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Carta ao PT de Birigui

Um Asno
Ontem fui dormir profundamente ferido... Não foram os ataques, não foram as ameaças, não foram as chacotas com meu nome, nem tampouco o desenrolar descontente de mais uma campanha eleitoral que se desenha no horizonte de Birigui, envolvendo todas as figuras e o "jogo de alianças" de seus partidos. Foi a resposta que dei contra a maneira desqualificativa que algumas pessoas adotaram quanto a minha pessoa que me feriu e não a desqualificação em si.

Fui ferido porque, ao responder e ferir alguns, puni também outros, a quem separo profundo apreço e admiração por acreditar em suas convicções e em sua visão romântica de um partido comprometido com os interesses do povo. Reconheço e destaco que em todos os partidos, não apenas o PT, existem pessoas com os mais nobres pensamentos e atitudes. Já salientei em diversos debates que acredito numa grande parte dos parlamentares no congresso, alguns até do PT. Mas repito, deposito minha fé em indivíduos e tenho reservas com entidades que procuram nivelar e regular o pensamento humano, e aqui, extendo esta afirmação a todos os partidos, grupelhos, congregações, tribos urbanas, etc.

Uma vez fui anarquista, defensor do pensamento de Bakunin, mas existem outros indivíduos no mundo e o anarquismo seria, ao final, outra forma de totalitarismo como acabou sendo o socialismo. Nunca fui marxista, acho este trabalho uma leitura muito equivocada do que vem a ser algo muito mais complexo que é o ser humano e que a sua interpretação culminou numa patologia de nosso tempo: a divisão do mundo entre esquerda e direita. A humanidade teria muito mais a ganhar se abolisse a guerra dos "lados" e juntasse as mãos num esforço unido. A ideia de partido exige a defesa do meu "lado", mas, ao final de todo processo, todos nos comportamos como massa.

Vejo que nossos anos de democracia produziram mais do que a ilusão da liberdade, produziram também o proselitismo e as alianças em nome de um bem maior que, segundo o filtro de alguns partidários, beneficia a população. A população está cagando para as correntes ideológicas de intelectuais e pensadores políticos. As maiorias silenciosas, as massas, são resistentes a qualquer forma de organização social total e planejada. Não hesitam em trocar uma manifestação política importante por um jogo de futebol na televisão. Matam-se como moscas em guerras, cujos objetivos simplesmente não lhes interessam e acompanham emocionados os deslocamentos de uma família da realeza ou episódios do Big Brother e A Fazenda.

A partir de uma investigação instigante e demolidora, Jean Baudrillard afirmou que não há poder, não há saber que sobreviva ao efeito corrosivo dessa atuação espetacular das massas. Por que então não se mirar nesse espelho e reconhecer a falência de todos os poderes e saberes que pretendem absorvê-las? Partidos nada mais são do uma admirável conjunção dos que nada têm a dizer e das massas que são silenciosas. Porque considero a militância, seja a qual grupo pertença, um perigo às instituições? Basta ler como se descreve o MAV-SP, o Núcleo de Militância em Ambientes Virtuais do PT de São Paulo:
Quem são os militantes em ambientes virtuais do PT? Como eles atuam, como surgiu o MAV?
Responder estas perguntas nos remete as eleições de 2008 e 2010. A internet foi ganhando um espaço cada vez mais significativo dentro do processo eleitoral. Diversas informações surgiam e ganhavam força nas redes sociais.
O PT virou alvo de ataques, mentiras se propagavam nas redes de forma avassaladora e para combatê-las um grupo de militantes de diversas regiões de SP se uniram e fizeram um trabalho de defesa principalmente da nossa Presidenta Dilma e do nosso então candidato a Governador Mercadante, vitimas de mentiras e armações da oposição.
Diversas ações foram realizadas pelos militantes virtuais no twitter, facebook, Orkut, emails sites e blogs.
Este grupo cada vez mais unido decidiu se organizar de forma a defender o nosso Partido, a levar informações aos usuários das redes sociais, e mostrar a força da militância Virtual.
Diante destas palavras, nada mais justo que um grupo passe a defender seus direitos e interesses publicamente. Contudo, o que acontece de verdade é que boa parte dos integrantes do grupo se dedicam (alguns financiados) a policiar, ofuscar e impedir que outras pessoas o façam em oposição livremente. Quando me posiciono abertamente estou me abrindo ao debate com a devida argumentação e contestação para eventuais falhas em minha análise. Não foram argumentos que recebi, não foram contestações ou questionamento, ou ainda, o diálogo que me cobraram depois de minha atitude.

Com esse artigo não tenho a intenção de minimizar possíveis retaliações por parte de alguns membros da legenda, isso já acontecia antes. Hesitei longamente antes de me pronunciar a respeito da distribuição prematura do Informativo do PT na cidade. Meu comentário de alerta na ocasião foi desqualificado por se tratar meramente de inveja (isso está se repetindo muito ultimamente), de ser fonte de alguém que simplesmente quer se aparecer.

Dentro do PT, pessoas que me conhecem, sabem muito bem que detesto exposição e quem me obrigou a me apresentar foram os próprios comentários de alguns. Um grupo tem privilégios, pois tem em quem se amparar e em que se embasar para protegê-los. Eu, por outro lado, ao assumir minha opinião solitária e publicamente, estou exposto e vulnerável a tudo o que vier de todos os lados. Estou ciente de que minha atitude magoou algumas pessoas que realmente acreditam no que fazem e tem se dedicado por anos a realmente harmonizar suas atitudes com suas crenças. Entretanto, em minha visão de sociedade, um partido não detém a razão sobre o todo, um grupo não representa e não pode estar acima do pensamento coletivo e um governo não pode ser feito segundo a máxima: "aos amigos a lei, aos inimigos, o rigor da lei", quer seja, aos que estão conosco, as palmas, aos que estão contra, às pedras...

Democracia em frações (partidos) também é isto... Quando se fere, também se é ferido. É como cortar a própria carne.

2 comentários:

  1. mas afinal de contas que resposta foi essa??? to curiosa!

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  2. O que fazer então... as políticas e todas as ações dirigidas à massa são um reflexo da mentalidade dessa. Fazer o que nobilis frater divina não se pode mudar a massa, manipulá-la, desvia-la, conduzi-la, talvez mas muda-la abruptamente... não... e o que ocorreu só o fez por que não houve voz alta o bastante para o defender ou enaltecê-lo, mas deveras estais acostumado a isso, não?!

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