Últimos Artigos
recent

Desafios para a Sociedade e os Políticos Eleitos: Educação

Educação das Crianças - Blog do Asno
Inicio uma série com provocações quanto aos temas que realmente importam aos cidadãos comuns, bem como o tipo de resposta que esperam dos seus representantes eleitos. Tratarei exclusivamente desses temas por que são eles que estão ao alcance da administração municipal e muito próximos do campo de poder e de ação dos munícipes. Farei uma abordagem superficial, porém prática, sobre a Educação, o Lazer, a Segurança, a Cultura, o Emprego e a Saúde. Desde já, afirmo categoricamente que os problemas que orbitam esses temas não são causados pela falta de verba e qualquer um pode confirmar isso apenas acompanhando mais de perto como eles são tratados por agentes políticos. Vou começar pelo tema Educação já que todos, sem exceção, concordam e afirmam que é uma prioridade e que seria através de uma revolução nesta área que mudaríamos os rumos da nossa história.

Para começo de conversa quando o tema é Educação todo mundo arrota alto e bate na mesa que essa é a maior prioridade e que só através dela poderíamos conquistar a qualidade de vida que todos almejamos. Ééé... Maisszoumenusss! A falácia não está na afirmativa de que a Educação é a saída e, sim, no quanto nos envolvemos na busca por soluções para esse problema. E, nesse ponto temos um problema monumental de desvio de caráter da maioria que abraça esse discurso. Antes de descer o sarrafo em mim sem terminar de ler minhas considerações, um alerta! Fui da área e ainda continuo envolvido profundamente. Recorro a um clichê óbvio, mas nunca excessivo quando repetido: Educação não ocorre apenas nas escolas! Os primeiros a falhar no processo amplo da educação são os pais. Conversa fiada esse troço de que os trabalhadores não possuem tempo para dedicar com qualidade para a educação de seus filhos. Têm tempo de sobra para desperdiçar com as novas tecnologias, a TV, as futilidades da vida moderna e a liquidez das ideias medíocres. A educação não é mais prioridade quando estamos em casa?

O próximo a falhar nessa cadeia de desastres é o poder público que atenção alguma dirige para as atividades auxiliares no desenvolvimento humano. O Brasil esta entre as 10 nações que mais investem em educação no planeta, mas todos os anos somos condecorados com o último ou penúltimo lugar entre 80 nações avaliadas. É verdade... A educação pode mudar o rumo da história de um país. Basta olhar o que as nações asiáticas conseguiram produzir de riquezas nas últimas décadas (inclusive para sua população) apenas dando enfoque maior a educação. Conhecimentos que enriquecem nações são patrocinados nesses governos, mas no Brasil não são estimulados. O negócio aqui é estudar humanas e se tornar sindicalista ou um desses produtores intelectuais que nada acrescentam ao PIB nacional. Se algum político sinaliza algo na direção de otimizar espaços mal aproveitados, medir a qualificação dos professores ou reformar a grade curricular do ensino se dá muito mal porque educação, de fato, só é prioridade no discurso e em conformidade com a visão distorcida de certa camada de intelectuais.

Para os professores (não todos), a prioridade se traduz em salário. Ora! Claro que considero o salário do professor algo abaixo do ridículo no Brasil. Porém, contudo e, não por muito, entretanto, 60% dos professores da rede pública brasileira não deveriam ser autorizados a ministrar aulas nem para galinhas (me perdoem os galináceos). Governo algum consegue mudar essa realidade e nesse quesito qual é o comprometimento com a "prioridade" por parte dos responsáveis pelo processo de edução das qualidades e potencialidades dos nossos cidadãos? Educação virou produto e perdeu importância. Basta ver como se multiplicaram as universidades e o tal acesso a cursos através de programas que nada melhoraram na formação dos universitários. Realmente... Nunca se teve tanta gente entrando nas faculdades e também nunca tivemos tanta gente com diploma sem saber ler, escrever e refletir sobre o que lê ou escreve. Por outro lado, perdemos a conta de quantos cientistas valiosos foram para outras nações, não porque estavam insatisfeitos com o salário, mas, sim, com as condições para realizarem seus projetos e pesquisas. Aqui, só os amigos da corte conseguem patrocínio para suas invenções e, na maioria das vezes, são perda de tempo e dinheiro dos contribuintes.

Se for enumerar todos os problemas com suas devidas justificativas, terei de dedicar o resto da minha vida apenas escrevendo a respeito. Fui rato de laboratório quando a moda era o Construtivismo e de lá para cá só vi os especialistas em educação se perderem ainda mais. Todos aguardam uma resposta do poder público para esse problema, mas não está lá! O poder público peca por gerir muito mal a verba para a educação. E isso é culpa nossa... Peca por dar ouvidos a certos "especialistas" da última hora. Também é culpa nossa porque nos omitimos no debate. Peca também por fazer a interpretação errada do processo de educação. Mas, não é ele o verdadeiro vilão nessa história. E nós (todos)? Qual o nosso papel nesse processo? Melhorar o rendimento dos alunos em sala de aula é teta! Para resumir, a resposta para o problema do aprendizado nas escolas já foi dada por um educador de primeira linha que perdemos não faz muito tempo. O Professor (tem que ser com letra maiúscula mesmo) Pierluigi Piazzi já deixou o seu legado que deve ser multiplicado em todos os professores. Isso resolve o problema com o aprendizado. E o interesse dos alunos?

Como estimular um aluno para que se torne um estudante? Onde estão aqueles mestres inspiradores que só encontramos uma ou duas vezes na vida, senão, apenas no filme com o Sidney Poitier! O ECA (Estatuto do Aborrecente) foi uma revolução em partes importantíssimas da nossa sociedade, mas também nos condenou a um ciclo de atraso. Passou da hora de gente séria revisar aquela bosta. É nos municípios que a grande revolução pode acontecer e esse é um desafio para os prefeitos elegidos que estarão investidos dessas obrigações a partir do próximo ano. O problema não é de difícil solução, mas é complexo! Complexo por que os solucionadores se distraem constantemente no fogo cruzado dos interesses envolvidos. Não basta ao prefeito ter o poder para fazer, tem que ser capaz de convencer a população e os professores de que somos todos responsáveis por essa nódoa infame da nossa história e que somos os agentes que podemos mudar isso.

Vou dar uma dica aos professores! Daqui a 30 anos o salário de vocês ainda será uma merda. Até quando vão se manter engajados nessa estratégia nada inteligente contra o Estado que nada mais poderá fazer, senão aumentar tributos e pesar ainda mais sobre os cidadãos já sem paciência. Já faz tempo que a própria sociedade deixou de ser simpática a causa de vocês e a cada ano a apatia aumenta. Um lixeiro deixando de executar suas funções incomoda mais do que vocês! Para essa categoria existem duas opções: não escolham o magistério como profissão ou tornem-se vitais no processo educativo. Perder para o Google é uma vergonha, ainda mais porque o Google é o pior dos professores. Não é obrigação de ninguém motivar a outrem! Se não são capazes de extrair os motivos para continuar no processo, peçam para sair... Os 40% que são compostos por regulares, bons e excelentes professores são prejudicados, ofuscados e condenados a mediocridade graças aos abundantes maus profissionais. Concurso público uma ova, títulos é o cacete! Méritos e resultados já!

Quaisquer bons profissionais devem ser bem recompensados por seus resultados. Lugar de mal profissional é na reciclagem. Precisam aprender bem antes de decidirem por ensinar. E a outra ponta desse processo, os pais? Já tentaram refletir quanto aos porquês da evolução da violência em sala de aula por parte dos alunos? Não faz muito tempo se eu levantasse a voz para um professor levava uma reguada de 60 centímetros na moleira! E ai de mim se contasse aos meus pais! Hoje os pais vão tirar satisfação com o professor se o filho apenas receber uma reprimenda. Muitos pais pensam que filhos são propriedades e tentam reproduzir neles as suas aberrações psicológicas. Quando são convocados a sua real responsabilidade são os que mais atrapalham o processo. Não participam de reuniões, não corrigem os desvios identificados pelos professores em seus filhos, não avaliam o trabalho dos professores e nem se dão ao trabalho de entender o que o professor esta realizando com eles. Pior! Reclamam quando os professores passam muitas tarefas, tiram a autoridade dos professores tornando seus filhos verdadeiros manjaleis em sala de aula e se omitem na parte mais importante do processo da educação: a formação do caráter dos seus filhos.

Aos prefeitos que assumirão suas respectivas cadeiras em 2017, devo adverti-los de que de nada adiantará criar uma Secretaria da Educação forte e conduzida por um Secretário escolhido a dedo entre seus pares se o diálogo não for criado. É como fazer a jogada sem combinar com os russos! Aqueles que mais gritam "educação é prioridade" serão os mais aguerridos contra quaisquer boas iniciativas do poder público. Na atual cidade onde me encontro, algumas iniciativas merecem elogios, tanto na parte que corresponde a estrutura, quanto na que considera o papel dos profissionais envolvidos. Outras ideias ainda por serem implementadas podem agregar muito a pasta. Porém... É mais do mesmo! Se os pais não forem educados, se os professores não forem convencidos e engajados, se o diálogo não for eficiente e não existir um programa auxiliar que suplemente as atividades educativas... É só mais dinheiro que vai ralo abaixo! Profissionais da educação... Descubram a missão de vocês!

Nenhum comentário:

1 - Qualquer pessoa pode comentar no Blog “Um Asno”, desde que identifique-se com nome e e-mail.
a) Em hipótese alguma serão aceitos comentários anônimos.
b) Não me oponho quanto à reprodução do conteúdo, mas, por uma questão de responsabilidade quanto ao que escrevo, faço questão que a fonte seja citada.

2— Não serão aceitos no Blog “Um Asno” os comentários que:
1. Configurem qualquer tipo de crime de acordo com as leis do país;
2. Forem escritos em caixa alta (letras maiúsculas);
3. Estejam repetidos na mesma ou em notas diferentes;
4. Contenham insultos, agressões, ofensas e baixarias;
5. Reproduzam na íntegra notícias divulgadas em outros meios de comunicação;
6. Contenham links de qualquer espécie fora do contexto do artigo comentado;
7. Contenham qualquer tipo de material publicitário ou de merchandising, pessoal ou em benefício de terceiros.

Tecnologia do Blogger.