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Sobre o "Círculo Viciado" de Márcio Bracioli

Birigui - Blog do Asno
Não sou muito fã do jornal Folha da Região. Leio-o por mera obrigação já que em minha cidade não existe jornal impresso. Nunca registrei um único comentário no seu veículo on line até ler o artigo do jornalista Márcio Bracioli publicado ontem. Compartilho o mesmo sentimento de indignação que Márcio. Contudo, discordo de apenas um ponto de seu artigo: a quem devemos atribuir a culpa pelo comportamento dos eleitores no processo eleitoral. Márcio afirma que "a culpa é exclusivamente de quem está no poder". Eu discordo! Ainda assim, foi o primeiro artigo publicado naquele jornal que eu elogiei. Márcio observou corretamente que pessoas com pouco discernimento quanto ao processo eleitoral já estavam enfileiradas nas primeiras horas com seus títulos e carteiras de identidade e outras pessoas, provavelmente, com mais compreensão de como o jogo funciona estavam justificando suas ausências. Nesse último caso considero um ato criminoso para aqueles que justificaram por escolher não participar!

Quando Márcio observou as duas senhoras que discutiam quanto a possibilidade ou não de haver segundo turno em Birigui, ele as desculpou por não terem conhecimento da legislação que determina quais condições uma cidade precisa atender para que exista tal situação. Não, Márcio! Elas são culpadas por não saberem disso. Aqueles que de forma criminosa se abstém do processo eleitoral também são culpados por contribuir com o jogo nefasto criado pelos agentes políticos como forma de perpetuar suas velhas práticas. São criminosos não porque infringem a lei, mas porque contribuem para que esse país permaneça entre os últimos em quase todos os indicadores de desenvolvimento humano e um dos primeiros em carga tributária e corrupção. Aquelas senhoras não são vítimas de nenhum algoz, senão de si mesmas. Os agentes políticos apenas aproveitam-se do nosso comprometimento medíocre com a cidadania. Não são atores diretos, apenas oportunistas. É claro! O sistema Eleitoral foi construído por esses agentes e seus partidos repletos de parasitas, mas a quem cabe a responsabilidade de colocá-los em seu devido lugar?

Os cidadãos que tem "um dia corrido, puxado, cheio de tarefas diárias para cumprir" são os que sustentam a classe de políticos proxenetas. São os seus empregadores e, segundo a Constituição, são soberanos sobre estes últimos. A quem pertence a culpa por desconhecer a arte da escrita e da leitura, senão ao próprio agente que a negligencia. É por causa da ausência do Poder Público e de políticas públicas inclusivas, poderão argumentar alguns. Isso não é justificativa. Nunca se criou tantas formas de esclarecimento quanto ao processo eleitoral desde as Diretas Já como agora. Nunca tantas pessoas se envolveram para denunciar como o "círculo viciado" do jogo eleitoral é construído para nos iludir quanto a democracia e a representação parlamentar. Pior! Nunca foi tão fácil e rápido encontrar tais informações. É questão de opção.

Aquelas senhoras que "no final do dia, já cansadas e exaustas não irão assistir ao comentário de um analista político ou ler algum blog sobre os corredores do poder", supostamente não deveriam mesmo se interessar por tais assuntos. Afinal, aprenderam que política, religião e esporte não se discute. Conversa fiada! Não existem assuntos mais discutidos que estes, além do sexo e da vida alheia. Todo mundo encontra tempo suficiente para dedicar as suas novelas, seus assuntos de comadres onde se reclama do marido ou do filho e seus celulares e tablets com suas muitas inutilidades. Tem mais! Atualmente se uma pessoa quiser saber como funciona alguma coisa basta um clique ou que se peça a alguém mais jovem que o faça por nós. Não é o que acontece. Vejo muita gente interessada nas novas tecnologias e interagindo com os mais jovens para pedir informações. Só que são informações sobre os seus fetiches pessoais. De quem é a culpa por não se interessar por algo? Os parasitas apenas se aproveitam dessa nossa falta de interesse pela política, mas não são eles que nos obrigam a porra nenhuma. São beneficiados pela nossa apatia.

Ao final, Márcio deixa uma questão para refletirmos: "O que fazer?". Há muito o que fazer e o processo é longo. Começa pelo envolvimento de todas as pessoas indignadas como o Márcio para fazer uso das diversas facilidades que temos hoje. Só desse modo venceremos a barreira da ignorância e relutância daqueles que não querem assumir suas responsabilidades nos rumos tomados por nossas cidades e, consequentemente, por nossa nação. Aquelas senhoras são tão culpadas quanto aqueles acomodados que preferem não participar do processo eleitoral. Ambos fazem uma escolha. Escolhem não assumir a responsabilidade e deixar para que outro decida. Usam as mais eloquentes justificativas para a sua falta, mas qual é a diferença entre os que prejudicam a nação conscientes e aqueles que se omitem do mesmo modo?

Essa eleição foi a que trouxe mais candidatos adequados ao legislativo na cidade de Birigui. Nenhum ganhou! Ainda assim, foi a que teve a maior abstenção de votos para os vereadores. Pouco mais de 49 mil votos foram validados para as cadeiras legislativas! Todos aqueles que invalidaram seus votos serão os mais aguerridos críticos dos próximos quatro anos. Já vociferam nas redes sociais contra aqueles muitos que venderam seus votos nessa eleição. Quem teve a pior atitude?

Um comentário:

  1. Olá, boa tarde. Concordo com seu posicionamento. Admito que nós, eleitores, também temos uma parcela de culpa, por nossas indiferenças e por nossas escolhas.
    Sua cidade dispõe de guarda municipal? Você poderia explicar numa postagem, se já não tiver feito, para que servem as guardas municipais? Minha curiosidade advém do fato de que o papel das guardas municipais vem sendo questionado e explorado nas campanhas eleitorais deste ano, principalmente em Fortaleza, capital do Ceará, onde um dos candidatos à prefeito é oficial da Polícia Militar do Ceará, e ele, assim como o seu oponente, nosso atual prefeito, promete reforçar a nossa guarda municipal e oferecer mais segurança à população. Os cidadãos estão cobrando de suas administrações municipais que se posicionem em relação à segurança pública, que deve ser um calo nos pés de muitos brasileiros. Você acredita que os municípios podem atuar na segurança, de maneira a complementar o trabalho que deveria ser, preferencialmente, dos Estados???

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