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Crise no sistema de Energia no Brasil não tem fim e crescimento da economia é duvidoso

Guido Mantega - Um Asno
A leitura que faço da declarações sobre o crescimento da economia em 2013 não são tão otimistas quanto a ideia vigente no planalto. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a economia está em trajetória de recuperação e deve fechar com crescimento de 4% no ano que vem, uma vez que as medidas de estímulo adotadas pelo governo ainda não surtiram pleno efeito. É a reedição do que afirmou no início deste ano quando disse que previa um crescimento médio próximo a 4,5% para o ano de 2012, apesar de o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, ter se mostrado pífio ao longo do período. Chutei na época que não ficaríamos acima de 1,8% neste ano e me malharam de lesado a antipatriota. Agora tem gente afirmando até menos!

O caso é que, mesmo com a avalanche de incentivos dados pelo governo, como IPI menor, desoneração da folha e o real desvalorizado, a indústria não demonstrou firme recuperação. A alta ocorrida em outubro foi uma reação aos incentivos, portanto, artificial! Intervenções do governo em determinadas áreas, antes de estratégicas, têm se mostrado equivocadas e neste ponto voltamos a questão de falta de planejamento e má gestão. Mesmo com os crescimentos da economia e do consumo de energia abaixo do previsto as usinas termelétricas foram acionadas e estão em operação à plena capacidade. Mais uma vez, o consumidor arcará com os custos resultantes de um planejamento deteriorado e um sistema energético mal administrado.

O custo adicional para manter o sistema das usinas térmicas fica na casa de R$ 1 bilhão por mês e ainda fica a mercê da evolução da meteorologia e do consumo de combustíveis, ou seja, pode saltar até quatro vezes esse valor. Para agravar o quadro, se não melhorar a média de volume de águas, as térmicas não serão suficientes para afastar o risco de racionamento. O Ministério de Minas e Energia, que já esteve nas mãos de Dilma foi ineficaz nos últimos anos e projetos de geração e transmissão que deveriam estar operativos não estão disponíveis por mero erro de planejamento ou por atraso na execução das obras. Os também caríssimos projetos eólicos, que estão prontos, ainda não foram conectados ao sistema por falta de obras de transmissão. Dez anos após o racionamento devastador de 2002, o sistema energético brasileiro continua em crise e sem boas perspectivas à vista.

Já afirmei antes: geração de energia é ciência e não populismo! Nada avançamos na direção de aprimorar nossos mecanismos para coordenar o planejamento, a execução de projetos e operação destes. O governo é lento na escolha dos melhores projetos e gere mal a implementação destes com prazos e custos sem planejamento e, em contrapartida, as empresas que nadaram folgadamente nos últimos anos com a cobrança indevida na conta do consumidor nada fizeram para otimizar seus projetos e sua prestação de serviços.

Ok... Mencionei a incapacidade do governo em prever resultados econômicos e citei suas intervenções como equivocadas (deveria dizer desastradas). A maneira populista com que o planalto conduz o país fez com que o mercado imobiliário ficasse quase 13% mais alto, fez com que os bancos (pelo menos a Caixa e o Banco do Brasil), sofressem profundamente com a inadimplência causada pela irresponsável e escancarada concessão de créditos e fez também com que a indústria avançasse a passos microscópicos. Novo falso otimismo para o um novo ano que se avizinha.

Há ainda alguns agravantes! Mantega esquece o cenário internacional de depressão, em especial o da União Europeia, que passa por profunda crise econômica, e a decisão chinesa de segurar o seu crescimento. Estes são nossos principais mercados. Ainda que a crise internacional recue e os países se recuperem muito rapidamente, só sentiremos o reflexo no ano seguinte. O Brasil passa por um sério processo de desindustrialização, a inflação continua resistente e será agravada com a alta de preços na cesta básica em dezembro, o endividamento das famílias é recorde e a inadimplência corrói o sistema financeiro do país. O IPI reduzido para os automóveis termina em 31 de dezembro e o setor automobilístico deve encolher no próximo ano. Fora isso, com o desaquecimento de muitas economias ao redor do planeta, as exportações brasileiras deverão diminuir proporcionalmente.

São necessárias mudanças estruturais na economia e não pontuais, mas isso requer tempo e o governo já desperdiçou muito. Alguns segmentos terão grande destaque em 2013, mas outros que demonstravam grande ânimo e expansão sentirão forte retração no período. Associado a tudo isso vem a trapalhada no sistema de energia para coroar o ano. Alguém pagará a conta e, é óbvio, que será a população (novamente).

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