Por Bernardo Mello Franco e Diógenes Campanha, na Folha. Volto depois.
Ao ser anunciada candidata a vice-prefeita de São Paulo na chapa de Fernando Haddad (PT), a deputada Luiza Erundina (PSB) comparou ontem a eleição de São Paulo à luta de classes e disse que defenderá os pobres no embate com José Serra (PSDB). A ex-prefeita também prometeu buscar o apoio da senadora Marta Suplicy (PT-SP), que faltou a mais um ato da campanha petista. Em discurso de forte teor ideológico, Erundina prometeu retomar o projeto “democrático e popular” iniciado com sua eleição em 1988, quando ainda era do PT. “A sociedade de classes continua tão forte, conflitante, contraditória e antagônica como sempre esteve.”
Ela defendeu a implantação do modelo socialista no país, disse que a classe trabalhadora não deve disputar apenas “espaço de poder no Estado burguês” e afirmou que percorrerá “favelas e cortiços” para pedir votos. “É o socialismo que garante a realização plena do ser humano. É em nome dessa utopia que estamos aqui.”
A ex-prefeita também criticou os meios de comunicação brasileiros e elogiou o governo de Cristina Kirchner na Argentina — que, segundo ela, “avançou significativamente no enfrentamento aos poderosos da mídia”. Haddad, que discursou em seguida, exaltou a escolha da vice. “É um quadro que consegue perceber com muita nitidez as ameaças do obscurantismo que estão sempre espreitando esse país.”
(…)
Minha Vez...
Prefeita da cidade de São Paulo pelo PT entre 1988 e 1993, Erundina saiu do partido em 1997 após anos de desgaste provocado pelo apoio ao governo do ex-presidente Itamar Franco, ao qual o PT fazia oposição. Em seu discurso, Erundina disse nunca ter sido contrária ao partido. “Eu mudei de casa na mesma rua, mas nunca mudei de lado”, afirmou.
Quando os primeiros rumores sobre uma eventual composição de chapa entre o PT e o PSB começaram a circular em São Paulo, no final de abril, uma indignada Luiza Erundina classificou a vinculação do seu nome ao de Fernando Haddad como “um desrespeito”. Sequer consultada pelo PSB sobre a proposta de vice na chapa petista, Erundina ainda avisava:
– Não preciso de emprego!
Para piorar, a ex-prefeita também dizia que São Paulo precisava de um prefeito “que pensasse a cidade para além de quatro anos de mandato”. Haddad seria esse candidato? Para a Erundina do final de abril, não:
– Já governei aquela cidade e gostaria de apoiar um candidato que pensasse nos projetos para além de quatro anos. Mas não vi nenhum com essas qualidades.
Tudo saindo como quer o PT, Erundina terá Paulo Maluf como companheiro na defesa do socialismo e nas perorações sobre a luta de classes. É claro... luta de classes aqui deve se referir a negociação de cadeiras com o planalto em troca de apoios.
São Paulo forma a mais genial e eclética aliança política que sequer o maior dos gênios do marketing político poderia imaginar. O que naturalmente levará à vitoria da disputa eleitoral mais cobiçada do país, a prefeitura de São Paulo.
ResponderExcluirSão tantos acertos políticos em todas as suas áreas, que vai de costuras políticas em pequenos municípios, prefeitura de São Paulo em si, governo federal, aproximação definitiva e concreta do PSB com a aliança governista e, principalmente a demonstração de confiança total do PSB na Presidente Dilma.
De onde naturalmente gerará maior aproximação e virão mais projetos para os estados comandados pelo PSB, e, mais ministérios para o partido.
É de se admirar e repetir para acreditar, em uma estratégia política que seria racionalmente inimaginável, um golpe de sorte, mudar não só a vitória da disputa pela prefeitura de São Paulo, mas todo um quadro político nacional.
Como se fosse um projeto planejado em algum escritório fechado de universidades excepcionais como Universidade Federal de Juiz de Fora, UFRJ ou harvard nos EUA, mas por algum político brasileiro conhecedor profundo de nossas mazelas.
Como se fosse uma tese de doutorado, PHD, com o título, "Passo a passo para mudar a política brasileira de mãos para sempre" ou "Os novos rumos do Brasil" ou mais brilhante ainda "Brasil de pé em solo esplendido".
Como para o PT no início das negociações para a campanha eleitoral de São Paulo perder o apoio de Kassab foi considerado uma derrota fatal.
A surpresa da chegada da surpreendente Luíza Erudina (PSB) como vice de Haddad foi sensacional, e ainda como a cereja do bolo ganharam o apoio do PP paulista. Confirmando a derrota triplamente fatal, do Serra.
Quanto à PSB, planejamento passo a passo em Harvard por quem conhece o Brasil a fundo, acho bom perguntarem a Ciro Gomes se ele teve algo haver com toda essa reviravolta na política brasileira.
Paro por aqui, porque sobre este tema há muito o que conjecturar. Em outra oportunidade volto à ele com prazer, e haverá, um tanto bom. José da Mota.