Últimos Artigos
recent

O Barril de Lafargue: A caixa foi aberta!

Movimento Passe Livre - Um Asno
Inicio hoje uma série de artigos para dissecar e registrar todos os fatos desencadeados e que ainda surgirão a partir da "Revolta dos 20 Centavos". Em vários artigos pregressos relatei sobre o meu temor a respeito do que haveria de ocorrer depois que o Movimento Passe Livre acendeu o pavio de uma nova idade: a Idade das Massas. A caixa de Pandora foi aberta, ou melhor, a tampa da privada foi erguida. Após o recuo das autoridades no aumento das passagens, todos passaram a celebrar uma vitória como aquelas de final de campeonato. Comemorações histéricas, eufóricas e anestesiantes. Não havia campeonato! Não houve uma vitória de fato.

Vapores ominosos deixaram a caixa, antes lacrada. Vapores que despertam um espírito grotesco e bestial ao qual chamamos de massa. A massa não tem forma definida. É um plasma que se reúne sob uma unidade mental incapaz de atos que exigem elevados graus de inteligência. A massa não admite que algo, mesmo que racional, interponha-se entre ela e seu desejo. Quando atinge a ebulição de suas emoções nem o bom senso é capaz de suplantar os mais ordinários sentimentos. Quando a massa é despertada, toda inteligência acumulada pelos anos de construção do conhecimento desaparecem junto com o senso de responsabilidade e, no ente sem forma, resta apenas a estupidez e a barbárie. O movimento da massa fascina e cativa os que o observam. Sua elasticidade seduz aos que não foram contagiados por seu mesmerismo.

A massa tem o poder de diluir o individualismo e fazer o homem regredir vários degraus na escala da civilização. O outro inexiste quando se atinge a massa crítica e o indivíduo diluído se torna um bárbaro agindo por puro instinto que não é o seu, mas o da massa. Os sentimentos que a civilização custa muito a dissipar de sua evolução, tais como a cólera e a fascinação, conseguem, em poucas horas, deitar ao solo o que séculos foram necessários para erigir.

Não podemos ignorar que os erros e defeitos do sistema político atual levaram os incautos a despertarem o medonho espírito das massas sobre nossas vidas. Não se trata de uma crítica ao sentimento justo de insatisfação que pesa sobre toda a nossa sociedade. Não se trata de censura a expressão viva dessa mesma insatisfação. Trata-se de um alerta para que não destruamos toda a construção de um passado substituindo-a por teses jamais experimentadas e ações sem juízo das consequências. Não importa o quanto se reforme o país, a essência da ordem estabelecida pelos movimentos democráticos pregressos deve ser preservada. A democracia exige que a liberdade encontre seus limites no respeito aos outros indivíduos.

Não podemos deixar que o desprezo ao regime insuficiente de nossa atual política se transforme no desprezo pelo que é justo e perfeito. A revolução diante de nossos olhos não possui a sabedoria por censor dos atos e é a rivalidade entre as loucuras que se procuram e se misturam no meio da massa que tornam a sua ilusão mais terrível e destrutiva. Não há como se moderar as massas e apenas consequências cruéis resultam de sua sedição. A liberdade para se manifestar deve ser preservada. O direito de ir e vir do cidadão deve ser respeitado. Não se pode permitir que ímpeto pela mudança subtraia do objetivo o seu mais importante princípio. O método para se chegar ao objetivo deve ser planejado, medido e controlado.

Que sejam os eventos de vandalismo, saques e depredações uma anomalia a ser considerada pelos que agitam o frasco da democracia. Como anomalia, deve ser estudada em suas causas e seus efeitos. Uma das causas mais contundentes dessa anomalia é a ausência de uma liderança bem definida. Líderes que realmente carregam em sua personalidade a capacidade de inspirar pelo modelo e visão mais acurada dos fatos, podem conduzir as mudanças de forma ordeira e em harmonia com os direitos alheios. Que as futuras manifestações ocorram em parques, praças, estádios e em dias que não condenem as cidades ao colapso. Do contrário serão tudo, menos pacíficas, pois agridem o indivíduo alheio as massas.

Nenhum comentário:

1 - Qualquer pessoa pode comentar no Blog “Um Asno”, desde que identifique-se com nome e e-mail.
a) Em hipótese alguma serão aceitos comentários anônimos.
b) Não me oponho quanto à reprodução do conteúdo, mas, por uma questão de responsabilidade quanto ao que escrevo, faço questão que a fonte seja citada.

2— Não serão aceitos no Blog “Um Asno” os comentários que:
1. Configurem qualquer tipo de crime de acordo com as leis do país;
2. Forem escritos em caixa alta (letras maiúsculas);
3. Estejam repetidos na mesma ou em notas diferentes;
4. Contenham insultos, agressões, ofensas e baixarias;
5. Reproduzam na íntegra notícias divulgadas em outros meios de comunicação;
6. Contenham links de qualquer espécie fora do contexto do artigo comentado;
7. Contenham qualquer tipo de material publicitário ou de merchandising, pessoal ou em benefício de terceiros.

Tecnologia do Blogger.