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O uso inteligente das mídias sociais

Rádio Na Pior - Blog do Asno
Ao longo desses 1.657 dias em que meu blog está ativo experimentei todo tipo de sensação. Nunca havia passado por minha cabeça produzir conteúdo para ser consumido por outras pessoas, mas já ultrapassei a barreira de 1 milhão de visitas e isso me obriga a conduzir o que faço com certa responsabilidade. Sou duro crítico do comportamento nas Redes Sociais e as consequências nocivas sobre a vida de cada usuário desse universo líquido. Cada vez que vejo alguém deslizar o dedo sobre a tela de um celular ou ligar um computador para se conectar a essa existência paralela, vislumbro uma cortina que encobre a realidade da qual essas pessoas querem fugir, ainda que a fuga lhes conduza a um mergulho profundo na ilusão. Nos últimos dez dias, pelo menos quatro pessoas me aconselharam justificando o que seria uma crítica construtiva. Diziam que meus textos eram extensos demais e carregados de uma linguagem inacessível à maioria das pessoas. Diziam também que eu poderia atingir muito mais audiência se reduzisse o "nível intelectual" dos meus textos. Meu Deus, eu envelheci! Não faz muito tempo, creio eu, a maior batalha dos profissionais da educação era no sentido de fazer com que as pessoas lessem mais e fossem capazes de escrever com qualidade. Atualmente se acredita que informação deva ser transmitida com velocidade e consumida sem digestão. Eu não acredito nesse mundo e não culpo as redes sociais por essa degeneração do pensamento humano.

É preciso muito cuidado porque essa ilusão comunitária e o sentimento de inclusão distorcem o que acontece a nossa volta enquanto estamos conectados. Nós criamos a tecnologia para superarmos nossos limites e não para sermos dominados por ela. A grande massa que se dilui nesse lodo virtual não percebe que a maravilhosa internet transformou-se numa ferramenta de marketing para favorecer a alguns poucos indivíduos que precisam tornar rentáveis as suas estratégias. Facilitamos a vida deles... Não precisam mais nos seduzir, já fomos subjugados. As redes sociais poderiam acelerar o progresso da humanidade favorecendo o surgimento de comunidades formadas para construir conhecimento. Grupos de estudos em diversas áreas poderiam se multiplicar e reunir diversas mentes com suas criatividade e imaginação particulares. O individualismo encontrou mais uma maneira de agregar outro problema ao ser humano. Agora nós somos incapazes de percebermos o quanto estamos nos isolando socialmente, mentindo para nós mesmos e a uma plateia que não esta prestando atenção. Nos perdemos entre cliques e likes. Roubamos de nosso próprio Ser um tempo enorme e precioso do auto desenvolvimento. Temos dedos ultra velozes e cérebros atrofiados. Compartilhamos momentos que não sabemos aproveitar. Editamos e exageramos ansiando por uma adulação. O mundo todo tem se ocupado demais e começamos a viver uma espécie de silêncio. Ninguém mais tem coragem de iniciar um diálogo com um estranho numa fila. Ninguém desfruta mais o prazer de vislumbrar a beleza abundante a nossa volta. Todos temos de verificar nossos aplicativos, conferir nossa popularidade e inflar nossa vaidade.

Estamos nos tornando antissociais. Não mais nos satisfazemos ao nos envolver com os outros e nem conseguimos nos olhar de verdade. Logo a tela magnética do celular nos rouba a atenção. Aldous Huxley enganou-se feio! Nosso admirável mundo novo é bem mais assustador. Não chegamos ao cúmulo de sermos "fabricados" sob demanda, mas nos deixamos substituir facilmente por pequenos aparelhos que se acendem quando os tocamos. Celulares já se tornaram guias, professores, facilitadores, amantes e até pais! Mães e pais não são mais capazes de atrair a atenção dos filhos sem lhes oferecer o celular como substituto para sua falência parietal. Os parques e as praças estão aos poucos se esvaziando. Temos uma geração com telefones inteligentes e pessoas burras. Finalmente alcançamos o estágio que nos permite sermos denominados idiotas no perfeito sentido da palavra. Ainda há tempo para recuperarmos o real significado da palavra conexão. Ainda há tempo para compartilhar o momento perfeito apenas com as pessoas que foram responsáveis por ele e não com centenas que não estão interessadas. Ainda podemos fazer melhor uso dessas ferramentas impressionantes para tornar melhor nossa experiência de vida.

2 comentários:

  1. Eu gosto muito dos seus textos. Vc é inteligente e sabe se expressar como poucos, mas o que me desagrada são os palavrões. De repente, no meio de uma linguagem coerente e de alto nível, lá está um palavrão. Fica meio estranho e algumas vezes desmoraliza o próprio texto.
    Também é uma contradição com as regras do blog que não permitem insultos, agressões, ofensas e baixarias. Palavrão ofende o leitor, por mais que muitas pessoas considerem que ele faz parte do dia a dia. Pode até fazer no de alguns, mas não de todos.

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    1. Bom dia e agradeço por sua cortesia em deixar seu comentário no meu blog. Não há contradição com relação as regras. Os comentários são absolutamente livres. Inclusive, ainda permito as ofensas dirigidas a minha pessoa. O que limito são os insultos a outras pessoas que comentam os textos. Já escrevi minha opinião sobre os palavrões e esta registrada neste blog. Impropérios fazem parte da linguagem há mais tempo do que pode sondar a história e, antes de serem evocados como um desabafo, funcionam muito bem para provocar reações. O que considero grave ofensa é o que vem acontecendo com o desleixo incomum da sociedade em relação aos fatos que determinam nossas vidas. Publiquei dois livros, escrevi 58 artigos em jornais e sites corporativos, ministrei 11 palestras, 4 cursos e tenho 826 textos publicados nesse blog sem recorrer a um único impropério. Passei mais de vinte anos da minha vida falando da maneira como escrevo, inclusive nas circunstâncias cotidianas e também fui criticado por causa disso. Contudo, já estou chegando aos cinquenta e minha inclinação para as boas maneiras tem esmaecido a cada dia. Não me considero uma boa pessoa ou um bom escritor. Utilizo esse blog para registrar o que sinto com relação a alguma coisa e muitas vezes os fatos despertam o pior de mim. Muitos leem o que escrevo, o que me surpreendeu. Quanto a ofender o leitor... Se prestar atenção a parte onde utilizo os palavrões vai perceber que apenas dou energia ao repúdio que sinto com relação a algum fato. Lhe peço perdão por aborrecê-la ou desapontar com minha postura, mas nesse blog eu me desobrigo da função de agradar. Aqui tenho responsabilidades com o que escrevo, mas é o espaço que escolhi para ser livre. Dediquei muito tempo da minha existência para agradar aos outros, mas aqui não é o recinto que eu escolhi para agradar a ninguém. Nem sempre empregarei impropérios nos meus registros, mas não deixarei de usá-los.

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