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Roberto Freire: Populismo no setor elétrico

Roberto Freire - Um Asno
Nunca votei em Roberto Freire (PPS), mas que ele tem vários bons momentos de sobriedade, ah, isso tem. Republico o seu texto, não porque ele corrobora o que já venho afirmando desde setembro com relação ao estelionato da Redução da Tarifa de Energia proposta pela presidente Dilma. Transcrevo-o por causa da reação dos leitores. O texto abaixo foi escrito pelo deputado e foi publicado no blog Brasil 247, comentarei ao final.
O governo da presidente Dilma Rousseff anunciou um corte de 20% nas contas de energia elétrica a partir de janeiro de 2013. O anúncio pegou todo o setor de surpresa e levou à queda no valor das ações das companhias geradoras de energia na Bovespa. A jogada eleitoral cobrou seu preço dos acionistas e é certo que o país também pagará caro nos próximos anos. Como em toda economia industrial e moderna, a energia elétrica é setor vital em que erros não são admitidos. A atitude impositiva de Dilma, ao mudar as regras do jogo e editar a medida provisória sem negociar com os interessados, gerou desconfiança dos investidores privados justamente no momento em que o governo depende deles para melhorar a infraestrutura do país.

Para piorar, a atitude desastrada da gestão petista resultou naquele que é o grande temor de quem pretende investir em qualquer setor da economia: o medo de não haver energia elétrica suficiente para a produção no futuro. No aspecto político, a artimanha contra a oposição foi premeditada. Como as maiores geradoras do país são estatais de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, estados comandados pelo PSDB, esses governadores foram colocados contra a parede pela presidente. Ou aderiam à proposta de Dilma e levariam as companhias à falência, ou não aderiam e seriam responsabilizados pelo governo pela não redução das tarifas de energia.
De forma prudente e sensata, as companhias de Minas, São Paulo, Paraná e Santa Catarina não aceitaram o plano. O discurso do PT contra a oposição na próxima disputa presidencial foi desenhado às custas do futuro de nossa economia, escancarando o pensamento imediatista e a falta de planejamento estratégico que marcam o atual governoO populismo petista atingiu o ápice quando a presidente anunciou que, apesar das companhias não aderirem à proposta, o governo garantiria a redução por meio de subsídios financiados pelo Tesouro. Ou seja, todos os brasileiros vão pagar a conta, já que o dinheiro do Tesouro sai do bolso dos cidadãos que pagam seus impostos. Na prática, como o sistema tributário brasileiro é regressivo, os pobres acabam pagando mais que os ricos. Como os mais favorecidos economicamente são os que consomem mais energia, serão as pessoas menos abastadas que pagarão a maior parte dessa conta.
Subsidiar a economia ainda traz problemas adicionais de alocação de recursos, pois torna irrealista o preço dos produtos, consome recursos do contribuinte que poderiam ser utilizados em segurança, educação e saúde, e não resolve a questão da competitividade - já que para bancar o subsídio é necessário recolher mais impostos que tornam os produtos mais caros. Além disso, trata-se de uma enorme contradição, já que nossa política externa vem sendo pautada há anos justamente pela luta contra os subsídios agrícolas praticados pelos Estados Unidos e pela Europa.
O governo do PT age de forma irresponsável para atingir estados governados pela oposição, pensando em seus próprios interesses eleitorais em detrimento da populaçãoQuando os apagões se tornarem ainda mais frequentes por falta de investimentos, a culpa será da presidente da República. Mas quem pagará essa conta somos todos nós, brasileiros.
Minha Vez...
Os destaques no texto são meus. O primeiro apagão a gente nunca esquece e ele aconteceu bem no final do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, nesse ponto não discordo dos luláticos, deixou muito a desejar porque estava mais focado na sucessão do que na manutenção do que haviam conquistado. O apagão ocorreu por razões simples: falta de planejamento do setor, má gestão e falta de investimentos. Curioso é que, só em 2012, tivemos 6 apagões enormes e com as mais variadas desculpas que envolveriam o místico clima brasileiro, mas as razões são as mesmas que antes da era de ouro do divino Lula: má gestão, falta de planejamento e de investimentos para o setor! Pelo menos o deputado se lembrou de mencionar que o estado de Santa Catarina, governado por Raimundo Colombo (PSD), também rejeitou o golpe, coisa que, convenientemente, todos os outros se esquecem de mencionar porque não se trata de um governo tucano! 

O que me perturbou ao ler o texto de Freire foi a reação dos leitores manifestada na área de comentários do site (que é progressista, diga-se de passagem, e fartamente financiado por uma estatal brasileira: Caixa Econômica). Não existe uma só mácula que pese sobre o nome de Roberto Freire, mas como ele se posicionou contra o golpe do governo, logo passaram a chamá-lo de político corrupto, inútil, ladrão, safado e invejoso do sucesso de Lula. Ainda serpenteiam no equívoco de que o "erro" da cobrança indevida nas contas de energia teria começado na gestão de FHC e seria corrigido pela presidente Dilma. Menas! Passaram-se 11 anos!

Freire, num arrombo de lucidez, agride ao pensamento daqueles que pedem um estado cada vez mais a "favor do social", mas se esquecem de onde vem o financiamento para que o social aconteça. Freire deixa bem claro de onde virá: impostos! O governo não possui receita própria, senão a arrecadação de impostos. De um jeito ou de outro nós pagaremos a conta pela má gestão do estado, pela falta de investimentos no setor e pela prática de planejamentos imediatistas. O governo poderá até baixar a tarifa de energia, o que para nós, simples mortais e súditos, ainda embriagados pela era de ouro do lulismo, não representará mais do que 10%. As razões são simples: como não houveram investimentos para as hidroelétricas, faremos uso das termoelétricas, cujo valor da energia gerada é cinco vezes maior, o que derrubará o desconto que chegaria a pouco mais de 16%. Verdade... A merda começou na gestão tucana, mas, pelo amor de Deus! Já se passaram mais de dez anos...

Um comentário:

  1. Subsidiar a economia ainda traz problemas adicionais de alocação de recursos, pois torna irrealista o preço dos produtos, consome recursos do contribuinte que poderiam ser utilizados em segurança, educação e saúde, e não resolve a questão da competitividade - já que para bancar o subsídio é necessário recolher mais impostos que tornam os produtos mais caros. Além disso, trata-se de uma enorme contradição, já que nossa política externa vem sendo pautada há anos justamente pela luta contra os subsídios agrícolas praticados pelos Estados Unidos e pela Europa.

    Interessante esta passagem, embora não concorde com o Sr. Freire, vejo uma coerência, é um liberal convicto!!
    Só que as políticas liberais que tanto defende (e que em um dado momento de sua carreira foi antagônico), são uma falácia.
    O liberalismo não vê solução no Estado intervindo isso incluindo educação e saúde.
    Observa também que os Estados Unidos, os liberais dos liberais são os mais fariseus dos fariseus...
    Possuem políticas de forte protecionismo econômico.
    O sr. Roberto Freire serve como a água benta com que o padre abençoa a irritação da aristocracia...

    Renato

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