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“Veta, Dilma” também pode ser sinônimo de “Fome, Dilma!”


Veta Dilma pode ser Fome Dilma
Não há, e eu vou repetir isso quantas vezes se fizer necessário porque é verdade, nada de “ambientalmente incorreto” no novo Código Florestal. A afirmação é coisa dos cavaleiros do apocalipse de Marina Silva e de ongueiros em geral, financiados por um setor muito atuante do novo capitalismo: o das chamadas energias alternativas. Não obstante, a pressão política é grande, e os petistas vivem com os ditos movimentos sociais uma relação, digamos, dialética: deve-lhes uma espécie de vassalagem moral e os instrumentaliza contra adversários quando necessário. É bem verdade que chamar os ecologistas pançudos — que imaginam que comida nasce nas gôndolas do Pão de Açúcar — de “movimento social” é uma licença e tanto…

Muito bem! Não há nada de errado com o código. Pra começo de conversa, é mentira que haja lá anistia para desmatadores. Se a presidente Dilma Rousseff fizer o que eles pedem — e é bom lembrar que ela não pode fazer tudo sozinha nessa área —, 33 milhões de hectares hoje destinados à produção vão virar mato.

Em artigo recente na Folha, a senador Kátia Abreu (PSD-TO), também presidente da CNA, escreveu:
“Será que é racional abrir mão de 33 milhões de hectares da área de produção de alimentos, que representam quase 14% da área plantada, para aumentar em somente 3,8 pontos percentuais a área de vegetação nativa do país? Essa troca não me parece justa com os brasileiros, pois corremos um alto risco de aumento no preço dos alimentos sem um ganho equivalente na preservação ambiental. Reduzir 33 milhões de hectares nas áreas de produção agropecuária significa anular, todos os anos, cerca de R$ 130 bilhões do PIB (Produto Interno Bruto) do setor. Para que se tenha uma noção do que representam 33 milhões de hectares, toda a produção de grãos do país ocupa 49 milhões de hectares.”

“Como? Você recorre a dados levantados por uma liderança do setor agrícola?” Sim!!!  Sabem o que é fabuloso? Ninguém se atreve a contestar os números. Faz-se de conta que eles não existem. Até parece que o novo código não manterá o país no primeiro lugar no ranking da conservação da vegetação original.  61% do território brasileiro segue e seguirá intocado. Que outro país do mundo oferece tanto à conservação?

“Veta, Dilma!”; “Fome, Dilma!” 
A turma que hoje grita “Veta, Dilma” está pedindo, na prática, “Fome, Dilma!”, “Comida mais cara, Dilma”, “Menos produção, Dilma!”. Ora, vamos ver como anda o mundo — e espero que a presidente não acredite na fantasia de palanque de que o país está “300% preparado para a crise”. Não está.
Vamos ver. A economia chinesa está em desaceleração clara — o que significa um tombo em boa parte das commodities brasileiras. A Europa está em transe. Não se conhecem os efeitos exatos do desastre da Grécia, mas, se o país realmente abandonar a Zona do Euro, a turbulência não será pequena. Os EUA já receberam sinal de alerta de uma possível recessão em 2013. “300% preparados para a crise?” Não! 300% envolvidos na crise — 100% para cada um desses fatores…

A economia já está emperrada. O pacote incentivando o consumo, considerado temerário e irresponsável por 11 entre 10 economistas (o próximo a se inteirar do assunto endossará os outros 10), tenta criar mais uma bolha de consumo para atravessar dias difíceis… A equação está desandando. Há gente influente a afirmar que o Brasil já viveu o seu auge; teria iniciado a trajetória de declínio — sem que tenha aproveitado a bonança para fazer as reformas necessárias…

É nesse cenário que esses irresponsáveis vêm propor um tombo na produção agropecuária brasileira para que o país possa fazer bonito na “Rio+20″, dando provas de bom comportamento no tribunal dos países industrializados? Ah, tenham a santa paciência! Fosse o Código Florestal um vale-tudo em favor da produção, vá lá! Mas essa é uma mentira escandalosa.

Dilma vai vetar, sim
Dilma vai vetar, sim, pontos do Código Florestal. Vamos ver quais. Segundo apurou este blog, e espero que as fontes estejam certas, não deixará as coisas como estão porque seu partido, afinal, deve vassalagem moral ao onguismo nacional e internacional. Mas também ficará distante do que pedem os malucos financiados. O país fatalmente perderá área de produção para “as florestas” — o que é de um absurdo sem-par! —, mas não será o desastre que aquela turma do miolo mole e os pilantras cheios da grana reivindicam.

A presidente está tomando o cuidado, ao menos, de ouvir todos os setores envolvidos, também os da produção. Informações não lhe faltam. Se fará ou não a coisa certa, aí vamos ver. Michel Temer, vice-presidente, confirmou nesta quinta que, conforme o esperado, haverá vetos. Mas, tudo indica, a expectativa dos pilotos de pterodáctilos — “veta tudo” — não se cumprirá.
Texto publicado originalmente às 16h40 desta quinta

Por Reinaldo Azevedo

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