A história da Ficha Limpa tem embriagado muito gente e já virou fetiche nas frases dos militantes. Já afirmei aqui que tenho certa simpatia a pessoas que conquistaram seu patrimônio por esforço próprio, sem com isso, acumularem fortunas através da política. Sei que alguns de meus leitores acham normal e até meritoso que um político que dedique grande parte da sua vida à política tenha o direito de enriquecer com isso. O fato de um político ter acumulado um patrimônio de dar inveja a qualquer empresário de sucesso, tendo como base apenas seus rendimentos, no mínimo traz a seguinte questão: dedicando-se tanto para, inteligentemente, aumentar seus ganhos, como se administraria o tempo para se dedicar a vontade de seus eleitores?
A Ficha Limpa, embora seja um avanço maduro na direção correta para o pleno exercício da democracia, não garante em hipótese nenhuma que o candidato eleito não venha a adquirir vícios que prejudiquem o erário público, nem tampouco, garante que o mesmo jamais tenha feito ações questionáveis, ou mesmo ilegais. Existem muitas brechas, recursos e macetes para se dar um "perdido" na burocracia e nas leis que dificultam a pilantragem. Quanto mais velha de casa, mais "sábia" se torna a raposa! Para isso existe as eleições de quatro em quatro anos para os cargos. Vejo gente celebrando demais a questão da Ficha Limpa como se esta servisse como certificado de idoneidade do candidato. Existem milhares de candidatos em situação lamacenta, mas sem nenhuma condenação, o que lhes facultam a Ficha Limpa. Sem citar casos clássicos como o de Paulo Maluf que tem ordem de prisão e sua foto distribuída nos aeroportos de 180 países, mas no Brasil, trabalha tranquilamente no congresso.
Importante mesmo seria se os candidatos, ao invés de celebrar que são muito espertos e dificilmente pegos, divulgassem publicamente suas declarações de renda (não aquela declaração patrimonial fajuta do TRE). Ainda assim, seríamos facilmente ludibriados por um clássico recurso de transferir os bens para o nome de terceiros. Confiança na política se dá através de fatos, dados e exposição franca do quanto se enriqueceu com ela, não com discursos e a defesa cega dos militantes.
Meu amigo Benute Gracino dos Santos, em seu brilhante artigo na Revista Realidade, disse bem: "Continuísmo não é eleger o candidato da situação indicado pelo prefeito, ou eleger os atuais vereadores. Continuísmo é eleger a mediocridade política. Pessoas despreparadas e sem o dom para trabalhar pelo próximo, mas com o fiel propósito de se perpetuar no poder".
Quando declarei meu voto a outro candidato que não o
Pedro Barnabé, recebi muitos emails desapontados.
Já declarei minhas razões e reitero: Pedro seria minha opção, em caso contrário, porque acredito em seu caráter, mas pretendo apoiar alguém que já demonstrou seu interesse pelo próximo dentro da política. Não aprovei a maneira como Barnabé foi introduzido no cenário, mas não questiono sua índole.
Desprezo as intenções aventureiras de candidatos sem a menor maturidade para o executivo. Desprezo a política do auxílio a indivíduos isolados como fonte de votos. Desprezo, ainda, as manipulações sujas e irresponsáveis de certos candidatos e apoiadores que lançam mão de expedientes midiáticos, afim de macular a imagem política do adversário. Meu voto é sim, estudado e planejado segundo meus princípios. Ademais, acho que a administração atual trabalhou bem pela cidade e é hora de alguém trabalhar pelos cidadãos.
Por Nilson Alves de Souza
A ficha suja dos políticos é lavada com a água benta com que o padre abençoa a irritação da aristocracia...
ResponderExcluirConcordo que não é um mecanismo que vá vetar a politicagem, não obstante, é ainda um meio, mas não um fim em si...
Não tem que por igreja no meu de politica
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