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CORONAVÍRUS X BOLSONARO: EMPATE TÉCNICO

Coronavírus X Bolsonaro - Blog do Asno
A família Coronavírus imigrou para se estabelecer e progredir no Brasil. Conheceu o simpático e efusivo povo brasileiro, provou nosso clima deleitável, experimentou nossa vulnerabilidade sanitária, aprovou nossa hospitalidade e decidiu se adaptar e acomodar sua prole de forma a superar todos os outros vírus imigrantes. Não é por menos! Tão poucos lugares no mundo foram tão gentis ao recepcioná-la oferecendo quase nenhuma resistência e ainda contando com a licença de outra exitosa família, os Bolsonaros.

É penoso para mim retomar o propósito desse blog e voltar a escrever sobre a escassez de lideranças pela qual passamos há décadas. Passei doze anos escrevendo contra o que eu considerava o pior governo da história brasileira e contra o fanatismo petista. Ingênuo, não acreditei que pudesse surgir um tipo de fanático ainda mais perigoso e abestado quanto o subproduto bolsonarista. Alertei para essa possibilidade quando me opus a eleição do messias, mas duvidei que pudesse ser pior do que eu imaginava. Neste contexto, direita e esquerda revelam o que realmente sempre representaram: dois lados de uma mesma tampa de bueiro.

Para ganhar uma eleição e sabedor de suas limitações cognitivas ao se expor em um debate com adversários superiores intelectualmente, Jair Bolsonaro soube seguir os conselhos médicos, se submeteu às orientações para repousar devido a facada e não questionou a autoridade daqueles profissionais. Pois, agora que o caso é o risco à saúde dos seus eleitores ele dá uma banana para a medicina e paga de gênio até receitando remédio para a população e contrariando o bom senso científico de que a Cloroquina deve ser submetida aos protocolos antes de ser considerada potencialmente eficaz contra o vírus.

É inútil acrescentar qualquer argumento ao que já foi exposto até agora pelos mais sensatos. Qualquer linha que eu escreva só servirá para despertar o ridículo gremlin oculto nas camadas de estupidez daqueles que ainda se agarram ao mito messiânico que nunca existiu. Eu escrevi antes que Jair, o messias, Bolsonaro jamais seria presidente do Brasil e... Acertei em cheio! O tempo e a história irá nos fazer olhar para o passado com vergonha da oportunidade que queimamos (mais uma vez) ao torná-lo presidente. Esse lapso só serviu para demonstrar que não acordamos para a política e, novamente, meu prognóstico daquele período se mostra mais sólido. Amargaremos mais três décadas até que se ressuscite o país.

Os guerreiros do bolsonarismo se mantém perseverantes na defesa do seu ídolo. Mas, é inútil porque Jair se elegeu presidente para ser o deputado que jamais foi. Ele não surpreendeu em nada e manteve-se fiel ao nanismo que sempre o caracterizou. Porém, como eleito, ele exerce uma liderança influente naqueles que ainda se deixam escoltar pelo símbolo da presidência e essa liderança é perigosa. Nós somos um povo frágil a crendices que ainda se encanta fácil com os truques dos mágicos, com as simpatias supersticiosas e com a intervenção divina que nos protege da nossa própria ignorância. Isso nos torna presa acessível a mitômanos como Bolsonaros e a agressores como o Coronavírus.

Jair não é burro. Se o fosse teria demitido o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Ele é maldoso! Quer ver seu ministro questionado e enfraquecido quando a pandemia revelar sua verdadeira força. Se Jair tivesse demitido Mandetta, o substituto entraria bem no momento em que a curva de mortos explodiria no Brasil e isso recairia sobre sua decisão. Preferiu que a explosão se desse sob o comando de Mandetta para depois culpá-lo e desmoralizá-lo. Ele sabe que essa estratégia vai colar porque somos imbecis e racionalmente medíocres demais para entender seu raciocínio.

Bolsonaro não é responsável pela pandemia, mas eu o acuso de ser a pior referência como líder ao inspirar seus seguidores a fazer as escolhas erradas. Em minha opinião, essa estratégia macabra o torna tão letal quanto o vírus que nos ameaça agora. Estamos realmente entre o bolsonarismo e a pandemia! E essa promessa de desastre para mim é um empate técnico entre as duas forças que, de uma forma ou de outra, irão condenar dezenas de milhares à morte no Brasil. A pior face das duas ameaças ainda irá se manifestar antes que esse ano termine.

Deus não preservou a humanidade nas outras pandemias que o mundo conheceu. Essa tarefa cabe a humanidade com todos os recursos que o Criador nos concedeu. Sendo pessimista, se não aprendemos antes, talvez não seja durante essa tragédia que iremos aprender. Sendo menos pessimista, talvez a família Coronavírus tenha muito mais lições para nos ensinar do que a família Bolsonaro. Torço para que a reflexão pós pandemia seja mais iluminada do que o resultado das últimas eleições para presidente. Que não existam mais bolsonarismos ou petismos no Brasil e sim mais aclaramento das ideias e opiniões.

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