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Ainda sobre o Voto Nulo e a divisão das ideias

Voto Nulo - Um Asno
Quando redigi, ontem, o artigo sobre a nulidade do Voto Nulo, algumas pessoas se manifestaram democraticamente defendendo sua prática como sendo a única sensata na atual conjuntura política em nosso país. Passemos a considerar então:

Em meu modelo pessoal de governo perfeito, o poder não deve se concentrar nas mãos do povo (ainda porque, isso sempre foi uma ilusão promovida por intelectuais e pensadores "do mais perfeito dos mundos" - fazendo uma alusão ao Cândido e o Otimismo de Voltaire). Não sou adepto de corrente alguma, como já disse em vários artigos. Porém, esse é o regime que decide como será o meu cotidiano, minhas limitações e até minhas aspirações (por mais que algumas pessoas gostem de pensar que são donas do seu destino), portanto, só me resta recorrer a ele na ausência de um que seja menos daninho. A democracia, infelizmente, foi construída segundo a ideia de que a melhor ilusão que se pode criar é a de que as pessoas escolhem seus destinos. Até um mágico sabe que seu truque impressiona mais se o participante voluntário acreditar que foi ele quem escolheu a carta!

Contudo, esse é o sistema vigente e a minha ideia de governo jamais passará de uma utopia. Tampouco o autogoverno pregado pelos anarquistas seria possível. Muitas pessoas apanharam muito e outras até morreram para que o as lideranças do passado concedessem o direito do voto ao povo. Vejam a história das sufragistas, como exemplo. Estas mulheres foram duramente atacadas pelos homens (e até outras mulheres) que não aceitavam o seu direito de participar da "escolha". Obviamente existem razões de sobra para que as pessoas demonstrem sua insatisfação votando nulo. Contudo, é um equívoco que em nada ajuda, pois, favorece ao bandido que almeja assaltar nossos destinos e ainda por cima, com nossa aprovação.

Pessoas acabam votando nulo porque as outras não sabem votar e acabamos por criar um erro que aspira corrigir a outro. Contrariando o jargão popular: existem, sim, postulantes a cargos públicos com seriedade, honestidade, caráter e vocação para ocupar tal cargo e uma parte considerável do parlamento brasileiro (ao menos um terço) se encaixa nestas qualidades. O problema é que honestidade não dá Ibope e não ocupa espaço na mídia, por isso nunca ouvimos falar deles. O próprio Romário, agora deputado, afirmou que até hoje não elaborou um único projeto porque na "casa" eles trabalham com projetos de 12 ou 15 anos atrás!

Não é uma faxina nos parlamentares que devemos nos propor a realizar, antes sim, uma faxina em nossas ideias e comportamentos. Não há o que ser feito, o sistema não vai mudar só porque não gostamos dele. Aliás, ele se alimenta dessa contrariedade! Eleições devem ser tratadas com debates inesgotáveis, discussões com argumentos, não com proselitismo e falso intelectualismo. O parlamento brasileiro é reflexo do quanto somos apáticos, o trabalho pífio dos vereadores biriguienses é resultado do nosso desastroso senso comum em deixar rolar pra ver no que dá. Nossas vidas são resumidas ao destino que escolhemos, na verdade! Uma escolha ruim que nos limita a vontade cega e moldável de indivíduos que votam por causa de um sorriso, um aperto de mão e um discurso inflamado.

Nestas eleições, vários candidatos sérios sairão as ruas pedindo para serem escolhidos para nos representar a partir de 2013. Garanto que nenhum deles será eleito, ou porque não os conhecemos e, portanto, duvidamos de sua seriedade, ou ainda, porque desistimos de participar do pleito anulando nossa escolha. Se, para nós, é difícil pesquisar o caráter dos candidatos, se é penoso analisar as propostas e a coerência deles, se nos falta tempo e ânimo em participar das decisões políticas de nosso modelo democrático, então, antes de condenar o sistema, que se promovam os debates para a sociedade! Isso é legítimo, saudável - pode até ser mais divertido do que discutir o resultado do Brasileirão - e pode contribuir mais do que a abstenção no ato de participar. Boas ideias fizeram um mundo muito melhor (me refiro as boas, vejam lá), porque terminaram em ações consensuais e o consenso é administrado por líderes completos amparados por pessoas ativas que contribuem massivamente para o resultado.

Respeito a decisão de quem, ainda assim, escolher o voto nulo, mas continuarei dando minha contribuição para que, um dia, eles possam recobrar a satisfação em participar de um processo eleitoral aliando, inclusive, suas ações ao meu esforço.

2 comentários:

  1. Só reforçando, voto nulo não anula eleições, portanto, ao meu ver o que deve ser feito é além de reciclar as ideias trocar as peças, os políticos e as fraudas devem ser mudadas constantemente e pela mesma razão. Eça de Queiros, se não impusermos limites em nossos governantes, serão sérios candidatos a tirania. Voz do povo.

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  2. Ainda existe muita gente confusa pensando que votar nulo é não votar ou votar em branco, o que é bem diferente de votar nulo. Na verdade, ao votar nulo, vc está exercendo seu direito de votar, por isso, o voto nulo existe, é legalmente aceito e é contabilizado nas urnas e nas pesquisas. Devemos esclarecer aos que foram ``lavados´´ pelo marketing político, que não estarão fazendo nada anti-democrático, anti-social, que não é imaturidade política e que não estarão deixando de exercer sua cidadania, é um direito de todos como eleitores. Afinal, depois de tantos anos votando, ainda acreditam nessa história de que temos poder para fiscalizar nosso canditato depois de eleito? Ainda acham correto nivelar suas escolhas por baixo votando no menos pior? Vamos dar um basta e um tapa na cara dessa cambada comparecendo em massa às urnas e votando nulo...

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