e assim por diante. São também nossos amigos como extensão dos seus filhos! Adeus velho poeta desconhecido... Qualquer frase que eu escreva será deficiente para expressar o respeito e admiração que todos devemos a sua memória. Obrigado por ter nos permitido carregar a sua lembrança jovial e sempre engraçada. Além da sua família, são muitos os filhos você deixa para trás. Filhos da admiração e do respeito que você soube conquistar de cada um de nós.

2 comentários:

  1. Me entristece ler a despedida de quem conversei uma unica vez, foi unica mas o suficiente para o admirar, respeitar e ter o desejo de dialogar com ele outras vezes.
    Diante de seus poemas humorados e cheios de sabedoria me caiu uma enorme nuvem de refletimento sobre a vida... deveria existir mais pessoas como João Osvaldo Zago!
    Meu sentimentos aos familiares e amigo!

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    1. É gratificante poder ler o quão querido foi meu avô, resultado do seu jeito espontâneo, simples, humilde e natural de ser. Nunca se fez. Sempre foi apenas ele mesmo, e isso era o que nos deixava feliz. E não só por ser meu avô, mas acima de tudo, meu amigo. Abraços à todos.

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