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O Velho e o Presidente ou o Carvalho e o Messias

Confusão - Blog do Asno
Existem dois comportamentos ativos no momento: o dos, vamos assim chamar, otimistas e os negacionistas. Os que apelidamos de otimistas são os que entram em conflito contra os negacionistas. São pessoas que confiam na ciência, na imprensa e na recuperação do país a partir do cumprimento das regras. Posto isso, poderia se afirmar que os negacionistas são representados pela turma que não acredita na gravidade da crise, que despreza os conselhos científicos, que prega o terraplanismo e etc.

A partir dessa comparação, digamos que se aplicasse aqui aquele conceito de que se um copo preenchido pela metade com água lhes fosse apresentado, os primeiros diriam que se trata de um copo cheio pela metade e o segundo grupo diria que está vazio pela metade. Não é bem assim, é apenas um copo, cujo conteúdo é água. Isso significa que ambos os lados podem ter razão e podem também estar errados. Não vejo equilíbrio em nenhum dos grupos e no momento os agentes da imprensa e intelectuais estão mais ocupados em produzir antagonismos do que esclarecimentos.

Li muitos artigos de Olavo de Carvalho e posso atestar, primeiro, que ele escreve bem bragarai (melhor do que fala), segundo, que seus textos anteriores a sua exposição colossal na internet são muito mais bem elaborados e caprichados. Porém, agora que alcançou o status de sábio popular, não tem mais a preocupação e apreço pelas provas e fatos que corroborem o que afirma. O coletivo bolsonarista crava "Olavo falou então é verdade". E não é! Com sua autoridade outorgada pela aclamação do bolsonarismo o velho emite sentenças lacradoras de que seu ponto de vista é irrefutável e "isso não se discute".

A verdade é que o velho tem falado muita merda sem o menor embasamento e acrescenta suas conspirações sem apresentar uma única evidência que corrobore sua fala. Como não se pode provar o contrário nem confirmar seus discursos sem um doloroso trabalho de pesquisa e estudo as bestas acenam com a cabeça concordando e fim de papo.

Em seus comentários o cínico chega ao cúmulo contestando a lotação dos hospitais sem considerar que, em primeiro lugar o atraso na lotação se deve, principalmente, ao dito achatamento da curva e outros fatores de trânsito das pessoas e, em segundo, que ainda não estamos diante do horror que essa pandemia representa de fato. Sua fala irresponsável inspira e incinera os ânimos na busca pelo inimigo oculto que Jair Bolsonaro pateticamente materializa sempre naqueles que divergem de sua demência. Infelizmente, para nós, o velho e o presidente serão refutados pelos fatos muito em breve.

Não estamos falando do risco de extinção da humanidade, mas também não se pode ridicularizar os números das previsões de óbitos. Bolas! Não é pouco se as mortes chegarem a 200 mil no mundo todo por que não estamos comparando o número de mortes do COVID-19 com as outras causas de mortes mundo afora. Estamos agregando essas mortes! Se já morrem milhões por ano por diversas razões, acham pouco se acrescentar mais meio milhão! Essas mortes se somam, não se anulam! Pior é o fato de que a grande maioria poderia ser evitada se realmente estivéssemos civilizados e adequadamente representados por nossos líderes políticos. Como eu disse em meu artigo anterior, estamos olhando para o lado errado!

Sob a influência esquizofrênica de Olavo de Carvalho que ao mesmo tempo que incita a revolução ao povo brasileiro, descamba a nos atacar e declara o quanto somos mesquinhos e incapazes de mudar o o país. O messias conquistou a eleição graças a essa influência. A partir de Olavo de Carvalho os medíocres que jamais leram ou refletiram sobre um único texto filosófico passaram da noite para o dia a ganhar expressão nas redes sociais como ilustres intelectuais. Só que não! São os mesmos abestados de antes que jamais conseguiram parir um único pensamento que fosse próprio deles. 

Tanto é fato que estes sábios cibernéticos reeditaram a mesma estratégia empregada durante o governo petista suprindo a necessidade de nosso presidente por um adversário permanente. Bolsonaro se elegeu através do gatilho do medo e prometeu aniquilar a era do "Nós contra Eles" quando assumiu. Mas, ele percebeu que era muito mais eficaz ratificar essa constante batalha contra o Emmanuel Goldstein (não sabe do que estou falando, vá ler, desgraça).

Acontece que essa estratégia não salvou o Lula e nem o petismo. O otimismo em si é acreditar que o ruído das redes sociais irá passar e a narrativa insistente dos bolsonaristas irá esgotar e enfadar a todos até o próximo pleito. Mas, como ser otimista nesse momento se está claro que não aprendemos nada com o passado e ainda estamos sob o comando de um governo que recorre a milícias cibernéticas (e de milícia a família Bolsonaro entende muito bem).

Meu amigo! Se essa gente é capaz de negar que o homem foi à Lua e pregar que a Terra é plana, serão capazes de recontar a história da pandemia como sendo uma manobra de algum inimigo oculto e por alguns anos ainda teremos uma seita bolsonarista resistindo no esgoto da internet assim como temos os que alegam sistematicamente a inocência de Lula.

O olavismo também já está cansando, mas procurará um meio de se perenizar, mesmo que signifique sacrificar aquele que popularizou seus ensinamentos. Da minha parte, o meu otimismo é crer que a mesma madeira que fertilizou a internet para o surgimento do messianismo bolsonarista no país (Olavo de Carvalho), servirá também como o estrado para a sua aflição até o término do mandato. Quanto aos apóstolos do divino messias... Os verei no ralo na próxima eleição, só não sou otimista ao ponto de crer na ilusão de que quem virá será melhor. Não confio no eleitorado brasileiro.

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